A Covid-19 pode causar problemas de saúde persistentes, com efeitos de longo prazo. Não há dados precisos disso no Brasil, mas o Instituto Nacional de Estatísticas britânico (ONS, na sigla em inglês) estima, por exemplo, que cerca de 1,3 milhão de pessoas no Reino Unido tiveram a chamada "Covid longa" , que é quando sintomas duram mais de quatro semanas.
Segundo a doutora em Epidemiologia e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel, essa persistência de alguns sintomas pode acontecer não somente após quadros mais graves, mas também em pessoas que tiveram Covid de forma leve ou moderada. "A gente não sabe dizer por quanto tempo. É sempre importante dizer que estamos estudando, é uma doença nova", destaca.
Esses desconfortos persistentes têm sido chamados de Covid longa. Em estudos já feitos são relatados mais de 200 sintomas por pessoas que tiveram a doença, como dificuldade respiratória, disfunção cognitiva, fadiga, dor de cabeça e perda prolongada de olfato e paladar.
A gravidade dos casos varia, mas alguns infectados ficam impossibilitados de realizar tarefas simples como tomar banho ou lembrar de palavras. Esses sintomas, contudo, também podem ter outras causas.
Ethel Maciel explica que não existe um grupo específico de pessoas que é mais afetado pela Covid longa e diz que essa não é uma característica exclusiva da variante Ômicron. “A gente vê esse sintomas persistentes desde as primeiras infecções, do vírus original a outras variantes.”
A Covid longa não é totalmente compreendida e não há uma definição oficial acordada internacionalmente. Por isso, a mensuração de quão comum ela é ou quais sintomas estão envolvidos variam. Os sintomas duradouros do coronavírus podem incluir:
Ainda não se sabe. Pode ser que a infecção inicial faça com que o sistema imunológico de algumas pessoas fique sobrecarregado, atacando não apenas o vírus, mas seus próprios tecidos.
O próprio vírus entrando e danificando as células pode explicar alguns sintomas como perda de olfato e paladar, enquanto danos aos vasos sanguíneos podem, por exemplo, contribuir para problemas cardíacos e pulmonares.
Outra teoria sugere que fragmentos do vírus podem permanecer no corpo, possivelmente adormecidos, e depois serem reativados.
A vacinação ajuda, antes de tudo, a evitar que as pessoas apresentem sintomas graves da Covid.
Alguns relatórios já sugerem também que as pessoas que foram vacinadas são menos propensas a ter Covid longa. Também pode ser que o imunizante impeça que infecções "se transformem" em Covid longa, mas isso é menos claro.
No momento, não há tratamentos à base de medicamentos comprovados, e o foco principal está no controle dos sintomas e no aumento gradual da atividade.
Estudos sobre a melhor forma de identificar, tratar e melhorar a vida de pessoas com Covid longa estão em andamento.
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