O governador Renato Casagrande anunciou nesta sexta-feira (28) que vai abrir a vacinação contra a Covid-19 para a população do Espírito Santo por faixa etária, mesmo sem comorbidades. O início da imunização para esse público, que vai atender primeiro as pessoas de 55 a 59 anos, está previsto para a próxima semana.
O anúncio foi feito em solenidade no Palácio Anchieta durante evento que celebra o começo da vacinação de portuários e aeroportuários.
Casagrande explicou que, das doses que são enviadas toda semana pelo Ministério da Saúde, hoje 10% são da reserva técnica e que têm sido usados para antecipar grupos prioritários, tais como profissionais da Segurança, Educação, agentes socioeducativos, inspetores penitenciários e, agora, aeroportuários e portuários.
Descontada a reserva técnica, a partir da próxima semana, 20% continuarão a ser usadas para os grupos que foram antecipados e 80% para a população geral sem comorbidade.
A distribuição por faixa etária ainda não foi apresentada, mas começa sempre dos mais velhos para os mais novos. O primeiro grupo apontado pelo governador é o compreendido entre 55 e 59 anos.
Casagrande destacou que uma decisão da comissão tripartite - União, Estados e municípios - nesta quinta-feira (27) possibilitou o Estado a adotar a medida. "Temos um pouco mais de liberdade no Espírito Santo para começar a vacinar a população por faixa etária, da maior para a menor, sem comorbidades."
A ampliação da imunização para pessoas por faixa etária somente será possível desde que o governo reserve parte para os grupos de risco e tenha concluído a primeira dose das pessoas com comorbidades.
Uma resolução com as diretrizes está sendo elaborada e, segundo Casagrande, deve ser publicada ainda nesta sexta-feira.
"Temos um número pequeno de pessoas com comorbidades que não receberam a primeira dose. Agora, vamos publicar a resolução para orientar os municípios e, nos próximos dias, começar a vacinar as pessoas com menos de 60 anos", frisou o governador.
A decisão da comissão a que o governador se refere vai ser respaldada nas orientações que o Ministério da Saúde vai passar em nota técnica.
Segundo a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações, Francieli Fontana, a mudança passou a ser planejada após pedido de alguns municípios, que afirmam ter menor demanda na vacinação dos grupos prioritários atuais ou já terem avançado em parte dos seguintes - daí pedirem para iniciar a vacinação também por faixa etária.
"Nesse momento, muitos Estados e municípios estão tendo diferenças na vacinação", afirmou ela, segundo quem alguns municípios podem ter tido estimativas superiores à demanda real. "Há muitos municípios que estão com pouca demanda nas unidades de saúde para esses grupos."
Atualmente, a vacinação no país, salvo diferenças regionais, está prevista para pessoas com doenças preexistentes, com deficiência permanente, população em situação de rua, funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade.
Com a nova medida, a pasta quer então iniciar o envio de doses para vacinação de professores e trabalhadores de educação, que seriam os próximos da lista nacional, enquanto a vacinação dos grupos atuais é concluída. No caso do Espírito Santo, os profissionais da Educação já estão sendo vacinados por estratégia do governo do Estado.
Passada essa etapa, que na prática já ocorre em diversos Estados, seria aberta a possibilidade também de iniciar, em alguns locais, o início da vacinação por faixa etária.
A medida ocorreria em conjunto com a vacinação dos últimos grupos prioritários, que seguem a ordem do plano de vacinação. Entram na lista trabalhadores do transporte coletivo - também já atendidos no Espírito Santo - e metroviário, caminhoneiros, trabalhadores industriais e funcionários da limpeza urbana.
Para que o início da vacinação por faixa etária possa ocorrer, municípios devem pactuar a estratégia em conjunto com os Estados em comissões técnicas e reservar uma parte das doses para manter a imunização dos grupos prioritários.
"É destinar parte das doses para seguir com idade e parte para seguir com o plano", completou o secretário-executivo do ministério, Rodrigo Cruz.
Segundo Fontana, dados da situação atual da epidemia têm mostrado a possibilidade de avançar na vacinação por faixa etária. "De 59 a 50 anos, também vem se verificando um aumento da mortalidade. Quanto mais velho, maior o risco de complicação e morte", afirmou.
Na reunião, a pasta não detalhou se haveria critérios mais específicos para definição de quais locais podem iniciar a vacinação por faixa etária nem quais os percentuais de reserva propostos por idade e para os grupos prioritários enquanto isso ocorrer. Questionado pela reportagem sobre a proposta, o ministério disse apenas que mais dados devem constar de nota técnica.
Ao aprovar a proposta, secretários de saúde citaram que alguns municípios têm deixado doses estocadas por terem baixa demanda para alguns grupos - caso da população em situação de rua ou população privada de liberdade, por não terem presídios ou serem cidades menores, por exemplo.
"Fico desesperado quando escuto secretário me ligar e dizer que não tem mais grupo de comorbidade e de pessoas com mais de 60 anos. E que diz que está com vacina estocada enquanto espera abrir outro público", afirmou o secretário de saúde do Maranhão e presidente do Conass (conselho que reúne secretários estaduais de saúde), Carlos Lula.
Para Mauro Junqueira, secretário-executivo do Conasems, conselho que reúne os municípios, a medida não prejudica o plano de vacinação. "Deixamos claro que aqueles que já avançaram nos grupos e tiverem vacinas disponíveis podem iniciar por idade", disse.
Ainda de acordo com a coordenadora, a estimativa é que a vacinação de pessoas com comorbidades e demais grupos atuais seja concluída em até duas semanas. Ela não informou qual a previsão de conclusão todo o público prioritário, o qual soma 78,4 milhões de pessoas.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, tem dito que pretende terminar a vacinação de toda a população adulta - ou seja, além dos grupos prioritários - até o fim deste ano.
O cronograma de doses, no entanto, tem enfrentando impasses junto a alguns fornecedores devido ao atraso na entrega de insumos usados na produção de vacinas.
Nesta quarta (26), novo cronograma divulgado pela Saúde reduziu para 43,8 milhões a previsão de doses de vacinas contra Covid a serem distribuídas em junho. Até então, a estimativa, calculada a partir de dados de fornecedores, era de 52,2 milhões de doses.
Ainda no encontro, gestores manifestaram preocupação com novo aumento de casos da Covid no país e pediram apoio do Ministério da Saúde na organização de ações.
"Falam que estamos entrando na terceira onda. Acho que nem saímos da primeira. Nosso alerta é no sentido de estarmos atentos ao recrudescimento da pandemia nesse momento. Para 2021, vamos precisar de muito mais recursos na Saúde do que tivemos em 2020", disse o presidente do Conasems, Willames Freire.
O secretário de vigilância em saúde do ministério, Arnaldo Medeiros, confirmou que os dados apontam um aumento de casos nas últimas cinco semanas, mas evitou definir se a situação se trata de uma terceira onda. "Às vezes também tenho a impressão de que tivemos um recrudescimento de uma única onda", comentou.
Com informações da Folhapress
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