A curva do novo coronavírus no Espírito Santo parou de subir nas últimas semanas, alcançando uma estabilidade. Mas a notícia não é motivo para comemorar, de acordo com o médico cardiologista Henrique Bonaldi. Em entrevista para César Fernandes, da TV Gazeta, o profissional da saúde afirmou que ainda há riscos de contaminação e explicou que são necessários novos cuidados para tentar diminuir o número de casos e mortes.
Durante a entrevista, realizada por live no Instagram, no último domingo (27), Bonaldi explicou que a curva está em um momento de transformação de ascendente para descendente.
O médico lembrou que mais de duas mil pessoas já morreram no Estado por causa da Covid-19. Para evitar mais óbitos, é preciso intensificar as medidas de segurança como isolamento, uso de máscara e higiene.
"Não é hora de bobear. Essa doença matou duas mil pessoas quando a curva subiu e agora vai matar outras duas mil para descer. Só tem um jeito da gente não permitir isso: diluindo a doença de novo. Não é que dessa forma a gente vai acabar com a curva antes, mas se Deus quiser quando a vacina chegar, a gente faz a pausa nessa curva e não mata tanta gente", explicou.
Em meio há tantos casos que ainda estão previstos para acontecer, Bonaldi diz que não é o momento de comemorar ou socializar com os amigos. Ele afirma que, na verdade, é hora de pensar em como agir nos próximos meses para voltar à rotina sem disseminar a doença.
"Existe a possibilidade da curva, já estabilizada, subir. Descer não é algo certo. Claro que a chance dela descer é maior do que subir mais do que a primeira curva. Porque é o que está acontecendo em outras cidade. Mas ela não desce direto, ela pode descer fazendo caminhos que sempre vão atrapalhar a gente - e que podem, inclusive, matar mais de duas mil na pessoas. Então essa viagem de que 'ah, está tudo bem', não, não está. Mas a gente já pode se permitir pelo menos a ir ao calçadão, só precisamos discutir como fazer isso com segurança", explicou.
O médico completou que se antes havia o clamor para que as pessoas ficassem em casa, agora o pedido é para que as pessoas tomem os cuidados necessários ao se exporem na rua, como usar a máscara corretamente.
Emocionado, o cardiologista contou que nos últimos quatro meses precisou noticiar várias vezes para um familiar a morte de um ente querido pela Covid-19. Ele conta que nesse momento difícil é comum que o parente sinta-se culpado por ter saído de casa sem necessidade, expondo-se ao vírus.
"Todas as vezes dói demais ter que falar para a família, e não teve uma vez que não fiquei emocionado poque você tem que falar para aquele indivíduo que ele nunca mais vai ver o familiar, nem no caixão. Grande parte das vezes vejo o ente querido colocar a mão na cabeça e se perguntar: 'por que fui em tal lugar?'. Isso dói. O ambiente fica cinza, baixo astral. É uma culpa que o cara carrega", lembra.
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