A Covid-19 ainda é uma doença recente no mundo, causando muitos questionamentos e dúvidas. As sequelas que os infectados pelo novo coronavírus podem desenvolver são pouco conhecidas e estão sendo estudadas. Entre relatos como perda de memória ou mudança no paladar, também há registros de impotência sexual.
A médica norte-americana Dena Grayson, especialista em doenças infecciosas, fez um alerta na última semana para a possibilidade de homens sofrerem de disfunção erétil após se recuperaram da Covid-19. Em entrevista à NBC Chicago LX, a profissional atribuiu a impotência sexual ao fato de a doença causar problemas vasculares em grande parte dos pacientes, inclusive causando amputação de membros por falta de circulação sanguínea.
"Isso é algo realmente preocupante. Não é apenas que esse vírus pode matar você, mas pode realmente causar complicações de longo prazo, ao longo da vida", disse a médica durante a entrevista, completando que acredita que o sistema neurológico também pode ser afetado após uma pessoa se curar da Covid-19.
As informações foram compartilhadas por especialistas de todo o mundo. Uma delas foi Ethel Maciel, doutora em Saúde Coletiva e Epidemiologia e também professora da Ufes, que divulgou a notícia no Twitter. A especialista contou que já há vários relatos pelo mundo de impotência sexual após a Covid-19, principalmente nos pacientes que evoluíram para o estágio mais grave da doença, com internações, por exemplo.
"O tema não tem sido muito comentado ainda no Brasil porque temos muitos tabus nesse assunto. Mas é importante alertarmos que isso foi encontrado em alguns pacientes, e podem estar acontecendo mais casos do que temos notícia. Muitos por conta desses problemas vasculares. Há casos de pessoas que tiveram que amputar a perna pela complicação da circulação. O fato de estarmos encontrando pessoas com disfunção erétil após a Covid-19 tem uma justifica plausível, do ponto vista da saúde. Porque a ereção depende da circulação", explica.
A especialista acrescenta que a duração dessa disfunção erétil ainda é desconhecida. Ou seja, por enquanto não é possível saber o problema pode durar curto ou longo prazo, ou mesmo se as consequências podem ser por toda a vida.
"É um alerta para os homens que tiveram Covid-19 e também aos profissionais que estão acompanhando as pessoas que tiveram alta - principalmente os que ficaram em estado grave, com internação. Porque essa disfunção erétil pode ser consequência da doença devido à falta de circulação. Muitas pessoas podem estar enfrentando esse problema agora e ainda não relacionaram com a Covid-19", analisa.
O número de pacientes relatando impotência sexual na Grande Vitória aumentou durante a pandemia, de acordo com o urologista Carlos Chagas. Muitos deles, segundo o médico, tiveram Covid-19 antes de apresentar o quadro de disfunção erétil. Para o especialista, pode ser uma sequela da doença devido a problemas vasculares. Mas Chagas não acredita que seja apenas essa a motivação. Para ele, problemas psicológicos que se tornaram mais comuns durante a pandemia, como depressão e estresse, também podem influenciar.
"Vi um aumento de pacientes no consultório, inclusive jovens e pessoas que tiveram Covid-19, narrando disfunção sexual. E essa impotência não tem relação com perda de desejo. Ainda não tenho estudos científicos sobre isso, mas, se a doença pode trazer alterações vasculares em várias órgãos, porque não na parte peniana? Porém, há outros fatores importantes a serem considerados, como estresse, ansiedade e depressão causados por problemas econômicos, medo de perder o emprego, medo de morrer, isolamento social, maior convivência em casa. Tanto que os quadros de problemas psicológicos aumentaram na pandemia. Então, a disfunção erétil pode ser uma sequela da Covid-19, mas não acredito que seja apenas isso", pondera.
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