Mesmo ainda sem uma vacina liberada no Brasil, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) já definiu o Plano Operacional da Estratégia de Vacinação contra a Covid-19 no Espírito Santo, aprovado pela Comissão Intergestores Bipartite, e publicado em resolução. No planejamento, são estabelecidas ações para o período anterior à imunização, para a campanha de vacinação propriamente e também para depois que a população for imunizada. As vacinas podem chegar aos municípios em até três dias, assim que as doses estiverem disponíveis no Estado para distribuição.
Coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e Doenças Imunopreveníveis, Danielle Grillo explica que, ainda que a vacina não esteja disponível, é importante que o Estado se organize antecipadamente para que, no momento em que as doses forem liberadas, logo seja feita a distribuição e os municípios já estejam aptos para aplicá-las.
"Conseguimos fazer a logística sem nenhum problema no Estado. Além de certa maneira ser facilitada devido à geografia - o Espírito Santo é pequeno - temos regionais de saúde, com redes de frio descentralizadas para fazer a distribuição a seus municípios. Depois que a vacina chega na rede de frio estadual, em dois, três dias já está nos municípios. Isso facilita a nossa estratégia, sem contar que temos expertise na logística porque trabalhamos com grande vacinação anual contra a influenza (gripe)", pontua Danielle.
Na chamada pré-campanha do plano estadual, estão previstas inúmeras medidas, como fomentar que os municípios organizem os serviços de saúde e as ações de vacinação através do agendamento remoto (via internet ou contato telefônico ) com o público prioritário em cada fase da campanha de vacinação que, a princípio, está dividida em três e vai contemplar mais de um milhão de pessoas.
Danielle Grillo observa que o planejamento é preliminar e novos grupos podem ser incorporados, a depender da negociação do governo federal com as farmacêuticas para fornecimento das vacinas.
Nesta etapa também estão programadas a capacitação de equipes, estruturação da rede de frio (para armazenamento das doses em temperatura adequada) e distribuição das vacinas, entre outras estratégias.
A segunda fase é a campanha que, no primeiro momento, vai fazer o atendimento ao grupo prioritário por agendamento - on-line ou telefônico -, estendendo para a clientela institucionalizada (público-alvo a partir de 60 anos, em asilos ou instituições psiquiátricas).
Esta etapa prevê ainda que sejam reforçadas junto aos gestores e profissionais envolvidos na campanha as orientações quanto as salas de vacina - mantê-las abertas durante todo o horário de funcionamento da unidade e fechá-las por último, sempre que possível; oferta da vacina em horários alternativos; evitar barreiras de acesso caso o usuário esteja sem documentos de identificação ou comprovante de residência; realizar busca ativa de usuários dos grupos prioritários da campanha.
Além disso, deverá ser foco nesse período o combate às fake news relacionadas à vacina, enfatizando seus benefícios e sua segurança.
A Sesa ainda abriu a possibilidade de os municípios adotarem outras estratégias:
Na última fase, denominada pós-campanha, a Sesa destaca na resolução ser fundamental reforçar junto às regionais de saúde e aos municípios que realizem o registro dos dados no sistema de informação para manter a alta cobertura vacinal da população; que façam a busca ativa de modo a identificar aqueles que não foram vacinados e encaminhá-los para imunização e, nos casos indicados, realizar a vacinação em casa; e monitorar eventos adversos para que possam ser avaliados pelas equipes de vigilância em saúde.
A resolução aponta que, durante a campanha de vacinação, a vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacinação (EAPV) será ampliada devido ao incremento no número de pessoas vacinadas.
"Considera-se importante salientar que facilmente poderá ser atribuído à vacina qualquer sinal ou sintoma originado por outras causas, em indivíduos vacinados. Assim, torna-se premente o fortalecimento dos sistemas de vigilância epidemiológica e sanitária, em especial no manejo, identificação, notificação e investigação de EAPV por profissionais da saúde. É necessário capacitar as equipes para dar respostas rápidas e acertadas referentes aos EAPV e para o manejo de crise", ressalta o documento.
Danielle Grillo acrescenta que a estratégia de monitoramento de efeitos adversos é uma prática comum para qualquer vacina.
A resolução ainda relaciona a estrutura logística do Estado para a vacinação e as atribuições dos municípios além de ressaltar que a política de vacinação da população tem como missão "o controle, a erradicação e a eliminação de doenças imunopreveníveis." Agora, a expectativa é pela aprovação do imunizante pelo órgão regulador, como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que as doses possam ser aplicadas.
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