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Covid-19: ES bate recorde de casos em 24h pelo segundo dia seguido

Covid-19: ES bate recorde de casos em 24h pelo segundo dia seguido

Na terça-feira (8) foi registrado um caso a menos, totalizando 2.418 novos casos. Os números superam até mesmo os dias mais críticos vividos durante o pico da doença, no meio do ano

Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 20:02

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Números atualizados da Covid-19 em todo Espírito Santo
Novo recorde de casos em 24h da Covid-19 impressiona. (Pixabay)

Espírito Santo ultrapassou pelo segundo dia consecutivo o recorde de novos casos da Covid-19 em 24h. Nesta quarta-feira (09) foram contabilizados 2.419 novos casos, o maior desde o início da pandemia. Na terça-feira (8) foi registrado um caso a menos, totalizando 2.418 novos registros. Esses números superam até mesmo os dias considerados mais críticos vividos durante o pico da doença no meio do ano.

Este mês de dezembro, inclusive, chama a atenção para o fato de que todos os nove dias apresentaram mais de 1.300 casos diários da Covid-19, sendo que quando somados os números destes primeiros dias do mês temos um total de 206 mortes e 16.983 novos casos.

Vale lembrar que todos os dados utilizados nesta reportagem por A Gazeta consideram as atualizações diárias do Painel Covid-19, feitas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

PANORAMA DA GRANDE VITÓRIA

Com 206.984 casos confirmados no Espírito Santo ao longo da pandemia do novo coronavírus, o município de Vila Velha, com 29.779 registros, mantém o maior número de moradores infectados no Estado. Em seguida, estão Serra (26.372), Vitória (25.341) e Cariacica (18.306). Entre os bairros, Jardim Camburi, na Capital, também não sai do topo do ranking, com 3.751 pessoas contaminadas, seguido por Praia da Costa, em Vila Velha, com 3.389.

A quantidade de curados também subiu, chegando a 189.092. A taxa de letalidade da Covid-19 se mantém 2,2%, e mais de 677.817 mil testes já foram realizados no Estado.

NÚMERO DE MORTES

O número de mortes está alto, mas relativamente estável com o passar dos dias, tendo encontrado variação entre 12 e 34 óbitos a cada 24h em dezembro. A especialista Rúbia Miossi afirma que essa estatística só não está maior, entre outros fatores, por conta da melhora do atendimento. "O paciente tem tido um atendimento com um pouco mais de coerência, a gente sabe melhor o momento de entrar com corticoide, o momento que o doente deve ser entubado ou não, a gente aprendeu a cuidar da doença e isso ajuda a melhorar a questão das mortes. A outra coisa é que a gente tem um número maior de casos porque temos um número maior de testes sendo feitos, então é natural que a gente esteja diagnosticando mais as pessoas", explicou.

Para os próximos dias, a infectologista sugere que os números devem continuar subindo, sem previsão de queda. "Não fazemos ideia de quando esses casos vão voltar a cair. A previsão é só de aumento e não de queda se as pessoas continuarem com o comportamento que estão tendo", refletiu.

Também para Maciel não é possível dizer com certeza quando os casos voltarão a cair. "Teremos que acompanhar o movimento dos casos e óbitos - nas próximas semanas - para ver como a pandemia vai se comportar, o que depende muito do comportamento das pessoas. Se continuarem se aglomerando, a tendência é de que continue crescendo. Seria muito importante usar máscaras, lavar as mãos e o governo usar o que pode para fiscalizar", disse.

PACIENTES CHEGANDO AOS HOSPITAIS NA FASE TARDIA DA DOENÇA

A médica Rúbia Miossi afirma que tem sido observado, com frequência, que pacientes estão chegando de forma tardia aos hospitais. "Outra coisa importante a se dizer é que, em relação a questões de tratamento, um dos problemas sérios que alguns hospitais particulares têm enfrentado são pacientes chegando em fase muito tardia da doença, (pacientes) que têm ficado em casa utilizando coquetéis que alguns médicos têm prescrito e têm retardado a ida ao hospital, confiantes de que essas medicações salvarão a vida deles quando, na verdade, a gente recomenda que, ao primeiro sinal de que os remédios não estejam fazendo efeito, deve-se procurar imediatamente o pronto-atendimento", afirmou.

O abuso de medicamentos também tem sido preocupante. "Há um abuso de medicamentos como antibióticos e já estamos vendo uma possibilidade de infecções hospitalares cada vez mais resistentes por conta disso, antes mesmo de entrar no hospital, e isso é grave. Outra coisa que a gente diz é que são medicamentos que não têm nenhum efeito protetor para evitar pegar a Covid e as pessoas estão tomando, sem comprovação científica. Essas pessoas se sentem então encorajadas a comparecerem a festas, confraternizações de fim de ano, frequentar bares e isso está gerando um aumento importante no número de casos também", concluiu.

"FADIGA DA PANDEMIA", COMENTA ESPECIALISTA

Para o infectologista Lauro Ferreira Pinto, o crescimento abrupto de casos significa que as pessoas estão de fato se expondo. "Houve um relaxamento geral, uma fadiga da pandemia, as pessoas estão sem máscara, se aglomerando, na praia e em bares. A doença está fazendo a festa e o vírus não cansou da gente. A gente fala que isso vai continuar enquanto as pessoas estiverem aglomerando e a sensação que temos é que isso vai piorando até o Natal", relatou.

Apesar do crescimento acentuado do número de casos, o médico diz que as mortes estão estáveis porque a contaminação tem atingido, nesta fase, basicamente a população jovem. "Neste caso a doença é mais benigna, mas chega no idoso e em quem tem comorbidades também e acaba que começa a ter uma pressão de mortes. Já chegamos a ter 4 ou 5 mortes por dia, mas agora está um pouco elevado, não só aqui no Estado como em todo o Brasil. E é fácil prever o futuro se a gente olha para trás", acrescentou.

"A tendência é continuarem aumentando os casos, a não ser que se esgote a população suscetível. Se temos uma quantidade de pessoas se expondo e esta população chega no ápice, com, por outro lado, muitas pessoas quietas em casa, dá para controlar e a taxa de infecção reduz, mas depende de muita gente ficar confinada. Ainda tem muita gente que não pegou Covid que está quieta em casa. Mas se as pessoas continuarem se expondo desse jeito, nós vamos ter um grande número de casos no Natal e no ano novo, já que é uma época de festividades e as pessoas estão cansadas, querendo fazer reuniões sociais. Desse jeito teremos aumento de casos", concluiu.

O QUE DIZ A SESA

Demandada pela reportagem, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que a crescente de casos observada nos últimos dias está relacionada tanto a ampliação da testagem para toda a população, considerando a testagem de contatos assintomáticos de intradomiciliares que vigorou até 28/11, como pela maior exposição da população ao vírus. A pasta acrescentou ainda que  estratégias são adotadas de acordo com o comportamento da curva da doença que é observada diariamente e que medidas restritivas são definidas pelo Mapa de Risco e anunciadas pelo governador do estado.

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