Repórter de Cotidiano / iribeiro@redegazeta.com.br
Publicado em 5 de fevereiro de 2021 às 15:06
- Atualizado há 4 anos
Na tentativa de comprar doses de vacina contra o novo coronavírus para imunizar a população capixaba, o governo do Estado esbarra em três fatores que atrapalham o avanço positivo das negociações.
Conforme explicou o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, na tarde desta quinta-feira (04), as vacinas em fase de teste, a indefinição de compra de novas doses por parte do governo federal e a falta de estoque disponível são empecilhos no cenário atual.
Até quinta-feira (05), o governo do Estado distribuiu 113 mil doses aos municípios, com lotes da Coronavac - produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac - e da inglesa Oxford/AstraZeneca.
Todas foram adquiridas e distribuídas pelo governo federal. Mantendo essa dinâmica, os governos estaduais precisam, necessariamente, aguardar as movimentações do Ministério da Saúde para dar prosseguimento ao plano estadual de imunização.
Para acelerar o plano estimado, o Estado negocia com seis laboratórios: Pfizer, Janssen, Sinopharm, Sinovac, Reithera e Bharat Biotech. E o governo do Espírito Santo possui uma verba de R$ 200 milhões reservados para a compra de vacinas.
Nesta semana, o prefeito de Vila Velha, Arnaldinho Borgo anunciou que está negociando a compra de 100 mil doses de uma vacina contra a Covid-19 com um laboratório internacional. Se a compra for confirmada, as doses devem imunizar idosos, professores e profissionais da Saúde que atuam na cidade.
As vacinas da italiana Reithera e do laboratório indiano Bharat Biotech, por exemplo, ainda estão na fase três de testes. Segundo Nésio Fernandes, as duas farmacêuticas poderiam entregar doses nos meses de maio e junho. No entanto, os imunizantes precisam ser aprovados nesta etapa de avaliação, que é a última antes de os produtos poderem ser comercializados.
Segundo os requisitos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nos estudos da fase três a vacina é administrada a uma grande quantidade de indivíduos - milhares de pessoas-, para que seja demonstrada a sua eficácia e segurança, ou seja, que a vacina é capaz de proteger os indivíduos com o mínimo possível de reações adversas.
O início dos testes em seres humanos depende, além das aprovações ética e regulatória, da própria organização interna dos pesquisadores para recrutamento dos voluntários. A Anvisa não define esta data.
Na última quarta-feira (3), a Agência anunciou o fim da exigência de estudos da fase 3 em andamento no Brasil para autorização emergencial de vacinas no país. A medida pode acelerar a chegada de novos imunizantes além da chinesa Coronavac e da vacina inglesa Oxford/Astrazeneca.
Com a mudança, a norma da Anvisa segue exigindo estudo de desenvolvimento clínico da vacina na fase 3, mas agora ele não precisa estar sendo conduzido no Brasil.
O guia passa a contar com a seguinte redação: "A vacina deve preferencialmente possuir um Dossiê de Desenvolvimento Clínico de Medicamento (DDCM) anuído pela Anvisa e o ensaio clínico fase 3, pelo menos, em andamento e em condução no Brasil".
No caso de fase 3 realizada no exterior, caberá ao laboratório requerente apresentar os dados brutos do estudo, fazer o acompanhamento dos participantes dos testes para avaliação de eficácia por, pelo menos, um ano e apresentar demonstração de que os estudos pré-clínicos e clínicos foram conduzidos conforme as diretrizes aceitas nacional e internacionalmente. O prazo de análise para vacinas sem estudo de fase 3 desenvolvido no Brasil será de até 30 dias.
A flexibilização nas regras do pedido de uso emergencial pode beneficiar, por exemplo, o laboratório União Química, que está à frente da produção da vacina russa Sputnik V no Brasil. O imunizante ainda aguarda autorização de estudo fase 3 no país, mas agora não dependerá mais desse pré-requisito para encaminhar o pedido.
Outro fator que tem dificultado o governo do Estado a adquirir novas doses de vacinas contra a Covid-19 é a indefinição de compra por iniciativa do Ministério da Saúde. Nésio Fernandes, secretário de Estado da Saúde, explicou que os fabricantes preferem, no primeiro momento, negociar com o governo federal.
Nésio Fernandes
Secretário de Estado da SaúdeA demora do governo Jair Bolsonaro em fechar acordos com os fabricantes dos imunizantes foi apontada em dezembro do ano passado. Um exemplo é a Pfizer, que está em negociação desde o fim de 2020 e chegou a oferecer dois milhões de doses.
Ao falar com apoiadores no dia 28 daquele mês, o presidente questionou a razão de nenhum fabricante, època, ter pedido o aval da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para distribuir vacinas no país.
Jair Bolsonaro
PresidenteCom o mundo inteiro de olho nas vacinas, a disputa e a corrida para comprar os imunizantes com eficácia e segurança aprovadas pelas agências reguladoras fez com que o estoque disponível ficasse restrito. Com demanda elevada, a oferta é reduzida e o comércio do estoque produzido se transforma em um negócio estratégico que exige negociação política.
Enquanto aguarda uma intervenção mais incisiva do governo federal, o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, afirma que o Estado mantém negociações e permanece na fila de espera para comprar diretamente da indústria farmacêutica.
No caso das farmacêuticas chinesas Sinovac e Sinopharm, não há estoque de vacinas prontas que possam ser vendidas no momento. A embaixada chinesa está intermediando possíveis compras diretamente com o governo chinês
Com informações de Glacieri Carraretto
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