A variante inglesa do coronavírus, classificada como mais infecciosa e letal, já foi identificada no Espírito Santo. Até o momento, os registros mais frequentes foram nos municípios de Piúma e Barra de São Francisco, mas esse cenário pode mudar. A Grande Vitória pode se tornar o novo epicentro da cepa no Estado e amostras de testes RT-PCR coletadas na região foram enviadas para análise em laboratórios privados.
Durante coletiva de imprensa virtual realizada nesta terça-feira (23), o secretário da Saúde, Nésio Fernandes, afirmou que ainda não é possível garantir que a região se tornou o centro principal da doença no Estado, mas que os dados a respeito das amostras enviadas para análise já foram solicitados.
"Como as amostras RT-PCR da Grande Vitória, desde a segunda quinzena de dezembro, foram enviadas para laboratórios privados, não podemos confirmar epicentro na Grande Vitória. Mas já solicitamos acesso aos dados para confirmar essa possibilidade, de que a Grande Vitória pode ser o epicentro da variante", afirmou.
Para o coordenador-geral do Laboratório Central da Sesa (Lacen), Rodrigo Rodrigues, o principal fator que pode classificar a Grande Vitória como epicentro da cepa identificada como B.1.1.7 é a proporção do número de casos em relação a população. Como a região possui um grande contingente populacional, segundo Rodrigues, a decisão foi de aprofundar a análise das amostras para identificar a quantidade de casos positivos da variante.
"Como a gente teve uma análise anterior do Estado inteiro e encontramos a cepa em 65 municípios, inclusive em Vitória e Vila Velha, nós resolvemos aprofundar na Região Metropolitana. Então, estamos buscando as informações e as amostras para poder fazer essa análise e a gente espera que consiga identificar também nos municípios da Região Metropolitana, uma vez que a gente sabe que está presente, mas nós não temos ideia ainda da proporção. Não é nem a questão de número de amostras positivas, mas a proporção em relação ao que é testado", disse.
Rodrigues reiterou que ainda é muito cedo para afirmar que a Grande Vitória se tornou um epicentro da doença, mas que há uma possibilidade real que isso já seja observado a partir do resultados da análise das amostras. O coordenador-geral do Lacen também pontua que o mais importante foi ter identificado que a nova cepa está em circulação na região e salientou a efetividade das medidas restritivas adotadas pelo governo do Estado.
"O que nós não podemos ainda sem os resultados, é dimensionar qual o tamanho desse impacto. Mas, independente se é de 70%, 80% ou 90%, o importante é dizer que já está circulando na Grande Vitória. Nós temos dados mostrando que era uma questão de tempo, se nós não tivéssemos feito a quarentena, para que isso explodisse", apontou.
O coordenador-geral do Lacen ainda relatou que as aglomerações registradas durante o verão, sobretudo no período do carnaval, ainda trarão consequências durante o mês de março. Segundo Rodrigues, outras regiões do Espírito Santo podem ter mais registros de novos casos de coronavírus, principalmente por conta da circulação da nova cepa.
"Os nossos dados começaram a ser coletados a partir de dezembro e temos dados até a metade do mês de março. A gente acredita que março trará algumas surpresas para a gente, como reflexo da questão do carnaval, das festas que ocorreram no período que antecedeu a quarentena. É possível que nós tenhamos regiões com alta incidência, mas isso só o tempo vai dizer. Mais para o final do mês, quando a gente completar a análise do mês inteiro e puder fazer essas projeções, aí a gente pode dar essa resposta", explicou.
Para que seja feito um panorama geral da incidência da nova variante do coronavírus sobre a Grande Vitória, serão analisadas cerca de 50 mil amostras de testes RT-PCR, segundo Rodrigo Rodrigues. O coordenador-geral do Lacen, porém, apontou que ainda não há um prazo para que seja divulgado o resultado dessa análise.
"A gente deve ter esse resultado nos próximos dias, acredito que na próxima semana ainda não, porque a gente deve ter aproximadamente entre 40 e 50 mil amostras para checar da Grande Vitória. Vamos separar as positivas, as que têm assinatura genética completa e, dentre elas, a gente vai ver quais são aquelas que apresentam a assinatura para a nova variante", destacou.
A presença de outras linhagens ou variantes do coronavírus no Estado não foi descartada por Rodrigues, mas, por enquanto, o Estado ainda depende da chegada de novos equipamentos para testagem e análise de testes, que possuem tecnologia para identificar cepas diferentes do vírus.
"Nós estamos trabalhando nisso. Não é uma coisa para as próximas duas semanas, estamos dependendo da chegada de um novo kit que permite testar para outras variantes. Quando isso chegar aqui, aí sim, poderemos ter um retrato mais fidedigno do que está acontecendo. Mas isso, por enquanto, é um futuro próximo, mas não palpável", finalizou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta