A corredora Penha Endringer, de 56 anos, protagonizou imagens emocionantes na linha de chegada da tradicional caminhada “Passos de Anchieta”, no último domingo (2), no Sul do Espírito Santo. A peregrina, que tem a perna amputada, completou o trajeto após três dias, percorrendo 60 quilômetros a pé, de Vitória até Anchieta.
Completando 25 anos em 2024, a caminhada “Passos de Anchieta” já é uma tradição no Espírito Santo. Todos os anos, peregrinos de várias partes do Brasil percorrem, ao todo, 100 quilômetros que refazem o trajeto percorrido por São José de Anchieta, de Vitória, de onde saíram na quinta-feira (30), até o Santuário Nacional de São José de Anchieta, no Sul do Espírito Santo, onde chegaram no último domingo (2).
Junta a outros corredores com que fez amizade, Penha acampou em alguns pontos ao longo do caminho, como Barra do Jucu, no município de Vila Velha; além de Setiba e Meaípe, em Guarapari. A aposentada explica que não conseguiu fazer todos os 100 km andando porque, em alguns trechos, precisou do apoio de veículos para seguir o trajeto, mas ficou feliz por percorrer 60 km andando.
“O meu propósito foi fazer algo que sempre senti vontade, conhecer pessoas de outros lugares, viver um tempo em contato com a natureza, locais diferentes [...] O meu sentimento maior era de gratidão por eu estar andando e por, mesmo com toda a limitação, eu ter conseguido completar o trajeto”.
Moradora de Rio Bananal, no Norte do Espírito Santo, Penha conta que já tinha vontade de participar da caminhada há mais de 20 anos, mas ainda não tinha conseguido. “Eu sempre esperava por uma companhia, mas esse ano decidi ir sozinha mesmo”, conta.
A corredora teve a perna amputada após um acidente de moto em 2012. Em 2021, ela começou a participar de corridas de rua, buscando no esporte uma forma de se sentir mais livre. “Tive depressão profunda desde o acidente, aí depois comecei a praticar esportes para vencer a depressão. Eu pensava: falta uma parte do meu corpo, mas eu tenho outra parte. O que eu consigo fazer com a parte que eu tenho?”, explica.
Agora, a corredora espera que outras pessoas se inspirem na sua história para ir em busca do que acreditam. “Se eu puder ser algo para alguém, eu já me sinto grata, ser um pouquinho melhor que ontem já tá ótimo”, conclui.
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