A exigência de laudo médico para pessoas com comorbidades poderem se vacinar contra a Covid-19 suscitou uma série de dúvidas sobre as doenças pré-existentes contempladas no plano de vacinação. Alguns critérios não se mostravam muito claros, outros foram atualizados à medida que o Ministério da Saúde mudava o planejamento - atualmente, o país segue a 6ª versão das normas para imunizar a população.
O governo do Estado também fez adaptações e ampliou, por exemplo, a abrangência da vacinação para as pessoas com hipertensão. No plano original, seriam atendidos apenas os pacientes com quadros mais graves, mas uma nova nota técnica da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) estende a todos os hipertensos o direito de se vacinar contra a Covid-19.
Danielle Grillo, coordenadora do Programa Estadual de Imunizações e Vigilância das Doenças Imunopreveníveis, ressaltou que o Estado tem autonomia para fazer essa ampliação, além do que está previsto no plano nacional. Informada que muitas pessoas estavam em dúvida sobre ter ou não direito porque, no anexo da nota técnica, ainda constavam apenas as hipertensões mais graves, ela disse que a resolução que trata sobre comorbidades vai ser atualizada, possivelmente ainda esta semana, contemplando todos os pacientes com pressão arterial elevada.
Questionada sobre quais comorbidades provocam mais questionamentos, a coordenadora da Sesa contou que há bastante demanda relacionada a pacientes oncológicos e com HIV. Para os que têm o vírus da Aids, houve uma mudança no plano nacional e, hoje, não é mais exigida a contagem de células. Todos que testaram positivo para a doença têm direito à vacina contra a Covid-19.
Para quem está em tratamento contra o câncer, no entanto, há uma limitação: são alcançados pela imunização aqueles recém-diagnosticados ou que encerraram quimioterapia ou radioterapia nos últimos seis meses. Para os que estão se tratando de neoplasias hematológicas, como leucemia, linfoma e mieloma, não há prazo determinado e todos podem se vacinar, segundo explicou Danielle Grillo.
"Não há risco na vacinação de pessoas com câncer", afirmou Danielle Grillo, porque todos os imunizantes que estão sendo usados no país - Coronavac, Astrazeneca e Pfizer - não têm micro-organismos vivos.
A coordenadora da Sesa pontuou que também há dúvidas em relação a doenças respiratórias porque algumas são contempladas no plano de vacinação contra a gripe, mas não são na de Covid-19. É o caso da asma, pois só os pacientes mais graves têm a possibilidade de se imunizar contra o coronavírus, ao passo que a vacina dos vírus gripais atende também os quadros moderados da doença.
A diferença ocorre, segundo Danielle Grillo, por dois motivos: no plano de imunização contra a Covid-19, foram incluídas as comorbidades que oferecem o maior risco de morte no caso de infecção pelo coronavírus, como a asma grave; e pelo baixo número de doses de vacina, que obrigou o Ministério da Saúde a estabelecer limites nos grupos prioritários.
Com a nova nota técnica da Sesa, todas as pessoas com quadro de hipertensão têm direito à vacina contra a Covid-19. Antes, a imunização estava restrita aos casos graves, como a hipertensão resistente (que precisa de mais de três medicamentos para ser controlada) a de estágio 3, ou de estágios 1 e 2, desde que tivessem provocado lesão em algum órgão-alvo, como retina ou coração.
Também houve mudança no plano de vacinação para pessoas com o vírus da Aids e, agora, todos que testaram positivo para a doença podem ser imunizados contra a Covid-19. Antes, havia a necessidade de um laudo com contagem de células CD4.
Podem se vacinar os pacientes recém-diagnosticados ou que encerraram quimioterapia ou radioterapia nos últimos seis meses. Também são beneficiados com o imunizante, os que têm neoplasia hematológica (linfoma, leucemia ou mieloma), independentemente da data de conclusão do tratamento.
A depressão é uma doença mental, e não uma deficiência mental. Portanto, não é contemplada no critério de pessoas com "síndromes que desencadeiam a deficiência intelectual/mental". Neste caso, nem mesmo se trata de uma comorbidade, mas de uma deficiência.
Só entra para o critério de vacinação quem tem asma em um nível mais severo, prevista na comorbidade "pneumopatia crônica grave". São assim classificados os asmáticos que se utilizam de corticoides sistêmicos (por via oral ou intravenosa), ou já tiveram internação prévia por crise asmática. Não é o caso das pessoas que usam apenas bombinhas (corticoide inalatório).
A vacinação das pessoas com comorbidades começou neste mês e, para garantir a dose, é preciso apresentar um documento de identificação com foto, e mais o laudo médico, ou a prescrição médica, ou ainda a declaração do enfermeiro do serviço de saúde onde o paciente faz o tratamento.
Vale lembrar que os municípios estão organizando a imunização desse público-alvo por faixa etária: 50 a 59 anos, 40 a 49 anos, 30 a 39 anos, e 18 a 29 anos. À medida que o governo federal envia novas doses para o Espírito Santo, a Sesa faz a distribuição proporcional à população estimada do grupo prioritário de cada cidade.
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