Na esperança de que uma vacina contra o coronavírus comece a ser distribuída no Brasil em janeiro de 2021, médicos que atuam na linha de frente da pandemia contam com a utilização de medicamentos já identificados como promissores no combate aos sintomas do vírus e, assim, ampliam alternativas de tratamento.
Alexandre Barbosa é médico infectologista, chefe de Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Segundo ele, a experiência adquirida ao longo dos meses de convivência com a doença tem sido o principal trunfo.
Ele relata que os médicos começaram a entender quais procedimentos e medicamentos têm sido mais eficazes no tratamento aos sintomas e complicações que o vírus provoca no organismo. Ele atestou que, na suspeita de contaminação, o teste PCR é a primeira medida adotada, seguida com o isolamento do paciente.
Antes, a gente deixava a pessoa com sintomas em casa. Hoje sabemos que é melhor internar mais cedo. A gente também intubava precocemente. Agora já se sabe que talvez seja melhor intubar mais tarde. Tem uma medicação que mudou um pouco a história, que é o corticóide. Quando usado em paciente grave, que precisa de ventilação mecânica, há melhora no quadro, explicou Alexandre.
Um dos corticóides utilizados é a dexametasona. O remédio serve para controlar o quadro inflamatório grave do pulmão que aparece entre o sétimo e o décimo dia da presença da doença no organismo. Além dos corticóides, os especialistas explicam que os pacientes com quadro clínico grave podem ser medicados com anticoagulantes e antibióticos.
A aplicação dos medicamentos vai variar de acordo com o quadro clínico identificado. Além da dexametasona, o corticóide metilprednisolona também tem sido recomendado.
Já na classe dos anticoagulantes, os mais comuns são a heparina e enoxaparina. Se durante a avaliação houver um quadro de infecção bacteriana no pulmão, os médicos também podem receitar o uso de antibióticos.
Quanto às vacinas, quatro compostos estão sendo testados no Brasil: o produzido pela farmacêutica americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech; a vacina da AstraZeneca, desenvolvida na Universidade de Oxford; a chinesa Coronavac, feita em parceria entre o Instituto Butantan com a chinesa Sinovac; além da Janssen-Cilag, da Johnson & Johnson.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou os quatro estudos clínicos de vacinas no Brasil. De acordo com o órgão federal, as pesquisas estão em andamento, e por isso, não é possível fazer previsão sobre quando esses produtos estarão disponíveis à população.
É importante destacar que o papel da Anvisa é técnico e voltado para a validação da segurança e eficácia desses produtos utilizados pela população. A aquisição e distribuição de medicamentos e vacinas não é atribuição da agência, explicou a Anvisa, por meio de nota.
Questionado, o Ministério da Saúde informou que a estratégia da campanha de vacinação contra a Covid-19 vai considerar as 100 milhões de doses e a transferência de tecnologia, disponibilizadas no acordo com a empresa AstraZeneca. A previsão é que o insumo comece a ser entregue a partir de dezembro deste ano para que a vacina comece a chegar à população em janeiro.
O governo federal ressaltou que a distribuição da vacina seguirá os trâmites do que já é praticado nas campanhas de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS): as doses serão enviadas aos estados - que farão a entrega aos municípios de sua respectiva região. Os grupos prioritários para vacinação estão sendo estudados pelo Programa Nacional de Imunizações.
(Os grupos) levarão em conta análises epidemiológicas da situação no país e as evidências científicas disponíveis - considerando também os grupos mais vulneráveis à infecção e complicações da Covid-19. A pasta está atenta aos estudos e a todas as vacinas em desenvolvimento e garante que, assim que tiver acesso à vacina comprovadamente eficaz contra a Covid-19, colocará à disposição dos brasileiros, afirmou, por meio de nota.
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