Com o aumento da taxa de transmissão do novo coronavírus no Espírito Santo e diante da perspectiva de aumento da testagem de casos pela Secretaria de Estado da Saúde, associada aos inquéritos e censos escolares, é possível afirmar, com precisão, que a pandemia da Covid-19 ainda não acabou. Mas, após meses de restrições, começam a aparecer relatos de leitores que estão se deixando vencer pelo cansaço, abandonando alguns bons hábitos como, por exemplo, o de higienizar as compras de supermercado ao chegarem em casa.
Diante das dúvidas sobre até que ponto é importante manter limpos os produtos recém comprados, a reportagem de A Gazeta ouviu especialistas. O que foi unânime entre eles é que a higienização das compras deve continuar sendo realizada.
De acordo com o farmacêutico bioquímico Rodrigo Alves do Carmo, é importante higienizar as compras ao chegar em casa porque não é possível determinar se estão contaminadas. "As partículas virais podem se depositar sobre as superfícies, permanecendo viáveis por algumas horas ou dias, dependendo das características de cada uma. E o melhor produto para higienização das compras é, geralmente, o álcool a 70%. Vale lembrar que é importante friccionar o pano embebido em álcool na superfície que se pretende higienizar para garantir a eficácia", disse.
Para a médica infectologista Rúbia Miossi, a higienização dos produtos vai além da preocupação com o novo coronavírus. "A higienização de todas as compras ao chegar em casa é importante porque evita que se pegue alguma doença que pode ser transmitida pelo contato, não só o coronavírus, mas também de doenças como leptospirose ou outras que podem ser transmitidas por baratas. Os produtos ficam em depósitos em supermercados e é comum ter roedores circulando, por mais que o estabelecimento tenha controle de pragas", acrescentou.
Segundo o infectologista Lauro Ferreira Pinto, até o momento não há estudos definitivos sobre a importância da higienização de produtos recém comprados para a prevenção da Covid-19. De qualquer maneira, na dúvida, é melhor deixar limpos os produtos que são mantidos em casa. "Não sabemos se a importância disso é excepcional à prevenção da Covid. Eu sempre digo que as pessoas às vezes higienizam tudo quanto é alimento, mas ficam perto de outras pessoas sem máscara. Quer dizer, o vírus está principalmente nas gotículas quando uma pessoa fala, espirra ou tosse. Embora não haja comprovação, a gente continua orientando que as pessoas higienizem compras, alimentos, verduras, tudo o que for para geladeira ou dispensa, até por causa das condições de armazenamento nos estabelecimentos", afirmou.
Para Miossi, em relação às embalagens como vidros, potes, latas e caixas, o ideal é usar água e sabão. "Aqueles produtos 'Tetra Pak' tipo as caixinhas de leite, por exemplo, e outros materiais que a gente leva, podem ser higienizados com água e sabão ao chegar em casa. Aplica-se uma camada fina de sabão com a bucha, ou detergente, enxagua com água, seca com pano limpo e guarda: é o suficiente", esclareceu.
A infectologista afirma que para produtos embalados em saco de papel, que não dê para ser lavado, há outros procedimentos recomendáveis. "Materiais que vêm em saco de papel, como pão da padaria, não dá para lavar, então o que deve ser feito é higienizar as mãos assim que abrir o pacote, retirar o pão, colocar em outra embalagem que tenha em casa, como saquinhos, cestas e outros locais para armazenar e descartar as embalagens de papel que não podem ser higienizadas", destacou.
Para as frutas e verduras, os especialistas indicaram, de modo geral, o uso de solução de hipoclorito de sódio, ou seja, 1 colher de sopa cheia de água sanitária para 1 litro de água. Segundo Rúbia Miossi, é possível lavar com água corrente, depois colocar de molho com a solução. "As folhas, por exemplo, como vegetais que são comidos crus, devem ser higienizadas com água corrente, inicialmente, e depois colocar de molho nessa água com solução de hipoclorito de sódio. Já as frutas com casca, como maçã, banana, laranja e limão, podem ser higienizadas com água e sabão e armazenadas", explicou.
No mesmo sentido, Do Carmo afirma que as frutas e verduras que podem ser lavadas com água e sabão, devem ser assim higienizadas antes de guardar. "Outra opção seria utilizar aquelas soluções cloradas e deixar submersas, conforme orientações do fabricante ou deixar submersas em solução diluída de água sanitária: 1 colher de sopa cheia de água sanitária para 1 litro de água, por 15 minutos e depois enxaguar", ensinou.
Para o infectologista Lauro Ferreira Pinto, a orientação é lavar tudo o que for possível com água e sabão. "Tudo que você traz de fora eu oriento principalmente água e sabão, em especial todo produto que vai para a geladeira. O que não admite água e sabão, álcool a 70% é o que consideramos melhor", disse.
De acordo com o farmacêutico Rodrigo Alves do Carmo, é possível estimar ainda a sobrevida do vírus em diferentes superfícies. "De acordo com um estudo publicado no New England Journal of Medicine, o SARS-CoV-2 pode permanecer viável por até 3 dias em plástico e aço inoxidável, 24 horas em papelão e 4 horas em cobre", concluiu.
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