O governo do Espírito Santo vai importar dos Estados Unidos um protocolo para ser aplicado nas escolas em caso de ataques em massa com atiradores. Trata-se de um conjunto de ações que será ensinado para alunos, professores e demais membros da comunidade escolar para garantir que mais vidas sejam preservadas em um evento violento. O protocolo se chama “Corra, se esconda e lute”, uma tradução direta do "Run, Hide, Fight" utilizado nas escolas americanas e formulado pelo FBI (polícia federal norte-americana).
A aplicação do protocolo é um dos eixos do Plano de Segurança Escolar, apresentado pelo governo estadual em coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (27). Embora a inspiração venha das autoridades americanas, os detalhes ainda estão sendo discutidos com a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros.
O secretário de Estado da Segurança Pública, coronel Alexandre Ramalho, ressaltou que os protocolos existentes atualmente em caso de grandes tragédias, como um grande incêndio ou desabamento de um prédio, não se aplicam às ocorrências de ataque armado a escolas.
"No caso do desabamento de um prédio ou um incêndio de grandes proporções, a pessoa tem que correr imediatamente e abandonar aqueles locais. No caos do atirador ativo, o protocolo é completamente diferente. Se eu correr da edificação, acabo indo ao encontro desse indivíduo", ressalta o secretário.
Segundo o Plano de Segurança Escolar, esse conjunto de ações de preservação da vida tem o objetivo de dar opções de resposta com base nas circunstâncias do evento. Todos os possíveis envolvidos (professores, alunos, funcionários, vizinhos) devem estar preparados para lidar com as situações críticas com o objetivo de preservar vidas.
"Estamos discutindo com a PM, os Bombeiros e as escolas qual modelo causará menos trauma nas crianças. Ao mesmo tempo, queremos conseguir doutriná-las a adotarem a medida que traga mais segurança e garanta preservação da vida", aponta o secretário.
O modelo exato a ser aplicado e ensinado aos alunos de todos os níveis escolares ainda não está definido. Porém, o site do FBI traz detalhes de como funciona nos Estados Unidos. Por lá, o protocolo não é aplicado apenas em escolas, mas também em outros locais de grande circulação onde possam acontecer ataques a tiros.
CORRA: Se houver uma distância considerável entre você e o atirador, corra na direção oposta ao som dos tiros. Deixe seus pertences e leve outras pessoas com você, mas não fique para trás caso outros não queiram correr. Ligue para a polícia.
SE ESCONDA: Se não for possível correr, se esconda em um local com paredes grossas e poucas janelas, preferencialmente. Tranque as portas e faça barricadas com móveis, se possível. Apague as luzes e desligue aparelhos de celular ou outros eletrônicos.
LUTE: Como último recurso, caso a sua vida esteja em risco direto, a orientação é reagir. A vítima deve tentar incapacitar ou interromper a ação do atirador usando de força física, ou objetos presentes no local, como cadeiras ou extintores de incêndio.
No Espírito Santo, o primeiro ataque a escola foi registrado em agosto de 2022, quando um ex-aluno invadiu uma escola de Vitória com bombas caseiras, bestas e facas, com o intuito de cometer um massacre contra a comunidade escolar. O ex-aluno foi detido após invadir a escola, antes de provocar vítimas.
No mês de novembro do mesmo ano, ocorreu outro registro de ataque a escola no Espírito Santo, desta vez no município de Aracruz, na região Norte do Estado. Esse ataque resultou em quatro pessoas mortas e dez feridas. Os ataques foram registrados nas escolas Primo Bitti e Centro Educacional Praia de Coqueiral. Um ex-aluno, de 16 anos, foi apreendido como autor do crime.
Segundo o governo do Estado, no primeiro trimestre de 2023 foram registradas 89 ocorrências de ameaças em ambiente escolar. Dessas, 60 foram classificadas como “Situação de Alerta” e 29 como “Ameaça de Ataque”.
As ocorrências estão subdivididas em 19 de “Ameaça a Professor”, 15 de “Aluno Armado”, 13 sobre “bullying”, 35 de “Ameaça diversa” e sete versando sobre “Surto Psicótico”.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta