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Covid-19: cidade do ES anuncia distribuição de kits com cloroquina

Covid-19: cidade do ES anuncia distribuição de kits com cloroquina

Além da cloroquina, o kit – chamado pela Prefeitura de Itapemirim de "Kit Covid-19" – poderá conter azitromicina e ivermectina e o analgésico dipirona e será fornecido aos que testarem positivo para o novo coronavírus no município

Publicado em 8 de junho de 2020 às 09:08

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Remédio, cloroquina
Remédio, cloroquina. (Pixabay)

Na contramão da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), que suspendeu, em maio, a indicação de prescrição universal do uso de cloroquina em pacientes com Covid-19, o prefeito de Itapemirim, Thiago Peçanha, anunciou em suas redes sociais que a prefeitura vai distribuir gratuitamente kits com esse e outros medicamentos. Os kits serão fornecidos aos moradores que testarem positivo para o novo coronavírus, no início do tratamento, mesmo que não estejam com sintomas graves.

Além da cloroquina, o kit – chamado pela prefeitura de "Kit Covid-19" – poderá conter azitromicina e ivermectina e o analgésico dipirona.

"O município de Itapemirim distribuirá, mediante prescrição médica, kits de medicamentos com cloroquina e azitromicina a partir do resultado positivo do teste do C19 (Covid-19), além de ampliar a testagem da população", anunciou o prefeito Thiago Peçanha, que também é médico.

PREFEITURA DIZ QUE IDENTIFICOU "GRANDE POTENCIAL" NO KIT

Com 222 casos confirmados e 10 mortes por Covid-19, Itapemirim, no Sul do Estado,  é classificado como um município de risco alto para o novo coronavírus. A prefeitura destacou que os medicamentos serão entregues mediante laudo que comprove a doença e prescrição médica.

"A equipe do SCO (sistema de comando de operações do município), se reuniu, e após um estudo feito, visando o combate e controle do novo coronavírus, identificou um grande potencial no kit, já que hoje não existe nada que comprove a ineficácia dos medicamentos utilizados. A Secretaria Municipal de Saúde informa que estará dando o suporte necessário aos médicos do município que analisarem necessário o uso dos medicamentos em questão. Vale ressaltar, que o kit só será disponibilizado mediante a laudo e prescrição medica", pontuou a prefeitura em nota enviada à reportagem de A Gazeta.

Segundo a Prefeitura de Itapemirim, a decisão de distribuir os kits foi tomada com base em uma análise da situação do município,  do número de casos suspeitos e confirmados, da maioria dos sintomas apresentados e de como os pacientes se adaptam aos tratamentos utilizados pelo protocolo do Ministério da Saúde. A cloroquina, associada à azitromicina, era usada desde o início da pandemia, nos infectados atendidos pela Sesa que estavam nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTI), ou seja, em estado grave. Mas essa medida de prescrição universal foi suspensa no Estado no final de maio.

O governo do Espírito Santo encomendou uma opinião técnica de um conjunto de especialistas, formado por médicos intensivistas, infectologistas e médicos especialistas em saúde da família e da comunidade, para ter uma orientação sobre as melhores práticas assistenciais aos pacientes acometidos pela Covid-19 no serviço de saúde do Estado.

"Retiramos a indicação da prescrição universal deste medicamento por não haver evidências científicas de eficácia em pacientes graves. Agora, aqui no Estado, ficará a cargo dos médicos assistentes a avaliação para utilizarem ou não esse medicamento para esses pacientes com Covid-19 com indicação de tratamento intensivo", explicou, no final de maio, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes.

A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) foi procurada pela reportagem de A Gazeta para comentar sobre o uso da cloroquina no tratamento de Covid-19 no município de Itapemirim e enviou uma nota.

VEJA NOTA DA SESA NA ÍNTEGRA:

"A Secretaria da Saúde (Sesa) informa que a atualização do protocolo para uso da cloroquina está descrita na Nota Técnica Covid-19 nº 42/2020 sobre recomendações para tratamento farmacológico de pacientes com infecção por Covid-19, disponível no link https://bit.ly/3cKFNYv

O uso da cloroquina não foi suspenso pelo Estado do Espírito Santo. A atualização do protocolo de uso foi realizada após avaliação técnica de um grupo de médicos especialistas, que revisaram um conjunto de artigos científicos e consensos de entidades médicas, ficando estabelecido o uso somente mediante avaliação médica em pacientes hospitalizados que estiverem com quadro clínico grave e severo.

A Sesa orienta aos municípios que adotem medidas e protocolos de tratamento baseados em evidências e com foco na segurança do paciente.

Até o presente momento, não há evidências que recomendem o uso da cloroquina em pacientes com quadro leve. Sua prescrição deve ser realizada com esclarecimento livre e consentido por parte do paciente sobre os riscos e efeitos adversos potenciais nos pacientes.

A associação da azitromicina com a cloroquina está relacionada a aumento dos efeitos adversos e já estão publicadas recomendações que contraindicam seu uso como tratamento de primeira linha. Mesmo em publicações que defendem uso há uma ressalva de utilização em casos selecionados, sempre pesando o risco de efeitos adversos.

Vale destacar que 80 a 90% dos pacientes infectados pela COVID-19 vão evoluir para cura espontânea, não havendo evidências de benefício do tratamento medicamentoso específico para esta etapa da doença.

As recomendações atuais sobre o uso dessas drogas, incluindo a Ivermectina, está baseada em dados teóricos na fisiopatologia da infecção da célula humana pelo SARS-CoV-2. Na prática, a maioria dos estudos vem demonstrando que mesmo o uso precoce parece não ter esse efeito teórico, como mostrou recentemente. A grande maioria dos estudos, vem tendendo ao não uso. Criar kits e distribuir de forma universal parece não ser uma boa estratégia. Mesmo em publicações que defendem uso há uma ressalva de utilização em casos selecionados, sempre pesando o risco de efeitos adversos e com consentimento.

Nos tratamentos relacionados a Atenção Primária em Saúde é importante ouvir a opinião da Sociedade Brasileira de Medicina da Família e Comunidade."

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