A marquise que desabou na madrugada desta quarta-feira (21), no Edifício Jerônimo Monteiro, no Centro de Vitória, apresentava avançado estado de corrosão, acúmulo de resíduos e detritos, umidade e peso excessivo, provocado por camadas adicionais de concreto e outros materiais na laje, segundo constatação preliminar da equipe multidisciplinar do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), que esteve no local.
“Observamos um acúmulo significativo de resíduos e detritos que obstruíram a drenagem das águas da chuva. Garrafas e outros objetos estavam localizados na entrada do sistema de drenagem da marquise, provocando obstrução e causando acúmulo de água”, disse o coordenador da vistoria, engenheiro civil, ambiental e de segurança do trabalho Giuliano Battisti.
Os engenheiros também detectaram um estado de corrosão avançado na armadura de aço da estrutura de concreto armado e importante grau de umidade na marquise, causado por falta de impermeabilização, o que favoreceu a penetração de água na estrutura. “A umidade possibilitou o crescimento de vegetação e musgos na laje da marquise, ocasionando danos a médio e longo prazo à estrutura”, explicou Giuliano Battisti.
Durante a vistoria do Crea-ES, foi constatada, ainda, a necessidade de aumentar a distância de isolamento da área, visto que algumas partes da marquise, que já haviam desabado, poderiam ainda se movimentar atingindo pessoas e veículos. As orientações foram repassadas à Defesa Civil Municipal. O relatório final do Conselho sobre as causas e condições do desabamento será concluído no prazo de 15 dias.
Imagens do sistema de monitoramento mostram o momento em que a marquise do Edifício Jerônimo Monteiro desabou no Centro de Vitória, nas primeiras horas desta quarta-feira (21). No vídeo é possível ver que a estrutura estava com muita água acumulada quando veio abaixo.
O prédio abandonado já foi ocupado pela Caixa Econômica Federal e fica na Avenida Jerônimo Monteiro, próximo à Praça Oito. O espaço foi cedido em 2017 pela União ao Poder Judiciário Estadual. A expectativa era reformar o local para que o espaço recebesse unidades do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).
Conforme apuração da TV Gazeta, ninguém se feriu. Um vigilante estava dentro do imóvel no momento do desabamento. Ele conseguiu sair sem ferimentos e acionou a Defesa Civil. O órgão interditou a estrutura nesta manhã.
Por causa dos escombros que caíram na avenida, uma faixa da Jerônimo Monteiro, em frente ao local, foi isolada pela Guarda de Trânsito de Vitória. Veja abaixo uma foto que mostra com era a marquise antes do desabamento.
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) informou que iniciou a devolução à União do Edifício Jerônimo Monteiro, onde a marquise desabou. O espaço foi cedido ao judiciário capixaba em 2017 e devolvido em 2022, após ficar constatada a inviabilidade de reformar o prédio devido ao alto custo.
"No ano de 2017, a União cedeu a posse do imóvel, mas diante da inviabilidade do custo na utilização e adaptação do imóvel, em 2022, o Tribunal optou por devolvê-lo", destacou o TJES.
"O tribunal informa ainda que, enquanto aguarda as providências para a efetiva devolução, mantém, em tempo integral, equipe de vigilância para evitar possíveis depredações ao bem público", manifestou em nota.
Em 2017, foi iniciado um acordo entre a Superintendência do Patrimônio da União (SPU) e o TJES, para que o espaço abrigasse unidades judiciárias do Fórum de Vitória. A cessão permitiu ao Poder Judiciário Estadual utilizar o imóvel por 20 anos, com a possibilidade de prorrogação por períodos iguais e sucessivos.
Pelo acordo, o Tribunal de Justiça tinha o prazo de dezoito meses para iniciar as obras de adaptação do edifício, e três anos para a conclusão das obras, o que não aconteceu. Somente em 2022, iniciou-se um trabalho de recolhimento de entulhos e limpeza, com a mão de obra de 30 reeducados do sistema prisional.
Segundo o TJES, essa ação de limpeza foi necessária para que o edifício estivesse apto para o início das obras, após os projetos de reforma serem encaminhados ao Departamento de Edificações e de Rodovias (DER-ES), do governo do Estado, que realizaria as intervenções na estrutura.
A iniciativa fazia parte da estratégia do presidente do TJES, desembargador Annibal de Rezende Lima, em 2017, para solucionar os problemas estruturais de dois prédios localizados na região da cidade alta, onde estavam instalados os Fóruns Cível e Criminal de Vitória, que abrigavam mais de quarenta unidades judiciárias.
O presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), o engenheiro Jorge Silva, enviou ainda na manhã desta quarta-feira (21), um ofício à Defesa Municipal de Vitória solicitando que o município vistorie todas as marquises da Capital.
No documento, Jorge Silva alerta que, “diante da emergência ocorrida e do Estado das marquises que existem no município, a medida é extremamente necessária para evitar novos riscos de colapsos dessas estruturas e evitar graves acidentes a vida humana”.
A recomendação do Crea-ES é de que, em caráter de urgência, seja interditado todo imóvel onde for constatado risco de colapso e desabamento de sua marquise, bem como emissão de notificação aos proprietários ou representantes legais para executarem os devidos reparos no sentido de eliminar os riscos constatados nas marquises, sob pena de interdição da edificação.
O Crea-ES se colocou à disposição dos órgãos envolvidos para contribuir no que for necessário dentro de suas atribuições legais e institucionais.
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