Detectada originalmente na índia, a variante Delta, antes chamada de B.1.617.2, foi identificada pela primeira vez em outubro de 2020. Agora, com registros em mais de 90 países, a cepa é motivo de preocupação para pesquisadores e especialistas ao redor do mundo, inclusive no Brasil, que tem apenas pouco mais de 12% de sua população totalmente vacinada.
Assim como as variantes descobertas no Brasil (P.1), Reino Unido (B.1.1.7) e África do Sul (B.1351), a variante indiana apresenta uma modificação na proteína que fica na superfície do vírus, responsável por se conectar aos receptores das células humanas e dar início à infecção.
Uma variante é resultado de modificações genéticas que o vírus sofre durante seu processo de replicação. Um único vírus pode ter inúmeras variantes. Quanto mais o vírus circula – é transmitido de uma pessoa para outra –, mais ele faz replicações, e maior é a probabilidade de modificações no seu material genético.
Segundo a professora doutora em Epidemiologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, no caso da Delta, além da maior transmissibilidade, tem outra fator que preocupa os especialistas.
Ethel acrescenta ainda que, por ser mais transmissível que as demais variantes e escapar do sistema imunológico, isso impacta diretamente no cálculo da cobertura vacinal necessária para o controle da pandemia no Brasil.
“Quando temos um vírus que é mais transmissível, temos que vacinar mais pessoas. Então, aquele cálculo inicial que foi feito Ministério da Saúde de que era necessário vacinar 70% da população para ter a pandemia controlada, precisa ser refeito. Agora, por causa da variante, vamos precisar vacinar 80 a 90% da população. Isso é uma complexidade a mais na campanha de imunização do país”, explicou.
Apesar de ter sido identificada no ano passado, foi somente no dia 10 de maio de 2021 que a Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a variante Delta como “preocupação global”.
"Existe alguma informação disponível que indica uma transmissibilidade acentuada", disse a líder técnica da OMS, Maria van Kerkovh, durante anúncio.
Aqui no Brasil, o Ministério da Saúde confirmou, neste domingo (27), duas mortes causadas pela variante delta no país. Segundo a pasta, o primeiro caso foi registrado no Paraná, em abril. Trata-se de uma gestante de 42 anos, residente do Japão que veio para o Brasil.
A outra morte foi a de um homem de 54 anos que era tripulante do navio chinês MVS Shandong. Ele estava internado há 43 dias na rede privada de saúde em São Luís, no Maranhão. O paciente, segundo o Ministério da Saúde, passou a apresentar sintomas no dia 13 de maio e testou positivo para a covid-19 no dia 17.
Para Ethel, o Brasil já vive uma terceira onda da doença com influência da variante Delta no Brasil. Prova disso foi a explosão de casos de covid-19 registrados em Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná nos meses de abril e maio deste ano.
Segundo o infectologista Lauro Ferreira Pinto, outra preocupação é que ainda não existem estudos que comprovem a eficácia das vacinas diante das novas variantes, sendo fundamental a manutenção dos protocolos de higienização e segurança, como o uso da máscara e o distanciamento social por todos, inclusive pelas pessoas já imunizadas.
“Essas são medidas que se mostraram eficazes em qualquer lugar do mundo. A melhor prevenção é impedir a contaminação, e por isso, a máscara usada de forma correta e o distanciamento social se mostram tão eficazes”, acrescenta.
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