O novo coronavírus pode ter atingido milhões de pessoas durante o carnaval no Brasil, segundo mostra o estudo feito pelo administrador do Hospital Brsurgery, Roberto Carvalho Dias. As projeções apontam ainda que a fase aguda da Covid-19 será em maio no país.
Para chegar a conclusão de que o vírus se espalhou no carnaval, Roberto considerou diversos fatores. Um deles é que o primeiro caso confirmado da doença no Brasil ocorreu no dia 26 de fevereiro, um dia depois do feriado de carnaval. Por conta disso, a pessoa infectada estaria ao menos de dois a 14 dias antes dessa data com o coronavírus, tempo que leva para que os primeiros sintomas apareçam.
O novo coronavírus também foi diagnosticado pela primeira vez no Espírito Santo na Quarta-feira de Cinzas, dia 26 de fevereiro. No entanto, ainda durante o início da pandemia no país, a divulgação deste diagnóstico capixaba aconteceu apenas em 5 de março pelo Ministério da Saúde.
Além disso, o estudo considera que a maior parte dos infectados são assintomáticos, por isso quando apareceu o primeiro caso provavelmente mais pessoas já estavam infectadas pelo vírus no Brasil. Essas pessoas, inclusive, foram para as ruas no carnaval e passaram para mais gente.
Além da subnotificação provocada pela ausência de sintomas, há também casos de doentes sintomáticos que não foram diagnosticados. Para se ter uma ideia, no Espírito Santo, segundo dados do governo estadual, 60% das pessoas com sintomas da Covid-19 não procuraram o serviço de saúde para serem avaliadas por um médico.
Outro fator considerados na análise de Dias é que a primeira morte ocorreu no dia 17 de março, 30 dias depois da confirmação do primeiro caso, tempo suficiente para infecção, manifestação da doença e óbito do paciente.
O primeiro contágio registrado foi no dia 26 de fevereiro, se a pessoa tem até 14 dias para apresentar os sintomas, ela estava contaminada antes do carnaval. Se considerar que essa pessoa representa 1% das pessoas que estavam com o vírus, ela e os outros contaminados transmitiram a doença no carnaval, época de grande aglomeração, diz.
Roberto acrescentou que, pelas projeções até aqui realizadas, tendo como base o número de mortes, o fim da fase aguda da doença, ou seja, quando a curva de infectados no Brasil desce, ocorrerá ainda no mês de maio, podendo se estender por mais 14 dias, entrando em junho.
Na avaliação de Dias, o uso de máscaras, a falta de contato na rua e a melhoria da higiene são suficientes para controlar a doença. Ele argumenta que o colapso do sistema de saúde, apontado como algo novo, não é novidade. É natural que o sistema de saúde entre em colapso porque nos últimos anos houve uma subtração de leitos hospitalares e sucateamentos de hospitais, contou.
No entanto, segundo as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), somente o isolamento social é capaz de controlar a disseminação da Covid-19, medida adotada pela Secretaria de Saúde do Espírito Santo. Segundo o governo estadual, a restrição de contato social é fundamental para evitar que o contágio em massa da população ocorra ao mesmo tempo, o que levaria muitos pacientes a terem um agravamento do quadro clínico e, por consequência, a sobrecarga do serviço de saúde.
Desde o início da pandemia, o governo estadual tem ampliado o número de leitos destinados a pacientes com coronavírus. A previsão é de que, até o fim deste mês de maio, mais de mil leitos sejam usados no tratamento da doença. O Espírito Santo não vive atualmente sobrecarga do sistema. Mas o secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, tem destacado frequentemente, que se a rede pública de saúde no país colapsar, o Estado também será impactado.
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