As mortes causadas pelo coronavírus triplicaram no Espírito Santo na comparação entre os dois primeiros meses deste ano. Ao longo de fevereiro, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) divulgou 598 óbitos – um aumento de 206% em relação a janeiro, quando foram contabilizados 195.
Para ajudar a compreender a dimensão do agravamento, vale lembrar que bastou pouco mais de uma semana para que o número de vidas perdidas em janeiro fosse superado. Além disso, é como se 21 pessoas tivessem morrido a cada dia, quase um óbito por hora.
O cenário observado é reflexo da quarta onda da pandemia no Estado, caracterizada pelo predomínio da variante Ômicron. Conforme divulgado pela Sesa, o pico de casos aconteceu em meados de janeiro e, devido ao comportamento da doença, o de mortes foi cerca de duas semanas depois.
Em entrevista para A Gazeta, o secretário Nésio Fernandes fez um desabafo sobre o comportamento de muitos capixabas, que passaram a ter uma menor percepção de risco, agindo de maneiras inadequadas diante do perigo real da Covid-19, inclusive no que diz respeito à vacinação.
Segundo ele, houve uma desaceleração na procura pelos imunizantes contra a Covid-19 e uma flexibilização imprópria no uso da máscara – duas proteções essenciais. "O isolamento também não tem tido a mesma disciplina. Precisamos rever isso, como população", defendeu.
Nesse sentido, o secretário ainda lembrou de um pronunciamento feito em janeiro, no qual ele alertou que a população não poderia subestimar a variante Ômicron, mesmo que esta fosse apontada como menos letal que outras cepas do coronavírus. Isso porque a cobertura vacinal não era alta o suficiente.
Apesar do aumento nos óbitos, o Espírito Santo vive, desde a semana passada, "uma queda sustentada de casos, internações e óbitos por Covid-19", segundo a Sesa. Esse cenário já impactou o número de infecções divulgadas em fevereiro, que foi de 172 mil – uma diminuição de 20% em relação a janeiro.
De acordo com especialistas ouvidos por A Gazeta, não há nada de anormal nos comportamentos distintos entre casos e mortes. Trata-se do intervalo entre as infecções e os consequentes óbitos, além do comportamento da Ômicron, cuja transmissão tinha aumentado, mas vem reduzindo significativamente.
Embora haja essa tendência de queda, tanto o infectologista Paulo Peçanha quanto a epidemiologista Ethel Maciel alertaram para possíveis mudanças devido às comemorações no período do carnaval. Ambos acreditam em novo aumento de infecções nas próximas semanas.
Na visão da epidemiologista Ethel, esse novo recrudescimento da pandemia não deve ser tão explosivo quanto a quarta onda, tendo em vista a quantidade de pessoas já infectadas pela Ômicron no final do ano. Ainda assim, afirmou que a recuperação da curva da pandemia seja mais lenta que o previsto.
A expectativa é praticamente a mesma da Sesa, que prevê uma piora no futuro próximo. "Mas, desta vez, não deve ser explosivo como na terceira e quarta ondas. O impacto em internações e óbitos deve ser menor. A oscilação será dentro da nossa capacidade assistencial", ressaltou Nésio.
Os dados usados nesta reportagem de A Gazeta consideram as atualizações diárias do Painel Covid-19, da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). Ou seja, os 598 óbitos de fevereiro foram divulgados ao longo do mês, mas não necessariamente se referem àqueles que aconteceram nos 28 dias
Por exemplo: no dia 1º de fevereiro, foram divulgadas 28 mortes em 24 horas. Todas foram contabilizadas como sendo de fevereiro. Porém, é possível que alguma faça referência a uma morte que aconteceu em janeiro, mas só foi notificada no dia 1º.
A mesma estratégia é adotada em relação aos casos confirmados.
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