Antes dos dados relativos à pandemia em abril, é preciso ressaltar: o Espírito Santo nunca registrou tantas mortes em um único mês e cada "número" desta matéria é, na verdade, uma pessoa: um pai, uma mãe, um filho, uma namorada, um amigo. Foram mais de 2 mil vidas interrompidas pela Covid-19. Famílias destruídas pelo luto.
Apenas em abril, o Estado contabilizou 2.024 óbitos causados pelo novo coronavírus – praticamente o dobro do divulgado em março. Em números absolutos, foram 929 mortes a mais que no mês anterior. Um aumento de 84% em relação àquele que, até então, era o pior de toda a pandemia capixaba.
Apesar dos óbitos em abril saltarem aos olhos, o cenário poderia ser ainda mais grave. De acordo com um estudo divulgado pelo Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos nessa quinta-feira (29), pelo menos 41 mil casos da doença e mais de 800 mortes foram evitadas no período.
A gravidade deste mês também fica evidente se comparadas as médias diárias. No pico da primeira onda da Covid-19, em junho do ano passado, eram 34 mortes por dia. Na segunda expansão, em dezembro e janeiro, eram 25. Em março, chegou às inéditas 35. Agora, em abril, foram 67 vidas perdidas por dia.
Segundo especialistas estudiosos da pandemia ouvidos por A Gazeta, todas essas vítimas mais recentes são reflexo da terceira onda da pandemia, anunciada antes do Carnaval, e provocada por quatro motivos principais:
Para tentar evitar o colapso no sistema de saúde, o Governo do Estado deu início à segunda fase de expansão hospitalar. Apesar desse aumento, quando 90% dos leitos de UTI ficaram ocupados, o governador Renato Casagrande anunciou uma quarentena estadual, entre o dia 18 de março e 4 de abril.
Atualmente, o Espírito Santo já vive a fase de recuperação da terceira onda. Isso significa que os números de novos casos, de novas internações e de novos óbitos já estão apresentando quedas. No entanto, a redução começa nos indicadores relativos às infecções e, por último, afeta aqueles ligados às mortes.
Dessa forma, diferentemente do que aconteceu com o número de óbitos, o mês de abril apresentou uma pequena diminuição no número de casos confirmados da Covid-19, com um total de 54.201 diagnósticos positivos. São 1.974 a menos que março – o equivalente a uma queda de aproximadamente 3,5%.
A queda acontece mesmo com a adoção de uma estratégia de testagem em massa pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), desde o início de abril. Ainda assim, este é o terceiro pior mês de toda a pandemia no que diz respeito às infecções. Além de março, ficou atrás apenas de dezembro, que teve mais de 58 mil casos.
No pronunciamento desta sexta-feira (30), o subsecretário Luiz Carlos Reblin disse que, neste momento de recuperação, a responsabilidade da população aumenta e ressaltou que, embora as pessoas possam ter a sensação "de que tudo acabou", a pandemia do novo coronavírus continua.
Neste sentido, o secretário Nésio Fernando alertou que uma possível quarta onda da pandemia, até agosto deste ano, pode ter um comportamento diferente, afetando jovens em uma proporção muito maior, ainda não verificada no Estado. "As pessoas precisam se preservar", afirmou.
Importante esclarecer que os dados utilizados nas comparações desta matéria levam em conta as atualizações diárias do Painel Covid-19. Ou seja, não necessariamente as mortes e os casos aconteceram, de fato, em abril. Porém, todos foram divulgados ao longo deste mês pela Secretaria Estadual de Saúde.
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