A estrutura do Terminal de Itaparica, em Vila Velha, está com danos e avarias que necessitam de correção imediata. Esta é a conclusão explicitada no relatório realizado pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), obtido com exclusividade pela reportagem da TV Gazeta. O documento mostra diversos problemas, que podem colocar usuários do sistema em risco.
A vistoria, realizada no dia 19 de fevereiro deste ano, mostrou problemas tanto na membrana que cobre o local quanto na estruturação de captação e drenagem de água, além dos cabos de aços e outros elementos metálicos que sustentam toda a cobertura do terminal canela-verde.
O relatório traz fotos que detalham os problemas apresentados no Terminal de Itaparica. Em uma das imagens, o Crea-ES especificou o descolamento do adesivo bem no ponto onde existe a emenda entre as partes da cobertura.
A vistoria ainda encontrou furos e rasgos na membrana. Foi observado pontos de corrosão em parafusos e grampos que travam os cabos de aços que sustentam a cobertura.
Outro problema apresentado pelo Crea-ES é o refletor elétrico fixado próximo a um ponto onde houve um descolamento da emenda, o que pode provocar riscos de contato com a umidade.
Os profissionais da autarquia ainda notaram que existe uma tubulação provisória para escoar a água e o tecido da cobertura está deformado – que representa risco de rompimento.
Ao final do relatório, o Crea-ES orienta que se faça um estudo para avaliar a substituição total ou parcial da cobertura do Terminal de Itaparica para outro material - ou que se mude o desenho da cobertura para que a água da chuva não fique acumulada.
Além disso, o conselho orientou para que se façam estudos para verificar se a lona da cobertura atende aos critérios do projeto e sugeriu que se faça um laudo para provar que a estrutura metálica suporta o peso da água durante as chuvas.
No relatório, o Crea-ES recomenda a necessidade de vistorias contínuas enquanto não houver uma solução definitiva para os problemas identificados no Terminal de Itaparica.
"Existem riscos de acidentes a partir da hora que tivermos excesso de chuvas e permanecer a questão do acúmulo de água. A membrana, da forma que está colocada, aguenta até 5 toneladas de peso. Há necessidade de uma reestruturação de um novo projeto e que se faça uma nova estrutura em termos de drenagem", destacou Jorge Silva, presidente do Crea-ES.
Em nota à reportagem da TV Gazeta, a Companhia Estadual de Transportes Coletivos de Passageiros do Estado do Espírito Santo (Ceturb-ES) disse que vai fazer os reparos necessários na cobertura. A empresa contratada para a reforma do terminal tem 90 dias para terminar e o Governo do Estado vai gastar mais de R$ 2,5 milhões.
A Ceturb-ES informou, ainda, que a parte danificada na última sexta-feira (1), foi recuperada. Disse também que a empresa contratada está preparada para lidar com o acúmulo de água durante o período de manutenção com bombas de sucção e outros equipamentos para escoamento.
Os profissionais estavam trabalhando durante as chuvas, porém a cobertura foi danificada pela ação do usuário. A obra, segundo a companhia, está dentro do prazo de execução e ao término, o acúmulo de água em pontos do terminal será solucionado.
Para Jorge Silva, presidente do Crea-ES, a contratação é para resolver o problema imediato, no entanto, será necessário um novo projeto.
Em nova nota enviada à reportagem de A Gazeta (veja na íntegra abaixo), na tarde desta quinta-feira (7), a Ceturb-ES esclareceu que os apontamentos que estão no relatório divulgado pelo Crea-ESsão os mesmos que já constam no estudo técnico, contratado pela companhia.
"Além dos reparos que estão sendo feitos em toda a estrutura, a Ceturb-ES também fará a licitação para contratar o serviço de manutenção periódica, preventiva e corretiva da cobertura, o que manterá o bom estado das membranas que compõem a estrutura", disse a Ceturb.
Em fevereiro deste ano, o repórter Vinicius Zagoto, de A Gazeta, relembrou a série de problemas apresentados pelo Terminal de Itaparica desde a sua inauguração, em 2021. O local foi fechado em 2018 por problemas no telhado e recebeu investimento de R$ 12 milhões, ganhando a cobertura de lona, que apresentou danos antes mesmo da inauguração e desde então se rompe com frequência.
Na época, uma perícia constatou falha estrutural, principalmente no telhado, o que colocava em risco a segurança de passageiros e trabalhadores. Em dezembro de 2020, durante a instalação, parte das lonas que formam o teto do terminal cedeu, em decorrência do grande volume de chuvas na cidade. Na ocasião, o Departamento de Edificações e Rodovias (DER-ES) alegou que o problema ocorreu porque a cobertura não havia sido totalmente instalada e a membrana (lona) ainda estava sendo tensionada.
Dois meses após a inauguração, a lona da cobertura acumulou água e houve vazamentos. A reportagem entrou em contato com o Departamento de Edificação e Rodovias (DER-ES) para saber sobre as condições da estrutura e resolução dos problemas registrados.
Na época, o órgão respondeu, por nota, dizendo que “a lona que cobre as catracas não têm a mesma composição da lona principal, que cobre o corpo do Terminal, e que uma equipe está avaliando a melhor solução para realocá-la adequadamente”. Lembrou ainda que “mesmo com a grande quantidade de chuva, a lona principal não sofreu nenhum tipo de dano”.
Parte da lona ficou destruída em janeiro de 2023, novamente após episódios de chuva intensa. Um vídeo enviado por um leitor de A Gazeta mostra que a água se acumula sobre uma parte da membrana. A lona não resiste e acaba se rompendo, danificando também um dos letreiros com informações sobre linhas do Sistema Transcol, perto de onde havia passageiros aguardando os ônibus.
Em 2024, a cobertura foi danificada mais uma vez na noite do dia 21 de janeiro devido às fortes chuvas que atingiram o Espírito Santo.
Oito dias depois, a estrutura voltou a apresentar problemas. O acumulado de água formou uma "barriga" na lona que cobre o local, que, mais uma vez, rasgou devido ao peso.
No dia 1º de março, a lona do Terminal de Itaparica, em Vila Velha, apresentou problemas acumulando água e terminou rasgada. Uma "barriga" de água foi formada na cobertura e um usuário do sistema Transcol fez um corte no tecido, rasgando a lona na sequência.
Com informações de Elton Ribeiro, da TV Gazeta
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