O Espírito Santo começou o ano com mais 777 mortes causadas pelo novo coronavírus. O número desse mês de janeiro é menor que o registrado em dezembro — quando tinham morrido 25 pessoas a mais, totalizando 802 vidas perdidas. Porém, a redução é pequena: de apenas 3%.
A ligeira queda ainda acontece depois de um mês em que os óbitos praticamente dobraram. Ou seja, o patamar continua extremamente alto: janeiro registrou uma média de 25 mortes por dia. Em números absolutos, só ficou atrás de três meses em toda a pandemia, que já dura quase um ano.
Os números utilizados pela reportagem levam em conta as atualizações diárias do Painel Covid-19, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Assim, eles representam as mortes confirmadas e divulgadas ao longo de janeiro, e não todas as que aconteceram, necessariamente, durante o mês.
Para analisar os dados, A Gazeta ouviu dois infectologistas e eles foram unânimes: os óbitos ainda são muitos e não há o que se comemorar. Para o médico Paulo Peçanha, a diferença entre os números de dezembro e janeiro nem é suficiente para falar em uma redução dos índices, propriamente dita.
"Acho que esses números estáveis, em um nível muito alto, deveriam trazer a reflexão sobre a necessidade de se ter um comportamento mais rigoroso em relação aos protocolos de proteção. Essa é a grande arma que temos, até para dar tempo da vacinação ser ampliada significativamente", defende.
No mesmo sentido, a enfermeira Ethel Maciel reforça que "a pandemia não acabou" e que "ainda estamos perdendo muitas pessoas". Segundo ela, há "números altos para o futuro próximo, com uma preocupação extra em relação às novas variantes do coronavírus", cepas que também foram destacadas por Peçanha.
Assim como as mortes, os novos casos de Covid-19 divulgados em janeiro no Espírito Santo também apresentaram um decréscimo em relação a dezembro. Neste início de ano, foram 45.878 confirmações — praticamente 12 mil a menos que o registrado no mês anterior.
Neste cenário, a redução é mais significativa: de 21%. Apesar disso, em números absolutos, janeiro é o segundo mês em que mais pessoas testaram positivo de toda a pandemia. Lembrando que durante a primeira quinzena não foram testados contatos intra domiciliares de positivados.
Na visão da infectologista Ethel Maciel, a diminuição deve estar ligada à menor testagem pelo Governo do Estado. "Precisamos lembrar também que tivemos represamento no Laboratório Central (Lacen). A contagem dos casos é muito sensível ao sistema. Se ele testa menos, temos menos casos", explica.
Da mesma forma, o médico Paulo Peçanha afirma que não se pode concluir que os casos estão diminuindo no Estado apenas por esse número. "Janeiro é um mês de férias, pode ser que a gente tenha tido uma busca menor pelos testes, por parte da população, nesse período", salienta.
A Gazeta acionou a Secretaria Estadual de Saúde para saber a quantidade de testes realizados durante o mês de dezembro e janeiro, assim como a proporção dos que deram positivos, em cada um dos meses. Assim que a reportagem receber o retorno da Sesa, este texto será atualizado.
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