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Covid-19: o que os municípios do ES precisam fazer para ficar no risco baixo

Covid-19: o que os municípios do ES precisam fazer para ficar no risco baixo

A partir desta segunda-feira (31), média móvel de óbitos e testagem da população são dois dos indicadores da Covid-19 para a classificação das cidades

Publicado em 31 de agosto de 2020 às 09:40

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Ato homenageia capixabas mortos pelo novo coronavírus na praia de Camburi, em Vitória
Homenagem a mortos pela Covid-19 na praia de Camburi, em Vitória: município tem que reduzir óbitos à metade para ficar no risco baixo. (Ricardo Medeiros)

A nova matriz de risco da Covid-19 no Espírito Santo, que passa a vigorar nesta segunda-feira (31), estabeleceu dois eixos - ameaça e vulnerabilidade - para classificar as cidades, conforme os indicadores avaliados. Agora, conseguir ficar no menor nível de risco exigirá um grande esforço das administrações municipais.

No eixo "ameaça", número de casos ativos (pessoas que podem transmitir a doença) dos últimos 28 dias e testagem por mil habitantes terão, cada um, peso de 30% na análise. Já a média de mortes, 40%. No eixo "vulnerabilidade" será considerada a taxa de ocupação de leitos potenciais de UTI no Estado. Este modelo estabelece uma matriz de convivência com a pandemia, que ainda não acabou, com novas formas de controle da disseminação do coronavírus. 

Municípios com mais de 200 mil habitantes, por exemplo, têm que registrar média móvel de óbitos igual ou inferior a 0,5. Apenas como referência, Vitória, que hoje tem esse indicador em 1,21, precisaria reduzi-lo a menos da metade para ter um dos componentes exigidos (ameaça leve) e ser classificado no mapa como risco baixo. 

"Vitória tem em torno de 17 mortes na média de 14 dias. E entendemos que uma quantidade razoável seriam 10 mortes em todo o Estado. Então, cada município, de acordo com a faixa da população, tem seus gatilhos com relação ao nível de ameaça", explica o coronel Alexandre dos Santos Cerqueira, comandante do Corpo de Bombeiros, que participa da elaboração da matriz.

Foram definidas cinco faixas populacionais para determinar o nível de ameaça, de acordo com a média móvel de mortes. Quanto menos habitantes, menor deve ser o indicador para reduzir o risco do município. Nas cidades com menos de 30 mil pessoas, a média de óbitos não pode passar de 0,1 para uma ameaça considerada leve, e vai crescendo sucessivamente até chegar a 0,5, nos municípios com mais de 200 mil  habitantes. 

ATENÇÃO PRIMÁRIA

Para o coronel, o indicador de óbitos é o que mais preocupa porque materializa tudo o que é ruim em relação à doença. Por essa razão, o novo modelo de classificação de risco dá maior ênfase à quantidade de mortes, mas não se deve ignorar os outros indicadores.

"Os municípios precisam ampliar a testagem, fazer cumprir as medidas restritivas, melhorar a atenção primária no atendimento aos pacientes sintomáticos e, quando tem resultado positivo para o coronavírus, cuidar para isolá-lo. São ações que o município vai ter que reforçar bastante para diminuir o seu risco na nova matriz", aponta o coronel Cerqueira. 

O professor Etereldes Gonçalves Junior, do Departamento de Matemática da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE), acrescenta que o modelo foi criado de modo a equilibrar os indicadores e revelar o cenário de cada município. 

Uma cidade com número baixo de casos ativos poderia estar testando pouco, observa o professor. Mas se tem alta taxa de testes por mil habitantes e, ao mesmo tempo, reduzido número de pessoas transmitindo o vírus, significa que a doença está mais controlada. "Tem que testar muito e ter poucos casos", ressalta Etereldes. 

O coronel Cerqueira avalia que, nas próximas semanas, o mapa do Espírito Santo vai ficar cada vez mais verde - a cor que indica risco baixo - porém o otimismo não tira do comandante dos Bombeiros o senso de cautela. "É importante entender que a ameaça continua, mesmo nas cidades de risco baixo. Além do trabalho dos municípios, as pessoas também precisam ter cuidado, adotando o distanciamento social, o uso de máscaras e a higienização. Se vai a algum lugar, é preciso cada um fazer o seu papel,  e essas três estratégias são excelentes", finaliza. 

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