A explosão de casos de Covid-19 observadas nas últimas semanas no país, bem como em outros locais do mundo, levou o Brasil a iniciar estudos sobre a aplicação de uma nova dose de reforço, ou a quarta dose do imunizante contra o coronavírus, para mais grupos. Atualmente, ela só é recomendada para imunossuprimidos.
Membros da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização Covid-19 (Ctai), criada para avaliar medidas de combate à pandemia no âmbito do Ministério da Saúde, devem se reunir nesta sexta-feira (28) para avaliar uma possível nova etapa de imunização, incluindo idosos e profissionais da saúde, que atuam na linha de frente do enfrentamento à pandemia. Medida similar já foi tomada em países como Chile e Israel, conforme divulgou o portal Metrópoles.
No Brasil, a quarta dose foi implementada em uma nota técnica do Ministério da Saúde no final dezembro. Contudo, por enquanto, é autorizada a aplicação somente nos imunocomprometidos com mais de 18 anos de idade que se enquadram nos seguintes grupos:
As vacinas contra Covid-19 continuam a conferir boa proteção contra a doença grave, hospitalização e morte, como vem sendo percebido nas últimas semanas, em que mesmo com o alto índice de infecções, a quantidade de casos críticos permanece em níveis bastante inferiores.
Porém, estudos já demonstraram que a quantidade de anticorpos tende a cair com o passar do tempo. Isso não significa que as pessoas fiquem completamente vulneráveis à infecção, uma vez que organismo tem outras formas de defesa, mas as doses de reforço buscam justamente melhorara a capacidade de resposta imunológica.
Embora a aplicação de doses de reforço seja uma estratégia já bem estabelecida para outros imunizantes, como é o caso da vacina da gripe, por exemplo, a questão principal hoje, segundo a pós-doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Ethel Maciel, é de prioridade. Ela questiona a necessidade de começar a aplicação da quarta dose quando a maior parte da população ainda nem recebeu a terceira.
“O que a gente sabe até o momento, principalmente com dados do Reino Unido e dos Estados Unidos, é que a terceira dose já aumenta muito a capacidade de anticorpos neutralizantes, aqueles anticorpos que serão responsáveis por uma resposta melhor do nosso organismo ao vírus, inclusive a Ômicron. O que está acontecendo no Brasil é que temos um percentual pequeno de pessoas com a terceira dose”, diz.
Ela pondera que é certo que uma segunda dose de reforço ajudará a aumentar ainda mais a cobertura imunológica, mas por demandar uma série de gastos e planejamentos por parte dos gestores públicos de saúde, os esforços, no momento, deveria estar voltados para atingir altas taxas de cobertura entre os grupos prioritários, antes de oferecer dose adicional aos outros grupos.
Já o infectologista Carlos Urbano avaliou que se o governo tiver vacinas suficientes para oferecer a quarta dose para mais pessoais, é uma opção válida, que pode e deve ser adotada.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) também foi procurada para comentar a respeito, mas não se manifestou.
Há vários meses, as autoridades israelenses autorizaram a quarta dose para para pessoas idosas e grupos da vulneráveis. Nesta quarta-feira (26), o titular do Ministério da Saúde de Israel, Nachman Ash, anunciou que todas as pessoas imunodeprimidas e os trabalhadores da linha de frente maiores de 18 anos poderão tomar a quarta dose.
A ampliação ocorreu depois de pesquisadores daquele país analisarem resultados de efetividade, ou seja, dados sanitários da população, que mostraram que aqueles vacinados pela quarta vez alcançaram de três a cinco vezes mais proteção contra doença grave provocada pela Covid em comparação com quem recebeu três doses. A defesa contra a infecção pelo vírus Sars-CoV-2 cresceu duas vezes.
Embora Israel tenha sido um dos pioneiros, a segunda dose de reforço também já é prevista em outros países, como Chile, que hoje já aplica a vacina em imunossuprimidos e passará a ofertar o novo reforço para pessoas sem comorbidades a partir de fevereiro.
Outros países, como Alemanha e Estados Unidos, atualmente discutem a possibilidade dessa aplicação extra diante da explosão de casos da Ômicron.
Membros da Câmara Técnica de Assessoramento em Imunização Covid-19 (Ctai), criada para avaliar medidas de combate à pandemia no âmbito do Ministério da Saúde, devem se reunir nesta sexta-feira (28) para avaliar uma possível nova etapa de imunização, atualmente adotada por Chile e Israel.
Hoje, a quarta dose só é disponibilizada no Brasil aos imunocomprometidos, que são:
Pessoas com imunodeficiência primária grave; Pessoas que realizaram quimioterapia para câncer; Transplantados de órgão sólido ou de células tronco hematopoiéticas; Pessoas vivendo com HIV/AIDS; Pessoas que fazem uso de corticoides em doses iguais ou maiores que 20 mg/dia de prednisona, ou equivalente, por 14 ou mais dias; Pessoas que fazem uso de drogas modificadoras da resposta imune; Pessoas com doenças autoinflamatórias ou intestinais inflamatórias; Pacientes em hemodiálise; e Pacientes com doenças imunomediadas inflamatórias crônicas.
Ainda há poucos estudos científicos demonstrando a necessidade de uma quarta dose. Algumas evidências, no entanto, já começam a se acumular, como vem acontecendo em Israel.
O que se sabe até agora é que as doses de reforço podem estimular o organismo a produzir mais anticorpos específicos contra o coronavírus Sars-CoV-2 e células do tipo B (produtoras de anticorpos) de memória, o que ajudaria a fornecer uma proteção imunológica mais duradoura.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta