O indicador que mostra o nível de contágio do novo coronavírus no Espírito Santo, chamado de taxa de transmissão (Rt), calculada até o dia de Natal, apresentou crescimento. Mas ainda é um aumento que não reflete os efeitos das interações e aglomerações registradas nas festas de final de ano em vários municípios capixabas.
A taxa passou de 0,78 para 0,84. Na prática, significa que cada 10 pessoas podiam contaminar outras oito. “Ela é um retrato do passado, sem os efeitos do que aconteceu no final de ano”, explica Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN).
O ideal é que a Rt, o "ritmo de contágio", e que traduz o potencial de propagação de um vírus, se mantenha abaixo de 1. Acima de 1 significa que 100 indivíduos infectados podem passar a doença para outras 100 pessoas. Em abril de 2020, por exemplo, a taxa chegou a 3,44. Ou seja, 100 infectados eram capazes de transmitir o vírus para mais de trezentas pessoas.
O cálculo da taxa foi feito até o dia de Natal e há uma janela de 14 a 21 dias para se ter repercussão de determinados eventos nos indicadores epidemiológicos. Como explica Lira, os reflexos das aglomerações do final de 2020 vão começar a aparecer nas estatísticas a partir da segunda quinzena deste mês.
Na Grande Vitória a taxa de transmissão alcançou 0,82 (veja imagem acima). Não foi diferente no interior do Espírito Santo, que marcou 0,85 (veja abaixo).
Nos primeiros doze dias de janeiro de 2021, 261 pessoas perderam a vida para a Covid-19. É quase o mesmo tanto de mortes registradas em todo o mês de outubro do ano passado, quando o indicador alcançou 294 perdas.
Se mantendo o mesmo ritmo, há uma probabilidade que o mês de janeiro supere os registros de mortes de novembro (464) ou até dezembro (788). “Podemos superar esta triste estatística, provavelmente”, assinala Lira.
E as próximas semanas ainda reservam outros momentos de preocupação. Um deles é com a realização do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) nos próximos dois finais de semana. E há ainda, no início de fevereiro, a vinda de mais um feriado, o Carnaval.
Lira observa que mesmo sem os tradicionais desfiles das escolas de samba e blocos nas ruas, o Carnaval é um período de atenção e monitoramento das taxas e indicadores. “Tem um potencial de aumento da interação social. Deveríamos estar em um momento de controle maior, mas sabemos que é preciso redobrar a atenção”, pondera.
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