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Covid-19: infecção de janeiro não protege contra nova versão da Ômicron

Covid-19: infecção de janeiro não protege contra nova versão da Ômicron

Um estudo realizado por pesquisadores da China mostra que quem foi infectado pela versão original da variante não está protegido contra os subtipos dela

Publicado em 22 de junho de 2022 às 20:08

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Quem foi infectado pela versão original da Ômicron, a BA.1, em janeiro deste ano não está protegido contra suas subvariantes, a BA.4 e BA.5, que se tornaram prevalentes no Brasil. Isso é o que aponta um estudo da Universidade Peking, de Pequim, na China. 

No estudo chinês, pesquisadores analisaram a resposta dos anticorpos gerados pela BA.1, com e sem vacinação, para combater a BA.4, BA.5 e a BA.2.12.1. Os resultados mostraram que as mutações presentes nas novas subvariantes conseguem escapar da proteção e, portanto, provocar novas infecções.

O médico infectologista Lauro Ferreira Pinto, que monitora o comportamento da Covid-19 no Espírito Santo, diz que as subvariantes provocaram uma disseminação mais rápida do coronavírus nos municípios capixabas e em outras regiões do Brasil.

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Elas podem causar reinfecção até em quem já teve a Ômicron em dezembro, janeiro, fevereiro. Como tem muita gente vacinada, os casos são mais leves

Lauro Ferreira Pinto
Infectologista
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A pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e pós-doutora em Epidemiologia, Ethel Maciel, também observa maior incidência de reinfecção provocada pela Ômicron. 

“Esse subtipo é muito transmissível. Estamos tendo um período mais curto de reinfecção. Pessoas que se infectaram há 40 dias estão tendo novos episódios. Temos de reforçar a necessidade de usar máscara em local fechado e evitar aglomeração”, orienta.

IMPACTO DAS VARIANTES

Segundo análise do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), a proporção de casos prováveis da BA.4 e BA.5 no país passou de 10,4% para 44%. As demais amostras são da sublinhagem BA.2. Ao mesmo tempo o percentual dos testes com resultado positivo para contaminação de Covid-19 subiu de 23,6% para 42,3%.

No Espírito Santo, de acordo com a da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), os sequenciamentos genéticos do Sars-CoV-2 apontam a incidência da BA.4, BA.5 e a persistência da BA.2 sendo transmitida.

Uso de máscara de proteção contra o coronavírus
Uso de máscara de proteção contra o coronavírus. (Carlos Alberto Silva)

O secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, reconhece o impacto da Ômicron em relação às infecções e afirma que o sistema de saúde foi fortalecido e que tem condições atender a população que busca assistência médica.

“O predomínio da onda de janeiro e da onda deste momento é por conta da Ômicron. Neste momento, com um crescimento importante da sublinhagem BA.4 e BA.5, principalmente, da BA.5”, informa Nésio.

Além do poder mais transmissível da variante e de seus subtipos, o doutor em Imunologia e professor da Ufes, Daniel Gomes, relaciona o aumento de casos ao comportamento da população e a sazonalidade de doenças respiratórias.

"O aumento de casos aconteceu, principalmente, porque as pessoas deixaram de utilizar a máscara e essa utilização era importante porque fazia uma barreira física para contaminação associada a um momento em que os vírus respiratórios têm uma incidência maior no inverno. Tem ambientes mais fechados, sem circulação de ar, e isso tudo favorece os vírus respiratórios", alerta.

SINTOMAS DA ÔMICRON

O perfil atual das pessoas que recebem o diagnóstico positivo para infecção da Covid-19 no Espírito Santo é de pacientes assintomáticos ou com sintomas leves. A informação é do secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes.

De acordo com ele, a Sesa não observa a quantidade de casos graves registrada em janeiro deste ano. A hospitalização aumentou, ainda assim, em proporção menor ao que fora contabilizado no início deste ano. 

"Há um predomínio de sintomas respiratórios altos com dor na garganta, espirro, tosse seca, cefaleia e de quadros que não transcorrem com quadros respiratórios explícitos, com pessoas somente com dor de cabeça e mal-estar, sintomas sutis", avalia.

No cenário atual, Nésio avalia as pessoas que têm quadro com predomínio de dor de cabeça e mal-estar no corpo procuram testes quando são contatos de alguém que testou positivo e que tinham sintomas respiratórios.

"Os sintomas que foram característicos no início da pandemia, como falta de ar mais intensa, súbita, aquela dispneia, perda do olfato e do paladar, se tornaram muito menos frequentes nesse momento do que em outros momentos", ressalta.

O médico infectologista Lauro Ferreira Pinto destaca que a vacinação tem resultado em casos mais leves. Lauro revela que os casos mais graves atingem crianças que não receberam a vacina, pessoas não imunizadas ou com doses em atraso.

"Tenho visto muita gente (infectada) com coriza, tosse, dor de garganta, sinusite e nariz congestionado. Tenho visto casos graves, principalmente, em idosos com comorbidades, não vacinados e sem dose reforço", informa o médico.

A epidemiologosita Ethel Maciel alerta que "a gente precisa se cuidar porque nossas vacinas sofreram impacto grande dessas mutações da Ômicron, que é uma variante que conseguiu ser bastante transmissível. O melhor mesmo é não se infectar".

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