Possíveis casos de reinfecção pelo novo coronavírus estão sendo investigados em, pelo menos, duas cidades do Espírito Santo: Vila Velha, na Grande Vitória; e Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado. As suspeitas foram confirmadas pelas prefeituras, quando procuradas por A Gazeta, nesta sexta-feira (7).
Ambas as investigações estão sendo conduzidas junto à Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), que promete a publicação de uma nota técnica e de um estudo sobre o assunto nos próximos dias. A pasta lembrou que relatos de reinfecção já estão previstos na literatura sobre a Covid-19.
Na entrevista do último dia 20 de julho, o subsecretário de vigilância em saúde Luiz Carlos Reblin já havia revelado o andamento de investigações, diante de casos de pessoas que testaram positivo duas vezes para a doença, por meio do teste PCR, em um intervalo de tempo superior a 30 dias.
Nesse tipo de coleta, é analisada a presença do novo coronavírus, em secreções da boca e do nariz do paciente, ainda durante os primeiros dias de sintomas. Durante o processo de cura, que costuma acontecer no período de 14 dias, o organismo produz anticorpos que combatem o agente viral e o paciente passa a testar negativo.
A partir deste momento, as pessoas que já contraíram a Covid-19 deveriam testar positivo apenas nos testes rápidos, feito por meio de um exame de sangue, que detecta os anticorpos do tipo IgG e IgM. A duração dessas moléculas no corpo humano, no entanto, também é desconhecida.
Supervisora de recursos humanos, Cláudia Márcia Melhorato, de 41 anos, alega que voltou a sentir sintomas causados pelo coronavírus, que realizou o PCR duas vezes e que testou positivo em ambas. A primeira delas aconteceu no dia 25 de junho; e a segunda, no último dia 29 de julho.
Comecei a sentir uma indisposição, diarreia e dor de cabeça. Como trabalho em um hospital, o médico solicitou o exame e testei positivo. Fiquei em casa por 14 dias e voltei ao trabalho após ficar curada, contou a supervisora. No mês passado, o namorado dela, que é médico intensivista, também testou positivo para a Covid-19.
O resultado do segundo exame saiu no último domingo (02). Essa doença é muito misteriosa ainda. Acreditei que não poderia ser reinfectada. As pessoas devem usar máscara e ter cuidado, mesmo após a cura. Ninguém sabe o que pode acontecer, pois cada um reage de um jeito à doença, afirmou.
A Gazeta procurou a Prefeitura de Vila Velha sobre o caso suspeito de reinfecção na cidade. Sem responder à maioria dos questionamentos feitos, o município só informou que "há apenas uma suspeita e a vigilância epidemiológica municipal investigará o assunto junto ao Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES)".
Infectologista, o médico Lauro Ferreira Pinto garante que, até o momento, não há nenhum caso documentado de reinfecção, em todo o mundo. O que sabemos, até agora, é que os sintomas da doença podem ser mais duradouros do que imaginávamos e que algumas pessoas podem permanecer com exame positivo na orofaringe por 60 dias ou mais, esclareceu.
O especialista também explicou que os casos têm de ser melhor estudados, assim como outras possíveis reinfecções. A explicação mais provável é de que há uma persistência de excreção viral desde o primeiro episódio; e que os sintomas podem ser da Covid-19 ou de outro tipo de infecção por vírus, como o da gripe, disse.
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