Uma análise dos dois inquéritos sorológicos realizados pela Secretaria de Saúde no Espírito Santo (Sesa) apontou que 65% das mortes por Covid-19 são de moradores do interior do Estado. Quanto ao total de infectados, 77% dos doentes também estão foram da região da Grande Vitória. Os dados foram divulgados pela Sesa nesta terça-feira (25) durante uma coletiva on-line.
De acordo com epidemiologistas, a curva de contágio do novo coronavírus tem diferentes estágios. Na Grande Vitória, epicentro da doença no Espírito Santo, já começou a descer. Já a curva de disseminação do novo coronavírus no interior está com três semanas de atraso de evolução, se comparada com a da Região Metropolitana.
Atualmente, o Estado possui mais de 107 mil casos confirmados de contaminação pelo novo coronavírus e 3.068 óbitos pela doença. "Há uma redução de 26% dos casos nos últimos 14 dias e de 18% nos números de õbitos de hoje (terça-feira (25). Eles se equiparam aos números do final de maio", afirmou Luiz Carlos Reblin, subsecretário de Vigilância Sanitária.
Em julho, A Gazeta apontou que os pacientes em estado grave da Covid-19 e que residem no Espírito Santo poderiam ter maiores dificuldades em conseguir uma vaga nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), segundo especialistas. Na Região Metropolitana essa situação já está estabilizada, mas na Região Norte do Estado, por exemplo, a taxa de ocupação é mais elevada.
"Não temos só a Covid-19 como doença que precisa de respiradores. Agora, é a época do ano em que ocorrem outras doenças respiratórias, inclusive a Influenza, que causam a síndrome respiratória aguda. Isso já vai pressionar os leitos de UTI. Soma-se a isso a diferença de cerca de três semanas de atraso da disseminação do vírus entre o interior e a Região Metropolitana", explicou a pós-doutora em epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel.
Outro ponto levantado como motivo para mais pessoas serem contaminadas no interior está diretamente ligado ao comportamento da população, segundo Ethel Maciel. "Pouco isolamento social contribuiu. O interior não tinha muitos casos, mas houve a flexibilização do comércio, as barreiras sanitárias não ocorreram de forma efetiva, as pessoas infectadas se mobilizaram de um lugar para outro, o vírus foi se deslocando", observou.
A professora da Ufes também pontuou como problema a falta de atendimento básico domiciliar. "As pessoas que moram no interior não estão a 15 minutos de um hospital. A Covid-19 leva a 50% de comprometimento do pulmão rapidamente. Além disso, é necessário aumentar a testagem das pessoas para que elas saibam que estão doentes", argumentou Ethel.
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