Neste momento em que o governo do Estado vem impondo medidas que devem ser colocadas em prática pelo comércio, visando evitar aglomerações durante a pandemia do novo coronavírus inclusive com rodízio de abertura de estabelecimentos, a Associação Brasileira de Shoppings Centers (Abrasce) pede que haja tratamento igualitário para os shoppings. As lojas desses centros comerciais já estão fechadas há mais de dois meses e há intenção por parte da Abrasce de, inclusive, entrar com ação na Justiça para discutir a questão.
De acordo com Glauco Humai, presidente nacional da associação, a ideia é, inicialmente, manter o diálogo e questionar as autoridades do Espírito Santo sobre a abertura dos shoppings. "Já há no Brasil 107 shoppings operando, sendo que Brasília deve abrir semana que vem e Curitiba também. Chegaremos a praticamente 150 estabelecimentos funcionando conforme propostas que fizemos", iniciou.
Para o presidente da Abrasce, a proposta realizada pelo governo do Espírito Santo, por meio da qual os shoppings poderiam passar a abrir por setores, em dias alternados, seria de inviável aceitação. Nos moldes da proposta do governador Renato Casagrande, os shoppings seriam autorizados a abrir entre 9h e 15h, de segunda à sexta-feira.
Humai explicou que operacionalmente, a proposta feita no Estado, tornaria muito altos os custos dos lojistas. "Os custos não seriam cobertos pela receita, que acabaria muito reduzida, com a abertura alternada das lojas. O shopping é diferente da rua, a operação é diferente, assim não funciona. Fizemos contraproposta, aceitamos vários termos por um período, mas não nos foi delimitado um prazo. A proposta não encontra parâmetro em outros lugares do mundo, já que em nenhum lugar há esse rodízio de setores, não sendo possível observar se funciona ou não", afirmou.
Como também afirmou em entrevista ao Estadão, o presidente da associação diz que uma proposta de entrar na Justiça é estudada. "Nós não queremos questionar a abertura do comércio, mas a isonomia. Em Cuiabá, nós inclusive entramos com ação judicial, um mandado de segurança. Em Vitória e Vila Velha, estamos primeiro aguardando o governo analisar dados que nós enviamos. A nossa proposta para o governo encontra respaldo em propostas que estão valendo em 55 municípios brasileiros", ressaltou ele.
De acordo com Glauco Humai, a proposta apresentada pelo setor de shoppings visa a abertura entre 12h às 20h, com atenção a um rígido protocolo de higienização, além da manutenção do setor de entretenimento fechado, como é o caso dos cinemas.
"Nós não entendemos como eficaz o rodizio, até porque a frequência dos consumidores seria a mesma. Exigiríamos máscaras, mediríamos temperatura, entre outras medidas. A questão não seria criar um novo modelo, podemos seguir o que já vem sido aplicado há 30 dias ou mais no país. No mundo, são quase 7 mil shoppings funcionando dentro do modelo proposto por nós, que não criamos nada, mas estamos propondo para que possamos operar".
O governo do Estado afirma que criou um plano de convivência para o período de pandemia e que, no momento, não é possível fazer uma proposta diferente da que já foi feita: com lojas abertas em dias alternados e funcionando em horário reduzido, como ocorre com o comércio de rua.
"Entrar na Justiça é direito de qualquer cidadão que se sentir lesado, seja pessoa física ou empresa. Mas nós estamos falando de aproximadamente 20% abertos, a grande maioria dos shoppings do país não estão abertos. No interior do Estado, todos os shoppings estão autorizados a funcionar, mas na Grande Vitória, onde estão a maioria dos casos, fizemos uma regra para o comércio de rua não essencial. Como vou permitir o shopping abrir ao sábado e o comércio não? É difícil justificar. A gente precisa ser coerente e o mais igualitário possível na regra para todos. Não queremos prejudicar ninguém, mas precisamos de uma regra única. E essa é a regra que cabe agora. Com todo respeito aos shoppings, não vou desrespeitar uma regra geral para atender a um setor", afirmou Tyago Hoffmann, secretário de Estado do Governo.
Segundo Hoffmann, nos últimos dias, o Governo se reuniu por três vezes com representantes de shoppings, incluindo a Abrasce. Para ele, o Espírito Santo tem feito um grande esforço para facilitar, dentro do possível, a abertura do comércio. No entanto, o momento pede cautela diante do aumento do número de casos e internações
"Estamos com mais de 80% de ocupação dos leitos, se ultrapassar 90% é possível que a gente tenha que tomar medias ainda mais restritivas. Estamos fazendo um esforço hercúleo de tentar uma convivência o mais harmoniosa possível entre o trato com a saúde e as atividades comerciais.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta