Uma versão anterior deste texto afirmava erroneamente que foram divulgados 16.841 casos de Covid-19 durante a primeira quinzena de novembro no Espírito Santo. No entanto, o número correto é 14.207. A informação foi corrigida.
Faz meses que as pessoas já sabem o que é a pandemia da Covid-19 e como agir para ajudar a controlar a doença. Porém, nesta reta final do ano, ela dá indícios de que está ganhando força novamente entre os capixabas. Pelo menos é isso que indicam os números da primeira quinzena de novembro.
Apenas nesse intervalo de tempo, foram divulgadas mais 154 mortes causadas pelo novo coronavírus no Espírito Santo. Em relação ao mesmo período de outubro, essa quantidade representa um crescimento de 3,35%. Embora pequeno, este é o primeiro aumento desde o pico de óbitos, registrado em junho.
Como é possível ver no gráfico, as mortes registradas nos primeiros 15 dias de novembro ainda estão, em números absolutos, longe daquelas do período mais crítico da pandemia no Estado. Porém, elas refletem uma mudança de comportamento e servem de alerta, segundo especialistas.
Doutora em epidemiologia e colunista de A Gazeta, Ethel Maciel resume que o momento é de preocupação. "Nós esperávamos continuar em diminuição, até um cenário de transmissão local; mas a maior interação entre as pessoas resultou em mais casos graves e mais mortes", afirmou.
Infectologista, a médica Rúbia Miossi tem pensamento semelhante. "O que a gente está vendo agora é uma sequência do que começou a ser visto lá em setembro, quando os casos voltaram a crescer. É natural que os óbitos aumentem, porque a gente tem aumento sustentado de casos há meses", explicou.
O que elas dizem também é possível de se verificar na quantidade de casos confirmados durante a primeira quinzena deste mês: foram 14.207 novos infectados mais de 3 mil a mais do que o divulgado no mesmo período de outubro e o maior número desde agosto, primeiro mês após o pico.
No entanto, é importante lembrar que a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) ampliou a testagem duas vezes, nos dias 11 e 22 de setembro. Desde então, quem mora com um positivado ou quem apresenta sintomas da doença é testado, independentemente de idade ou comorbidades.
De acordo com Ethel Maciel, também "é difícil falar em segunda onda, porque houve uma subnotificação em julho e provavelmente tinha muitos mais casos do que o registrado". Ainda assim, "nas últimas semanas, aconteceu um aumento importante e a doença voltou a ter um crescimento exponencial".
A epidemiologista comentou que a proporção de mortes, em relação aos casos confirmados, ter diminuído é algo esperado. "Nós aprendemos a lidar com a doença e temos mais jovens se infectando, que tendem a quadros de menor gravidade", disse, alertando que a sensação pode ser de falso bem-estar.
Para a Ethel Maciel, a solução passa por uma campanha de conscientização mais presente, por uma comunicação mais clara do mapa de risco já que a cor verde não significa a ausência do risco e por uma maior compreensão, por empregado e empregador, da necessidade de isolamento por qualquer sintoma da Covid-19.
Aquelas "antigas regras" de lavar a mão, usar máscara, evitar aglomeração e lugares fechados também continuam valendo. "A gente só tem duas opções: ou começa a fechar tudo de novo ou se conscientiza, faz o rastreamento da doença e se isola. Se a gente deixar, vai continuar subindo", alertou.
A Gazeta demandou a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa) para comentar o atual cenário da pandemia, considerando os números da primeira semana de novembro. Assim que receber o retorno, esse texto será atualizado.
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