Após mais de um ano e meio, o sargento Clemilson Silva de Freitas — que deu um tapa no rosto e apontou a arma para um frentista em Vila Velha — foi considerado culpado por tal comportamento pela Corregedoria da Polícia Militar do Espírito Santo e condenado a receber uma sanção disciplinar interna.
A princípio, ele foi responsabilizado pelas acusações e receberia uma suspensão, prevista no caso de transgressões graves. No entanto, devido ao bom histórico e de atenuantes, a punição foi reclassificada para uma repreensão, que consiste em uma "censura enérgica publicada em boletim interno".
Em nota, a Polícia Militar informou que o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) contra o sargento foi concluído e homologado na semana passada e ressaltou que "toda sanção disciplinar aplicada a militares poderá acarretar consequências futuras na respectiva carreira de policial militar".
A reportagem de A Gazeta pediu detalhes sobre o processo e a punição dada ao sargento. Assim que houver novo retorno da Polícia Militar, a reportagem será atualizada.
No início do mês passado, o sargento Clemilson Silva de Freitas foi condenado à prisão pelos crimes de lesão corporal leve (Artigo 209), injúria real (Artigo 217) e ameaça (Artigo 223), todos do Código Penal Militar. Ao todo, a Justiça determinou que ele cumprisse um ano e cinco meses de reclusão, inicialmente, em regime aberto.
Apesar da sentença, o juiz Getulio Marcos Pereira Neves concedeu um "benefício de suspensão". Na prática, o policial não precisará ir para um presídio se cumprir as três medidas previstas, que incluem, por exemplo, a proibição de frequentar bares. Desta forma, o militar continua trabalhando normalmente.
Em 23 de janeiro de 2020, o frentista Joelcio Rodrigues dos Santos chegou para trabalhar em um posto de combustível localizado da Praia de Itaparica e foi surpreendido pela presença do policial — que o esperava e teria voltado ao estabelecimento para tirar satisfações devido a um atendimento "ruim" prestado na noite anterior.
Segundo a vítima, os xingamentos e as ameaças começaram depois do pedido para que o sargento descesse da moto para que o abastecimento fosse feito. Ato que é de praxe do local, por motivos de segurança. “No outro dia, assim que bati o ponto, ele veio atrás, perguntou se eu lembrava dele e começou a me bater”, contou na época.
Na mesma semana, o sargento recebeu a primeira de cinco licenças médicas consecutivas. Ao todo, foi quase um ano de afastamento do trabalho, período em que recebeu o salário de R$ 6.400 normalmente, conforme previsto em lei. As informações estão disponíveis no Portal da Transparência do governo do Estado.
Do outro lado da história, o frentista Joelcio Rodrigues da Silva — que é a vítima — precisou mudar de emprego e de casa por medo, em busca de mais segurança. Devido à transferência de posto de trabalho, ele também passou a receber um salário menor. Ele é casado e mora com a mulher e duas filhas pequenas.
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