Fazia quase dois meses que o Espírito Santo não registrava mais de mil pessoas internadas por causa do novo coronavírus. Nesta quinta-feira (4), o Estado chegou a exatos 1.001 pacientes em leitos públicos – a maior quantidade desde 11 de janeiro, quando havia apenas um indivíduo a mais nesta condição.
Esta marca é mais um reflexo da interrupção da queda de internações, que começou a ser observada em meados de fevereiro, depois de algumas semanas de redução. No último dia 25, por exemplo, os capixabas voltaram a conviver com mais de 500 internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
Diante da duração da pandemia, é importante lembrar que não faz tanto tempo que o Espírito Santo vivia uma situação muito mais tranquila. Em outubro do ano passado, teve dia que registrou menos de 490 pessoas internadas. Ou seja, essa quantidade mais que dobrou em menos de cinco meses.
Todos os dados foram retirados do Painel de Ocupação de Leitos Hospitalares, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), que é atualizado diariamente. Diante deles, o médico infectologista Carlos Urbano analisou o cenário atual, o que causou o agravamento e o que deve ser feito para evitar a piora dos números.
De acordo com ele, a sequência de datas festivas dos últimos meses teve um peso significativo. "Tivemos Natal, Ano Novo, Carnaval e férias. A chance de aglomeração é muito maior. Além disso, é só ver na rua: a circulação de pessoas é muito maior e nem todas estão usando máscara adequadamente", afirmou.
Por isso, na visão do especialista, o atual número de pacientes no Estado serve de alerta. "Existe a possibilidade de acontecer aqui o que já está ocorrendo no Sul do Brasil, na Bahia e no Ceará. Temos que ficar super atentos a qualquer aumento, para decidir se é necessária alguma medida", defendeu.
Secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, deu declarações que caminham no mesmo sentido, durante o Papo de Colunista desta quinta-feira (4). Durante a entrevista, ele ressaltou que a garantia do acesso aos hospitais para os pacientes é apenas uma frente de combate à Covid-19.
"Os leitos são uma resistência, são a última linha dessa guerra. Os leitos não salvam todas as vidas. A gente vai derrotar a pandemia com atenção primária, com vacinação. A gente vai derrotar com distanciamento social, com a coalizão das pessoas", disse, de forma bastante enfática.
Ainda assim, o Governo do Estado já anunciou mais uma expansão, com 158 leitos de UTI exclusivos para casos do novo coronavírus. Os primeiros 70 devem ser abertos até o final desta quinzena e outros 48 até o fim do mês. Em abril, devem ser entregues os últimos 40.
"Nós já temos essa entrega materializada, que ainda pode chegar até 200 leitos no final de abril. Essa expansão prevista, de 158 leitos, regula a ocupação do Estado em praticamente 20%. E nós temos condições de fazer algumas outras ampliações neste período", esclareceu o secretário.
Atualmente, o Espírito Santo conta com 691 leitos intensivos e 642 vagas de enfermaria para pacientes da pandemia – que podem chegar a 715 e 817, respectivamente. Esta disponibilidade máxima faz parte do programa "Leitos para todos", que conseguiu impedir o colapso do sistema de saúde no Estado.
Com o objetivo de controlar a doença, o Governo Estadual também anunciou a distribuição de 62 mil testes para a testagem em massa da população. Até essa quarta-feira (3), mais de 185 mil pessoas foram vacinadas com a primeira dose no Estado, das quais mais de 77 mil já receberam a segunda dose.
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