O número de jovens contaminados com o coronavírus no Espírito Santo cresceu. Só em março, mais de 17 mil capixabas, com idades entre 20 a 39 anos, foram diagnosticados com a doença. Os números foram divulgados pelo Secretaria Estadual de Saúde (Sesa).
O aumento de jovens infectados tem relação com surgimento de novas variantes da doença, entre elas a B.1.1.7 - que é mais veloz, mais letal e atinge os mais jovens. Por consequência, o crescimento no número de contaminados também fez aumentar o número de mortos. Só em março, 44 pessoas, entre 20 a 39 anos, morreram em decorrência da doença. Na média, isso corresponde a mais de um jovem morto por dia.
Diante desse cenário, a chefe do Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde (Sesa), Larissa Dell’Antonio, faz um alerta: é importante evitar ao máximo o contágio.
"O que observamos enquanto vigilância é que pessoas mais jovens estão se contaminando e o desfecho óbito acontecendo com mais frequência. Não é só achar que será uma gripe ou que por ser saudável, não poderá desenvolver a doença. Está mais que provado que essa narrativa não é verdadeira. O essencial e importante é não se contaminar, é não se colocar em risco”, afirma.
Para a epidemiologista e pesquisadora da Ufes, Ethel Maciel, ao longo do mês de abril os números de contaminados e mortos pela doença devem seguir altos. Essa projeção pode ser feita porque o Espírito Santo segue em crescimento no número de contaminações, tendo inclusive registrado recorde nesta semana com 3.532 casos confirmados em apenas 24 horas na última terça-feira (30).
"A gente projeta que dentro de duas a três semanas, um percentual desses casos que estão positivos hoje vão estar hospitalizados, e um percentual dos hospitalizados vai morrer. Muito provavelmente o mês de abril ainda será de muitos casos e de muitas mortes", explica a pesquisadora.
Segundo Ethel, mudar esse panorama passa por duas ações: medidas mais restritivas de isolamento e ampliação da vacinação. Como vacinar mais pessoas em um curto período não é possível neste momento, a alternativa imediata seria manter as pessoas em casa por mais tempo.
"Ou nós vacinamos mais rápido, ou fazemos um isolamento mais rigoroso. O vírus circula por pessoas infectadas e muitas vezes essas pessoas nem sabem que estão infectadas e aí estão no transporte coletivo e nas empresas transmitindo esse vírus. Como a nossa vacinação ainda está muito lenta, precisamos de medidas mais restritivas para impedir as pessoas de circularem", avalia.
Para além disso, é preciso lembrar que os efeitos do isolamento social não são sentidos de forma imediata. A quarentena decretada pelo Governo do Estado, e iniciada em 18 de março, ainda não atingiu os índices desejados. Alguma queda no número de novos casos e mortes só deve começar a ser sentida na próxima semana.
"O isolamento que nós fizemos, nós ainda não vimos reflexo na diminuição dos casos. Isso demora. Uma ação que você toma hoje vai ter reflexo daqui a duas semanas. Estamos completando agora duas semanas da primeira ação do governo. Só que a primeira semana do decreto ainda foi muito flexível, com transporte público circulando. Acredito que a gente só vai ver mudança a partir da semana que vem", pondera.
Enquanto a curva não baixa, o infectologista e referência técnica do Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica da Sesa, Raphael Lubiana Zanotti, lembra que as recomendações seguem as mesmas: distanciamento, uso de máscara e higiene correta das mãos.
“Todos nós precisamos nos cuidar, mesmo aqueles que já tiveram a doença anteriormente. O vírus mutou e pode fazer novas mutações. Mas, as medidas de prevenção continuam as mesmas. Respeite o distanciamento social, use máscara e higienize as mãos”, conclui.
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