O munícipio de Vila Pavão, no Noroeste do Espírito Santo, é o quinto município da região a decretar restrições ainda mais rígidas do que as da quarentena determinada pelo governo do Estado. A partir desta sexta-feira (25) está determinado toque de recolher nas ruas da cidade, das 20h às 6h. As medidas têm características de lockdown, já que serviços essenciais foram fechados e a livre circulação impedida.
As medidas, segundo o decreto assinado pelo prefeito Bolinha (PSB), são para conter uma possível disseminação da variante mais contagiosa e letal do coronavírus no Estado. A variante tem como um dos epicentros a cidade vizinha de Barra de São Francisco, que também já havia decretado restrições para conter o avanço da doença. Outras cidades da região, como Águia Doce do Norte, São Gabriel da Palha e Nova Venécia também estabeleceram medidas parecidas.
No Decreto nº 1.548/2021, o prefeito considera a proximidade com Barra de São Francisco, o fato de o município ser epicentro da variante, e a situação dos hospitais da região, como motivos para declarar as medidas.
Durante o período de lockdown, todas as atividades comerciais estão suspensas, exceto farmácias e supermercados, que poderão atender via delivery. Ainda de acordo com o documento, os postos de combustível só podem atender veículos oficiais e de serviços de emergência.
Segundo o Painel Covid-19, da Secretaria de Estado da Saúde, Vila Pavão contabiliza 870 casos confirmados da doença, 782 casos curados e 11 óbitos. A taxa de letalidade no município é de 1,3%.
Para explicar melhor a diferença entre lockdown e quarentena, a médica infectologista Rubia Miossi utiliza três conceitos que vêm sendo oficialmente adotados. Eles são, em ordem de menor para maior isolamento imposto: distanciamento social seletivo, distanciamento social ampliado (quarentena) e bloqueio total, ou lockdown em inglês.
Distanciamento social seletivo: ficam em casa os grupos sociais com maior risco de adoecimento grave, com maior risco de morte, bem como as pessoas que tiveram exames positivos para a Covid-19. Estas pessoas ficam em isolamento domiciliar por 14 dias, caso não precisem ser internadas.
Distanciamento social ampliado: é o que mais se aproxima da "quarentena" implementada no Espírito Santo pelo governador Renato Casagrande. A recomendação é que todas as pessoas fiquem em casa, não só quem tenha testado positivo para a doença. Só saem de casa quem precisa trabalhar nas áreas consideradas essenciais.
Bloqueio total ou lockdown: consiste em fechar tudo, inclusive serviços essenciais, mantendo abertos apenas farmácias, supermercados e hospitais. Há, neste caso, necessidade de autorização, muitas vezes por parte das autoridades policiais, para sair de casa. "É como em um toque de recolher. Já é bem mais extremo, para quando o número de casos está descontrolado e o sistema de saúde já não dá conta. Serve para tentar parar a evolução da pandemia", afirma Rúbia.
Nesta quinta-feira (24), reportagem de A Gazeta mostrou que o munícipio de Vila Pavão registrou um bebê de apenas quatro meses infectado pela variante mais contagiosa e letal do coronavírus. Além dele, o município identificou outros 26 pacientes com a B.1.1.7, originária do Reino Unido.
De acordo com a enfermeira Letícia Piana, da Secretaria Municipal de Saúde, os pacientes infectados com a nova variante estão curados. Três deles chegaram a ser internados em hospital de referência, mas já foram liberados. As análises mostram ainda que foram 12 casos da variante detectados em fevereiro e 15 no mês de março.
Barra de São Francisco, no Noroeste do Estado, e Piúma, no Sul, são os municípios com o maior número de casos de contaminados pela variante inglesa do coronavírus. A descoberta foi revelada através de um estudo do Laboratório Central do Espírito Santo (Lacen-ES), com base nas amostras de doentes da Covid-19, apresentado na última segunda-feira (22) pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
Os dados analisados apontam o registro da variante B1.1.7 descoberta no Reino Unido, em setembro de 2020, e que possui uma taxa de infecciosidade que pode chegar até 90%. Ela já foi detectada em 33 países do mundo e o risco de levar o contaminado a óbito é 62% maior que das demais variantes.
No Espírito Santo, a B1.1.7 foi registrada pela primeira vez em dezembro de 2020 e, atualmente, está presente em 65 municípios, do total de 78. Por ter alto índice de transmissão, o número de infectados por essa variante tem dobrado a cada 15 dias. Das amostras analisadas, Piúma e Barra de São Francisco são considerados pelo estudo como epicentros da variante (local onde se acumula um grande número de casos).
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