As baleias jubarte saem da Antártida todos os anos, entre os meses de junho e novembro, para buscar águas quentes da costa brasileira durante o período de reprodução. E elas já estão no Espírito Santo. Neste ano, porém, por conta da pandemia do coronavírus, o trabalho dos pesquisadores que acompanham a aventura dos mamíferos foi atrasado em dois meses.
Segundo Thiago Ferrari, coordenador do projeto Amigos da Jubarte, instituição especializada no ecoturismo de observação de baleias, a lacuna na rotina dos pesquisadores, criada pela pandemia do coronavírus, poderá ser substancial para os dados e relatórios emitidos em relação à observação dos animais.
"Preocupou a gente e ainda preocupa, na verdade. Porque a atividade ainda não está liberada. A gente tá aqui com o propósito de desenvolver um protocolo de segurança para os pesquisadores, colaboradores e turistas. Mas é algo que a gente ainda depende de informações externas. O contágio do coronavírus, números de leitos de UTI, a gente ainda depende dessas informações para qualquer possibilidade de retorno em um futuro próximo", disse.
Thiago alertou que ainda há regiões do Espírito Santo em situação delicada em relação ao avanço da pandemia do coronavírus. Ele alegou que há um acompanhamento semanal por parte do projeto para avaliar o possível retorno das atividades. Isso, porém, terá um impacto nos dados coletados pelos pesquisadores.
Para que o acompanhamento das baleias seja possível no período de pandemia, os pesquisadores recebem kits com máscaras especiais, luvas, álcool em gel e alimentação individual. Além disso, a lancha utilizada para o trabalho é totalmente higienizada e a temperatura dos ocupantes é verificada.
Thiago explicou também que o projeto possui parceria com uma empresa especializada em segurança do trabalho e segurança sanitária. Segundo ele, são dois protocolos: um turístico e um científico, e ambos foram baseados em órgãos e instituições referenciadas no Brasil e no mundo.
"Tivemos a Anvisa, a ABNT e até o Governo Federal, através do Selo Responsável, lançado em parceria com os governos dos estados. O protocolo da Associação Brasileira de Ecoturismo e Turismo de Aventura, do qual participamos e demos sugestões. Essa junção de protocolos serve como base para o protocolo Amigos da Jubarte", disse.
Com a redução das atividades econômicas, há menos embarcações no mar e, consequentemente, menos barulho, o que pode favorecer para que as baleias apareçam mais próximas à costa. Thiago explicou que essa diminuição dos ruídos faz com que as baleias se sintam mais confortáveis nos oceanos.
No ano de 2019, mais de mil turistas estiveram no Espírito Santo para observar o espetáculo da aparição das baleias jubarte no litoral capixaba. Este ano, por conta do isolamento social, ainda não há previsão para o retorno das atividades do projeto.
"As atividades turísticas foram impactadas de uma forma abrupta. Nos anos anteriores, tivemos milhares de turistas que visitaram o Espírito Santo para poder observar as baleias. Isso gera emprego, renda e aquece a economia local. Trabalhadores diretos e indiretos são favorecidos, como restaurantes, companhias aéreas, hotéis, operadoras e agências de turismos, proprietários de embarcação, enfim, tudo isso foi afetado. Isso impactou a nossa cidade e outras cidades que fazem o turismo de observação de baleias", alegou.
*Com informações de Fábio Linhares, da TV Gazeta. Imagens de Roberto Pratti.
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