Atualmente existem muitos testes sorológicos no mercado para a detecção de anticorpos do novo coronavírus no organismo, mas no que depender de pesquisadores da Universidade Federal do Espírito Santo, um novo modelo mais rápido, prático e barato, pode ser apresentado em breve.
O professor do Departamento de Morfologia da UFES e doutor em Biotecnologia, Jairo Oliveira, explicou, em entrevista à Rádio CBN Vitória, na manhã desta quinta-feira (09), que um projeto em desenvolvimento na universidade pode identificar mais rápido se a pessoa teve contato com a Covid-19 e também com maior grau de precisão.
"Temos um grupo de pesquisa que trabalha com sensores de micropoluentes, partículas de pequenos tamanho e de difícil detecção. Logo no começo do ano, quando surgiu a questão do coronavírus, nosso grupo começou a traçar esforços com o grupo do Ifes, que já trabalhava com inteligência artificial e instrumentação analítica, para desenvolver um teste a ser feito no ES, que fosse rápido, confiável e baixo custo de produção, essa era nossa ideia. No último mês conseguimos que o projeto fosse financiado pela Fapes (Fundo de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo) e com edital interno da UFES. Então agora estamos colocando essas ideias em prática", destacou o professor.
Segundo Oliveira, o teste desenvolvido em conjunto no ES é similar aos existentes, porém mostra-se mais preciso. Ele usou o exemplo dos testes de gravidez para elucidar o trabalho que está em fase de pesquisas.
"O que estamos fazendo aqui é um teste sorológico que faz a detecção dos anticorpos, tanto o IGG como o IGM. A grande diferença é porque os testes existentes convencionais, são detectados a olho nu, semelhante aos de gravidez. É basicamente a mesma coisa para a Covid, o que muda são as moléculas de reconhecimento. Nossa ideia é simplificar esse modelo a ponto de torná-lo mais sensível. Aquela linha vermelha que os usuários observam para que ela possa ser visível a olho nu, são necessários cerca de 100 anticorpos do paciente para apresentar uma coloração visível. Há uma necessidade grande de partículas marcadas. Nosso modelo vai demandar menos", salientou o doutor.
Para chegar ao êxito no projeto, Jairo Oliveira explicou que o projeto é desenvolvido pautado no "espelhamento raman" para a detecção de anticorpos de maneira eficiente.
"Um ponto importante a destacar é o tempo rápido de resposta deste teste, que nós estimamos de três a quatro minutos. O nosso projeto de desenvolvimento tem, pelo menos, duas grandes vantagens em relação ao método sorológico convencional. No método sorológico convencional são necessários, pelo menos, duas ou três centenas de anticorpos na amostra para a detecção do vírus. O nosso trabalho é baseado em nanopartículas magnéticas, em que sintetizamos essas partículas em laboratório e usamos o 'espalhamento raman' de superfície. Além disso, uma das vantagens é o ganho de sensibilidade desse método, de forma que nós conseguimos pegar apenas um anticorpo na amostra", disse.
Com o avanço nas pesquisas, o novo teste sorológico pode significar uma diminuição drástica nos valores dos testes em relação aos que já existem no mercado, encontrados a preços médios entre R$ 150,00 e R$ 250,00.
"O nosso método, calculando o dólar a quase R$ 6, está avaliado entre R$ 13,00 e R$ 17,00. O material coletado do paciente é depositado num substrato de vidro e seco, em temperatura ambiente, para ser levado no espectrômetro para verificar o 'espalhamento raman' de superfície. Após a construção do substrato, com apenas 20 microlitros do soro do paciente, sob a lâmina de vidro, será possível realizar a leitura. Assim, é um método mais sensível e que tem menor custo de produção", finalizou, salientando que a grande diferença do teste desenvolvido para os já existentes, é a baixa quantidade de anticorpos necessária para confirmar o contato com o vírus. Enquanto os comercializados precisam de uma média de 100 partículas agentes de defesa, o modelo da UFES necessita apenas de um anticorpo.
Com o desenvolvimento da nova metodologia de detecção, os pesquisadores pretendem encontrar um parceiro comercial para viabilizar a produção e comercialização em larga escala do teste. Entretanto, ainda não há prazo para que o exame capixaba esteja no mercado.
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