Dois dias após a denúncia de A Gazeta sobre uma marquise com buracos e caindo aos pedaços no Centro de Vitória, causando riscos a quem trafega no local, uma equipe multidisciplinar do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) realizou ação fiscal e técnica na estrutura.
Os engenheiros constataram possibilidade de queda da marquise e do reboco do edifício e recomendaram o isolamento da área para evitar possíveis acidentes. Um ofício será enviado para a Prefeitura de Vitória com as observações e recomendações do órgão.
No dia 7 de março, um leitor de A Gazeta denunciou que a marquise, que fica em uma calçada da Avenida Jerônimo Monteiro, uma das principais da região, estava deteriorada. Na tarde de segunda-feira (13), o repórter-fotográfico Fernando Madeira foi ao local e registrou que o problema continuava.
A situação preocupa moradores e pedestres há mais de uma semana, devido às ferragens expostas e aos buracos que a estrutura apresenta.
Segundo o leitor, ele percebeu que a marquise estava irregular há cerca de 15 dias. Ele explicou que o local começou a ser demolido por causa de uma obra, mas que esta foi paralisada. Desde então, a marquise continua sem qualquer tipo de restauro.
Ainda de acordo com Battisti, não é descartado o risco de queda da marquise. “A demolição foi iniciada, mas não concluída. Utilizaram rompedores ou marretas, o que pode ter afetado o engastamento da estrutura de concreto armado, que dá sustentação à marquise. E como o aço da estrutura já se encontra oxidado, o risco de desabamento aumenta. Outro ponto observado foram os fragmentos de concreto pendurados na ferragem e por cima da marquise, que podem cair sobre as pessoas”, explicou o engenheiro do Crea-ES.
Na terça-feira (14), a Prefeitura de Vitória enviou uma nota garantindo que um engenheiro da Defesa Civil Municipal foi ao local. A administração municipal destacou que a avaliação é de que não há risco de queda de partes da marquise sobre pedestres.
Nesta sexta-feira (17), o secretário Municipal de Desenvolvimento da Cidade e Habitação, Luciano Forrechi, informou que ainda não recebeu o documento do Crea-ES com as justificativas para a recomendação. Ele disse que a prefeitura monitora a situação e que, inicialmente, o proprietário vinha se recusando receber a notificação, mas que nesta quinta-feira (16) foi possível notificá-lo.
Com a notificação, ele tem até a próxima terça-feira (21) para começar a demolição da marquise. O secretário disse que o proprietário já tem engenheiro responsável e alvará de demolição.
"Ele já tinha alvará de demolição desde fevereiro. Ele mesmo entrou com processo e pediu demolição, após a própria prefeitura alertá-lo. Depois que emite o alvará de demolição, ele tem um prazo de 90 dias para executar a demolição. Nesse período, é preciso contratar engenheiro e realizar a demolição da maneira correta. Como ele foi notificado nessa quinta, esse prazo termina na próxima terça", explicou o secretário.
Luciano Forrechi garante que a prefeitura realiza fiscalizações nos prédios do Centro de Vitória. Nos últimos 26 meses, mais de 600 notificações dessa natureza e entre outras irregularidades, foram emitidas pela prefeitura.
Além da fiscalização, o secretário garante que a população pode contribuir com esse processo por meio do 156. "Marquises ou reboco de prédio soltando, seja curto ou a longo prazo, a obrigação é do proprietário tomar as providências", garantiu o secretário.
A marquise denunciada fica próximo a um prédio onde em setembro de 2022 ocorreu um acidente durante a demolição de outra marquise. Um trabalhador ficou levemente ferido no ocorrido.
Em entrevista à reportagem de A Gazeta na época do caso, a secretária de Desenvolvimento da Cidade e Habitação de Vitória, Anna Claudia Peyneau, afirmou que o proprietário foi orientado e tinha autorização para demolir apenas a marquise. No entanto, a Prefeitura iria apurar se a estrutura que sofreu o desabamento foi derrubada por acidente ou de forma intencional — o que seria irregular, uma vez que não havia autorização.
De acordo com a Defesa Civil Municipal, o prédio é datado de 1930, mas a marquise foi construída posteriormente à edificação, sem confirmação de quando ocorreu.
Segundo testemunhas, a parte da estrutura que foi ao chão caiu sobre o homem. Ele teve um corte na cabeça, sangrou muito, mas foi socorrido e levado lúcido ao hospital. O camelô foi identificado como Willian Barbosa, de 44 anos. Ele é de Governador Valadares, mas se mudou para o Espírito Santo quando era criança. Ele trabalha há mais de 20 anos como ambulante no Centro.
Na época do caso, o Tenente Pennafort, do Corpo de Bombeiros, disse que aparentemente houve falta de manutenção preventiva no imóvel.
"A estrutura é envelhecida. Eles colocaram as placas da loja tapando a marquise, então não conseguimos ter uma visualização exata da estrutura, mas parece se tratar mesmo de falta de manutenção. O risco foi retirado, que é do restante da marquise vir a cair. A Defesa Civil municipal vai fazer uma avaliação estrutural em toda a edificação, buscando saber se o resto da estrutura está comprometida ou não. Mas, em uma análise preliminar, o risco foi excluído", apontou.
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