Em 38 cidades do Espírito Santo, o contágio pelo novo coronavírus provocou mais mortes na segunda fase da pandemia, a partir de outubro do ano passado. Em parte delas, o pico da doença em um mês superou o dobro do registrado na primeira fase.
Os dados foram obtidos junto ao Painel Covid-19 do Espírito Santo, ferramenta da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) que reúne as estatísticas estaduais relativas à doença causada pelo novo coronavírus.
Foi considerado como primeira fase o período que vai de março, quando foi decretada a pandemia, até o mês de setembro de 2020, quando houve um decréscimo de casos da doença no Estado. A segunda fase ocorre a partir de outubro, quando os registros da Covid-19 voltam a crescer, até a última terça-feira (23).
Das 38 cidades afetadas mais fortemente pela Covid-19 na segunda fase da pandemia, a maior parte é pequena, com uma população com menos de 30 mil moradores. Seis delas não chegam a 34 mil habitantes e duas estão entre 40 mil a 45 mil moradores, segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até 2020. São elas:
O pico da doença - representado pelo número de mortes registradas em um único mês - também foi maior na segunda fase em 37 dessas cidades. E em 19 localidades, o pico da segunda curva de óbitos registrou mais que o dobro de mortes da primeira curva.
Neste cenário algumas cidades se destacam. Alfredo Chaves do início da pandemia até a última terça-feira (23) registrou um acumulado de 22 mortes por Covid-19. Foram sete até setembro, com pico de dois óbitos em maio e outros dois em agosto.
Mas na segunda fase, a partir de outubro, a cidade registrou 15 óbitos. O segundo pico de mortes ocorreu em dezembro, com 9 casos. Em um mês se teve mais mortes na cidade do que nos sete primeiros meses da pandemia (março a setembro). O município tem pouco mais de 14 mil habitantes.
Outro exemplo vem de Governador Lindenberg que acumula 13 óbitos pela Covid-19. Na primeira fase, até setembro, foram duas mortes, uma em agosto e outra em setembro. Mas na segunda fase a cidade já contabiliza 11 óbitos, sendo seis no mês de dezembro. No município vivem pouco mais de 12 mil habitantes.
Em Iconha, 12 pessoas já perderam a vida para a doença desde março. Mas todas as mortes foram registradas na segunda fase da pandemia, a partir de outubro. O único pico da doença vivenciado na cidade foi em dezembro, com cinco mortes no mês. No município vivem quase 14 mil pessoas.
Há ainda o caso de Guaçuí, com pouco mais de 31 mil habitantes e que acumula até a última terça-feira (23) 61 mortes causadas pelo novo coronavírus. Até setembro, foram 22 óbitos, com picos de 5 casos nos meses de julho, agosto e setembro. Na segunda fase, a partir de outubro, a cidade registrou 39 mortes, sendo 19 delas só no mês de janeiro.
Esta situação, de uma segunda fase mais intensa da pandemia, não foi registrada nos municípios da Grande Vitória (Serra, Vitória, Vila Velha, Cariacica, Viana). Também não ocorreu nos municípios polos do interior, como Colatina, Cachoeiro e Linhares.
Pablo Lira, diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), explica que os indicadores apontam que a pandemia segue a chamada hierarquia urbana. Em uma primeira fase ela afetou fortemente os maiores aglomerados urbanos, onde começaram a ser registrados os primeiros casos da doença.
A média móvel de óbitos dos últimos 14 dias - que aponta a média de óbitos diários -, estava 5,29 nesta quarta-feira (24), mas já alcançou níveis bem maiores no início da pandemia na Grande Vitória. Na primeira fase, a média chegou a 22,21, em junho. Na segunda fase, reduziu para 11,43, em dezembro.
“O saldo demonstra que em um segundo momento, nos maiores aglomerados urbanos, o impacto não é tão intenso. Na Grande Vitória, a média móvel de óbitos da segunda fase foi a metade da registrada no primeiro momento, em junho”, pondera Lira.
Agora as cidades que não foram muito afetadas na primeira fase sofrem com um impacto ainda maior. A média móvel de óbitos no interior do Estado estava, nesta quarta-feira (24), em 10,93.
Na primeira fase, alcançou 16,93 em julho de 2020. No final do ano, já na segunda fase da pandemia, chegou a 17,93 em dezembro. “São cidades que agora são mais afetadas de maneira geral”, acrescenta Lira.
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