Quem foi infectado pela versão original da Ômicron, a BA.1, em janeiro deste ano não está protegido contra suas subvariantes, a BA.4 e BA.5, que se tornaram prevalentes no Brasil. Isso é o que aponta um estudo da Universidade Peking, de Pequim, na China.
No estudo chinês, pesquisadores analisaram a resposta dos anticorpos gerados pela BA.1, com e sem vacinação, para combater a BA.4, BA.5 e a BA.2.12.1. Os resultados mostraram que as mutações presentes nas novas subvariantes conseguem escapar da proteção e, portanto, provocar novas infecções.
O médico infectologista Lauro Ferreira Pinto, que monitora o comportamento da Covid-19 no Espírito Santo, diz que as subvariantes provocaram uma disseminação mais rápida do coronavírus nos municípios capixabas e em outras regiões do Brasil.
A pesquisadora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e pós-doutora em Epidemiologia, Ethel Maciel, também observa maior incidência de reinfecção provocada pela Ômicron.
“Esse subtipo é muito transmissível. Estamos tendo um período mais curto de reinfecção. Pessoas que se infectaram há 40 dias estão tendo novos episódios. Temos de reforçar a necessidade de usar máscara em local fechado e evitar aglomeração”, orienta.
Segundo análise do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), a proporção de casos prováveis da BA.4 e BA.5 no país passou de 10,4% para 44%. As demais amostras são da sublinhagem BA.2. Ao mesmo tempo o percentual dos testes com resultado positivo para contaminação de Covid-19 subiu de 23,6% para 42,3%.
No Espírito Santo, de acordo com a da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa), os sequenciamentos genéticos do Sars-CoV-2 apontam a incidência da BA.4, BA.5 e a persistência da BA.2 sendo transmitida.
O secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, reconhece o impacto da Ômicron em relação às infecções e afirma que o sistema de saúde foi fortalecido e que tem condições atender a população que busca assistência médica.
“O predomínio da onda de janeiro e da onda deste momento é por conta da Ômicron. Neste momento, com um crescimento importante da sublinhagem BA.4 e BA.5, principalmente, da BA.5”, informa Nésio.
Além do poder mais transmissível da variante e de seus subtipos, o doutor em Imunologia e professor da Ufes, Daniel Gomes, relaciona o aumento de casos ao comportamento da população e a sazonalidade de doenças respiratórias.
"O aumento de casos aconteceu, principalmente, porque as pessoas deixaram de utilizar a máscara e essa utilização era importante porque fazia uma barreira física para contaminação associada a um momento em que os vírus respiratórios têm uma incidência maior no inverno. Tem ambientes mais fechados, sem circulação de ar, e isso tudo favorece os vírus respiratórios", alerta.
O perfil atual das pessoas que recebem o diagnóstico positivo para infecção da Covid-19 no Espírito Santo é de pacientes assintomáticos ou com sintomas leves. A informação é do secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes.
De acordo com ele, a Sesa não observa a quantidade de casos graves registrada em janeiro deste ano. A hospitalização aumentou, ainda assim, em proporção menor ao que fora contabilizado no início deste ano.
"Há um predomínio de sintomas respiratórios altos com dor na garganta, espirro, tosse seca, cefaleia e de quadros que não transcorrem com quadros respiratórios explícitos, com pessoas somente com dor de cabeça e mal-estar, sintomas sutis", avalia.
No cenário atual, Nésio avalia as pessoas que têm quadro com predomínio de dor de cabeça e mal-estar no corpo procuram testes quando são contatos de alguém que testou positivo e que tinham sintomas respiratórios.
"Os sintomas que foram característicos no início da pandemia, como falta de ar mais intensa, súbita, aquela dispneia, perda do olfato e do paladar, se tornaram muito menos frequentes nesse momento do que em outros momentos", ressalta.
O médico infectologista Lauro Ferreira Pinto destaca que a vacinação tem resultado em casos mais leves. Lauro revela que os casos mais graves atingem crianças que não receberam a vacina, pessoas não imunizadas ou com doses em atraso.
"Tenho visto muita gente (infectada) com coriza, tosse, dor de garganta, sinusite e nariz congestionado. Tenho visto casos graves, principalmente, em idosos com comorbidades, não vacinados e sem dose reforço", informa o médico.
A epidemiologosita Ethel Maciel alerta que "a gente precisa se cuidar porque nossas vacinas sofreram impacto grande dessas mutações da Ômicron, que é uma variante que conseguiu ser bastante transmissível. O melhor mesmo é não se infectar".
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