Na corrida para conter o avanço da pandemia, a vacinação em massa realizada em outros países, como Israel e Estados Unidos, já mostrou ser uma das estratégias mais eficientes para diminuir os números de novos casos e óbitos causados pela Covid-19.
O Brasil, que começou a imunização em janeiro com doses importadas de outros países, anunciou na última quinta-feira (26) um passo importante na vacinação em massa. Segundo o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan, cientistas estão desenvolvendo vacinas nacionais, a Versamune e a ButanVac, que passarão pela fases de testes após a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A Versamune-CoV-2FC, segundo anúncio do Ministério da Saúde na última quinta-feira (26), está sendo desenvolvida por pesquisadores da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), coordenados pelo Professor Célio Lopes, em parceria com as empresas Farmacore Biotecnologia e a PDS Biotechnology (EUA).
O imunizante nacional, que deve estar disponível só em 2022, tem a proteína spike do vírus Sars-CoV-2, que gera uma resposta imunológica que impede o agente infeccioso da Covid-19 se conectar às células do corpo.
A previsão é que a vacina seja disponibilizada em duas doses, com intervalo de 21 dias entre elas. Testes pré-clínicos, conduzidos em camundongos, revelaram uma resposta imunológica excelente de duas dosagens, com 98% dos roedores não infectados depois da vacinação. Não houve nenhuma morte entre os animais que acabaram contraindo o Sars-CoV-2.
O projeto, que está sendo monitorado pelo Ministério da Saúde e financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), foi protocolado junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para realização de estudo fase 1 e 2, que consistem na realização de testes em 360 voluntários.
Já o imunizante ButanVac, anunciado pelo Instituto Butantan, utiliza a tecnologia de vetor viral, a mesma utilizada em outras vacinas já conhecidas, como o Astrazeneca, a da Janssen, e a da Sputnik V.
Na última quinta-feira (26), o Instituto anunciou que vai solicitar à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para iniciar em abril um ensaio clínico de fase 1 e 2 da nova vacina.
Segundo o Instituto, a vacina será produzida integralmente no Brasil, sem depender de importação.
O diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan, Ricardo Palacios, reforçou que a nova vacina terá perfil alto de segurança. “Nós sabemos produzir a ButanVac, temos tecnologia para isso e sabemos que vacinas inativadas são eficazes contra a Covid-19. Poder entregar mais vacinas é o que precisamos em um momento tão crítico”, explica.
Segundo o Instituto, o desenvolvimento da ButanVac não afetará a parceria do Butantan com a Sinovac, nem causará alterações no cronograma de envio de insumos da China para a CoronaVac – vacina que é produzida atualmente pelo instituto contra a Covid-19.
De acordo com o presidente do Butantan, Dimas Covas, a tecnologia utilizada na ButanVac é uma forma de aproveitar o conhecimento adquirido com o desenvolvimento da CoronaVac.
Para Covas, será possível entregar à população a vacina brasileira ainda neste ano. “Após o final da campanha de produção da vacina da Influenza, que termina em maio, podemos iniciar imediatamente a produção da ButanVac. Atualmente, nossa fábrica envasa a Influenza e a CoronaVac. Estamos em pleno vapor”, diz o presidente.
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