O Espírito Santo já alcançou 62% da população adulta com pelo menos a primeira dose (D1) da vacina contra a Covid-19, e os reflexos da imunização começaram a ser observados. Redução de internações e mortes provocadas pela doença revela-se em números e reforça as boas notícias relacionadas à vacinação.
Uma pesquisa do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) constatou a queda no número de óbitos na população acima de 80 anos, ao analisar os indicadores dessa faixa etária usando como referência o dia 1º de março de 2021, quando uma parcela desse público já havia recebido pelo menos uma dose de vacina. Na estratificação por idade, a redução da quantidade de mortes chegou a 55% no grupo com mais de 90 anos.
A investigação do NIEE se concentrou nas pessoas mais idosas porque era o recorte populacional que já havia sido alcançado pela vacina, mas a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) aponta tendência de redução de óbitos também em faixas etárias mais baixas. No momento, cerca de 90% das pessoas com mais de 40 já receberam a D1 e, no grupo a partir dos 65, a maioria está com o esquema vacinal completo.
"A redução de óbitos tem um impacto direto da D1. Estamos em um contexto em que estudos clínicos da Astrazeneca e da Pfizer - com intervalo maior de aplicação entre a primeira e a segunda doses - demonstram uma eficácia elevada já na primeira dose. Mas, no país, temos o mix de quatro vacinas e precisamos reconhecer o impacto da vacinação em geral, e não de fabricante em fabricante. A queda consolidada de casos, internações e óbitos não pode ser relacionada apenas à vacinação, mas ela é determinante", sustenta o secretário Nésio Fernandes.
Ele diz que, no início da campanha de imunização, morreram algumas pessoas que tinham tomado a primeira dose da vacina, mas era um momento em que o Espírito Santo via crescer de maneira acelerada uma nova onda, com taxa de transmissão do Sars-Cov-2 (coronavírus) elevada e atingindo o público mais suscetível a desenvolver quadros graves da doença. Agora, o cenário é outro, com a menor média móvel de casos e óbitos desde a fase de recuperação entre a primeira e segunda ondas da Covid-19 no Estado e com mais pessoas vacinadas.
Até o momento, o mês de julho registrou 225 óbitos provocados pela Covid-19, desde a faixa de 20 a 24 anos até os que têm mais de 90 anos. A Sesa ainda pretende fazer o cruzamento de dados para avaliar se há alguma morte entre pessoas com o esquema vacinal completo.
"Dos 9.422 casos cujos sintomas começaram em julho, 30 evoluíram para óbito. É uma redução radical da letalidade em sintomáticos. Claro que sabemos que o indicador de mortalidade é tardio e, para avaliar melhor este mês, precisamos chegar a agosto. Mas os dados hoje apontam que os óbitos precoces caíram radicalmente", atesta.
Outro indicador que demonstra a melhoria do cenário da pandemia a partir da vacinação é a busca por assistência em unidades de saúde, como os Pronto Atendimentos (PAs). Num comparativo de maio, junho e julho, o mês atual se mantém com média de entrada de pacientes com quadro suspeito ou confirmado de Covid-19 abaixo dos anteriores.
Se há menos pessoas infectadas, diminui-se também a demanda por leitos hospitalares. No pico da terceira onda no Estado, entre março e abril, a oferta em UTIs e enfermarias exclusivas de Covid-19 foi ampliada para 2.197 vagas. Com a redução de casos, as internações também foram caindo gradativamente, permitindo a desmobilização de leitos, que foram destinados para outros atendimentos. Atualmente, estão disponíveis 1.451.
Com a vacinação e a melhoria de indicadores, há um reflexo também na vida social e econômica do Estado, com a flexibilização de mais atividades. Nésio Fernandes até projeta encontros familiares sem máscara no final do ano, mas ressaltando que a proteção facial continua indispensável ao sair de casa, assim como o distanciamento social.
O secretário observa, inclusive, que, associadas à vacinação, essas medidas favoreceram a redução de casos, internações e mortes por Covid-19.
Pablo Lira, diretor de integração do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e membro do NIEE, acrescenta que alguns locais que flexibilizaram essas medidas estão vivenciando aumento no registro de infectados. Na Holanda, por exemplo, os números dispararam, assim como em Los Angeles, nos Estados Unidos, que voltou a exigir o uso de máscaras em ambientes fechados.
Por outro lado, os óbitos não cresceram na mesma velocidade, situação que, na avaliação de Pablo Lira, demonstra os efeitos da vacinação. Isso porque os estudos revelam que os imunizantes não impedem o contágio, mas evitam os quadros graves de Covid-19 que levam à internação e à morte.
Pesquisa do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) constatou redução no número de mortes na população com mais de 80 anos, podendo chegar a 55% na faixa dos 90 anos ou mais.
Um levantamento inicial da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) usando como referência os dados de julho, que ainda serão consolidados, indica tendência de queda de óbitos também na população com mais de 40 anos que já foi alcançada com pelo menos uma dose de vacina.
A demanda de casos suspeitos e confirmados de Covid-19 por atendimentos nos PAs e UPAs está menor em julho, se comparada aos meses de maio e junho, segundo monitoramento que a Sesa faz com essas unidades de saúde.
Com a redução do registro de infectados, as hospitalizações por Covid-19 também diminuíram. De 2.197 leitos exclusivos para pacientes com a doença, hoje são 1.451, e o Estado conseguiu redirecionar as vagas excedentes para outros atendimentos.
A vacinação impacta na saúde e nos indicadores de mortalidade, mas também se reflete nas áreas econômica e social. Com o avanço da imunização, gradativamente as atividades podem ser flexibilizadas, como recentemente foi ampliado o limite de pessoas para a realização de eventos.
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