Responsável por identificar a prevalência do novo coronavírus, o modelo de inquérito sorológico aplicado em cidades do Espírito Santo agora será feito também no sistema prisional do Estado. Os testes rápidos que identificam anticorpos do vírus serão realizados em pessoas privadas de liberdade e funcionários das 35 unidades prisionais do Estado. Ainda não foi definida uma data para o início da testagem, mas há a expectativa de que isso aconteça ainda no mês de agosto.
O projeto será executado pela Universidade Federal do Espírito (Ufes), o Instituto Jones dos Santos Neves, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) e a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) em conjunto.
Em resposta à reportagem de A Gazeta a Secretaria de Justiça do Espírito Santo informou que atualmente a fase é de "capacitação das equipes de saúde que atuam no sistema prisional".
Em nota, a Sejus disse que os testem têm objetivo de "levantar dados epidemiológicos e a prevalência da doença para atuar de forma pontual e específica no controle do novo coronavírus nos presídios".
A secretaria garantiu que o programa seguirá os mesmos moldes da testagem realizada nos municípios e que a data de início ainda está sendo planejada.
Segundo o médico infectologista e professor da Ufes, Ricardo Tristão, decisões do poder público podem ser melhor embasadas com a ajuda de uma pesquisa com "dados mais confiáveis".
"Precisamos saber como está a situação nas unidades prisionais e também para que as pessoas competentes possam ter uma percepção diante das ações. Avaliar sem análise não é tão simples", diz o professor.
O médico, que é um dos coordenadores do projeto, afirma que pendências impedem o anúncio imediato das datas de início e término.
"A logística precisa ser muito bem trabalhada, (o inquérito) demanda treinamento, várias coisas precisam ser analisadas. Estamos na expectativa de começar ainda esse mês", completa.
Assim como ocorre em municípios capixabas, o número será estatístico entre pessoas privadas de liberdade. Ou seja, haverá um critério para testagem de parte das pessoas, com um cálculo por amostragem.
O inquérito sorológico teve início em maio, quando o governo do Estado decidiu testar a população. O objetivo era quantificar o número de capixabas que já tiveram contato com o novo coronavírus e estimar o cenário vivido durante a pandemia.
No início de julho, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) decidiu expandir a testagem, auxiliando cidades que optaram pela pesquisa. Durante coletiva de imprensa, o secretário de Saúde Nésio Fernandes ressaltou que os municípios teriam "uma ferramenta para observar a própria realidade".
No último dia 5 de agosto, 1.144 presos do Espírito Santo foram liberados para o Dia dos Pais. Desse total, 29 não retornaram às unidades prisionais. O benefício, que está previsto em lei e é concedido pelo Pode Judiciário, aumentou o número de pessoas circulando nas proximidades de unidades prisionais na ocasião da saída dos detentos, o que pode ser um risco, haja vista a recomendação para o distanciamento social e isolamento domiciliar.
Segundo o professor da Ufes, Ricardo Tristão, ainda não é possível avaliar que a "saidinha" tenha provocado um aumento no número de casos confirmados da Covid-19.
De acordo com o Painel Covid-19, atualizado nesta quinta-feria (13), 123 indivíduos são considerados ativos no sistema prisional, por ainda apresentarem o vírus no corpo. 224 estão curados e dois óbitos já foram registrados.
Quanto aos internos do sistema socioeducativo, 26 ainda estão ativos e 52 estão curados. Até a tarde desta quinta-feira (13), nenhum óbito havia sido registrado nas unidades de internação de menores.
Em todo o Espírito Santo, 96.949 capixabas já testaram positivo para a Covid-19 e 2.823 morreram vítimas da doença.
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