Os dados do último inquérito sorológico mostraram um avanço do coronavírus no interior do Espírito Santo. O número de pessoas que foram contaminadas passou de 6 mil para 51 mil entre a primeira e a terceira fase do estudo de extensão, divulgado no último sábado (13). Outro fator preocupante é a taxa de transmissão de 2.1 no interior, muito superior a estadual, que é de 1.6.
Com esse cenário, somou-se uma alta taxa de ocupação de leitos hospitalares, levando o governo do Estado a ampliar as ofertas de unidades também fora da Grande Vitória. "Há uma pressão muito grande por leitos no interior. O governador deve anunciar novos leitos ainda esta semana", observou o secretário estadual de saúde, Nésio Fernandes, em coletiva na tarde desta terça-feira (16)
De acordo com informações do secretário, atualmente, grandes hospitais do interior estão com muito mais leitos de UTI que antes da pandemia. "Será um legado para a saúde pública do Espírito Santo", descreveu Fernandes.
No Hospital Roberto Silvares, em São Mateus, o número de leitos de UTI passou de 20 para o dobro. No Hospital Geral de Linhares (HGL), havia apenas oito leitos de tratamento intensivo, mas atualmente, funciona com 28 vagas de UTI. Em Colatina, o Hospital Sílvio Avidos passou de 16 leitos de UTI antes da pandemia para 44, podendo chegar a 54 até o final da pandemia.
No entanto, as vagas não estão sendo suficientes para suportar o crescimento da doença, que avança ainda mais com o baixo percentual de isolamento social. De acordo com a terceira etapa do inquérito sorológico, há 2,53% de prevalência de casos da doença entre a população do interior do Estado. Na primeira etapa, esse índice foi de 0,32%.
"Essa ascensão de número de casos demonstra uma ampla velocidade de transmissão da doença e também que uma parcela importante da população já teve contato com o vírus", observou Nésio Fernandes. Na Grande Vitória, a prevalência era de 2,79% no primeiro inquérito e, agora, está em 8,88%.
O aumento do número de vagas em hospitais para pacientes com a Covid-19 pelo governo estadual tem sido frequente, porém, a taxa de ocupação continua alta. Nesta segunda-feira (15), o indicador alcançou 84,75%, menos de um ponto percentual de diferença em relação à véspera, quando havia 85,54% em uso. A utilização das vagas de terapia intensiva tem se mantido próxima aos 91% que o governo do Estado classificou como risco extremo, que levará a adoção de medidas mais restritivas para a população.
Até segunda-feira (15), havia 1.327 leitos pelo SUS, em enfermarias e UTIs, para pessoas infectadas pelo coronavírus. Desses, 649 eram de terapia intensiva. Quando abertos novos leitos, a oferta é distribuída por hospitais da rede estadual, filantrópicos e particulares com os quais a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) firmou contratos.
Embora com índices muito próximos, a região Norte passou a Grande Vitória e apresenta ocupação maior, alcançando 85,9%. Na Região Metropolitana, onde há mais oferta de leitos, a taxa chegou a 85,32%. No Sul, está em 85,07% e, na Central, 73,53%.
Na Grande Vitória e no interior, já há uma relação de hospitais que atingiram o limite de sua capacidade de atendimento, como o Antônio Bezerra de Faria, em Vila Velha, e o Meridional de São Mateus. O Hospital Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, referência para atender infectados pela Covid-19, tem 250 leitos e 83,6% estão com pacientes que desenvolveram o quadro mais grave da doença.
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