A mortalidade pela Covid-19 em 31 municípios já é bem maior do que a média do Espírito Santo, que até esta quinta-feira (25) estava 17,62 mortos pela doença a cada dez mil habitantes. O índice pertence a São José do Calçado, Sul do Estado, que alcançou a marca de 31,29 óbitos/10 mil habitantes.
O cálculo da taxa considera o número de mortes pela doença e os habitantes de cada cidade, o que ajuda a avaliar o impacto destes óbitos em relação à população local. Foram utilizadas as informações do Painel Covid-19 do Espírito Santo, ferramenta da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) que reúne as estatísticas estaduais relativas à doença causada pelo novo coronavírus, e as estimativas populacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até julho de 2020.
Dentre as cidades com as maiores taxas de mortalidade, por exemplo, seis delas possuem uma população com até 10 mil habitantes. São municípios pequenos onde o impacto dos óbitos acaba sendo maior. São eles: Marataízes, Ibatiba, Jerônimo Monteiro, Ibiraçu, Fundão e Marechal Floriano.
Outra curiosidade sobre as cidades que detêm as maiores mortalidades em território capixaba é que em 31 delas está presente a cepa B.1.1.7, variante mais letal e contagiosa do novo coronavírus, segundo estudo realizado pelo Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES).
Dentre elas estão os municípios de Piúma e Barra de São Francisco, considerados pelo estudo do Lacen como os epicentros (local onde se acumula um grande número de casos) da variante no Espírito Santo, fato que levou as cidades a adotarem medidas ainda mais restritivas do que a quarentena determinada pelo governo estadual.
Descoberta no Reino Unido, em setembro do ano passado, a variante possui uma taxa de infecciosidade que pode chegar até 90%. Ela já foi detectada em 33 países e o risco de levar o contaminado a óbito é 62% maior que das demais variantes. Segundo o Lacen, a presença dela foi identificada em 65 dos 78 municípios do Espírito Santo.
Dos 78 municípios do Espírito Santo, seis cidades estão com taxa de mortalidade inferior a 10 mortes/10 mil habitantes. São elas: Itaguaçu (9,98), Pancas (9,87), Iconha (9,3), Santa Maria de Jetibá (8,05), Brejetuba (7,24), e Laranja da Terra (6,4). A última detém a menor mortalidade por Covid-19.
O interior do Estado registrou um volume maior de mortes na segunda etapa da pandemia, a partir de setembro de 2020. A situação não mudou nesta terceira fase, onde o interior continua sendo fortemente impactado. A Média Móvel de Óbitos (MMO) de 14 dias mostra bem esta realidade:
Outro marcador que também reflete esta situação do interior é o recorde de número de óbitos por dia nas fases da pandemia, em números absolutos, e que refletem o acirramento da doença, com um crescimento das mortes:
A Grande Vitória foi mais afetada na primeira fase da pandemia, com a chegada da doença ao Estado nas áreas mais nobres. A Média Móvel de Óbitos (MMO) de 14 dias mostra este comportamento. No pico da primeira fase (junho/2020), a MMO alcançou 22,21, enquanto no pico da segunda fase (dezembro/2020) foi para 11,79. Volta a crescer na terceira fase, alcançando nesta sexta-feira (26) uma MMO de 14.
O mesmo comportamento também pode ser observado em relação aos óbitos (números absolutos) registrados em um só dia na Grande Vitória, e que volta a apresentar aumento nesta terceira fase. O primeiro recorde - em 3 de junho de 2020- foi de 35 óbitos em um único dia. O segundo - em 10 de dezembro de 2020 - caiu para 19 mortes em um dia. Mas, neste mês, houve um novo recorde: 24 óbitos foram registrados no dia 23 de março.
Já a situação do Estado foi impactada pelos indicadores do interior. E aqui também a Média Móvel de Óbitos (MMO) de 14 dias revela o crescimento dos indicadores:
O mesmo acontece com os óbitos por dia, em números absolutos, cujo aumento também foi puxado pelos números registrados no interior, contabilizados no cálculo geral do Espírito Santo.
O acirramento da pandemia vivenciado no Estado decorre de alguns fatores, pondera Lira. Dentre eles as aglomerações registradas no Carnaval, que ajudaram a disseminar o contágio do novo coronavírus. “Agora é que as aglomerações daquela época começam a repercutir no indicador de óbitos”, explica.
Outro ponto importante é o período sazonal de maior número de ocorrências de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), que ajuda a pressionar mais os serviços de saúde.
E ainda tem a presença das sete novas variantes do novo coronavírus no Estado, com destaque para a inglesa, que é mais infecciosa e com letalidade maior. “É um momento crítico da pandemia no Brasil e no Estado, com todos os indicadores aumentando e com uma velocidade de crescimento do contágio muito forte. Daí a importância da quarentena e das medidas restritivas, com adoções de ações a tempo de tentar evitar o colapso do sistema de saúde. O momento de agir é agora”, destaca Lira.
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