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Crea-ES recomenda isolar área com marquise em risco de cair em Vitória

Crea-ES recomenda isolar área com marquise em risco de cair em Vitória

Um ofício com recomendações do órgão foi encaminhado para a Prefeitura de Vitória, que afirma que o proprietário já foi notificado e tem até terça (21) para iniciar demolição

Publicado em 17 de março de 2023 às 13:56

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Marquise com risco de desabamento
Marquise com risco de desabamento em loja de roupas no Centro de Vitória, Avenida Jerônimo Monteiro, ao lado da Drogaria Pacheco. (Fernando Madeira)

Dois dias após a denúncia de A Gazeta sobre uma marquise com buracos e caindo aos pedaços no Centro de Vitória, causando riscos a quem trafega no local, uma equipe multidisciplinar do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) realizou ação fiscal e técnica na estrutura.

Os engenheiros constataram possibilidade de queda da marquise e do reboco do edifício e recomendaram o isolamento da área para evitar possíveis acidentes. Um ofício será enviado para a Prefeitura de Vitória com as observações e recomendações do órgão.

No dia 7 de março, um leitor de A Gazeta denunciou que a marquise, que fica em uma calçada da Avenida Jerônimo Monteiro, uma das principais da região, estava deteriorada. Na tarde de segunda-feira (13), o repórter-fotográfico Fernando Madeira foi ao local e registrou que o problema continuava.

A situação preocupa moradores e pedestres há mais de uma semana, devido às ferragens expostas e aos buracos que a estrutura apresenta. 

Segundo o leitor, ele percebeu que a marquise estava irregular há cerca de 15 dias. Ele explicou que o local começou a ser demolido por causa de uma obra, mas que esta foi paralisada. Desde então, a marquise continua sem qualquer tipo de restauro.

Crea-ES recomenda isolar área com marquise em risco de cair em Vitória
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Estivemos no local e identificamos o risco iminente da fachada cair porque, dos suportes que existiam, ao menos dois já não existem mais, pois o concreto que dava sustentação foi retirado. A estrutura está bastante oxidada

Giuliano Battisti
Gerente de relacionamento institucional do Crea-ES, engenheiro civil e de segurança do trabalho
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Ainda de acordo com Battisti, não é descartado o risco de queda da marquise. “A demolição foi iniciada, mas não concluída. Utilizaram rompedores ou marretas, o que pode ter afetado o engastamento da estrutura de concreto armado, que dá sustentação à marquise. E como o aço da estrutura já se encontra oxidado, o risco de desabamento aumenta. Outro ponto observado foram os fragmentos de concreto pendurados na ferragem e por cima da marquise, que podem cair sobre as pessoas”, explicou o engenheiro do Crea-ES.

O que diz a prefeitura

Na terça-feira (14), a Prefeitura de Vitória enviou uma nota garantindo que um engenheiro da Defesa Civil Municipal foi ao local. A administração municipal destacou que a avaliação é de que não há risco de queda de partes da marquise sobre pedestres.

Nesta sexta-feira (17), o secretário Municipal de Desenvolvimento da Cidade e Habitação, Luciano Forrechi, informou que ainda não recebeu o documento do Crea-ES com as justificativas para a recomendação. Ele disse que a prefeitura monitora a situação e que, inicialmente, o proprietário vinha se recusando receber a notificação, mas que nesta quinta-feira (16) foi possível notificá-lo.

Com a notificação, ele tem até a próxima terça-feira (21) para começar a demolição da marquise. O secretário disse que o proprietário já tem engenheiro responsável e alvará de demolição. 

"Ele já tinha alvará de demolição desde fevereiro. Ele mesmo entrou com processo e pediu demolição, após a própria prefeitura alertá-lo. Depois que emite o alvará de demolição, ele tem um prazo de 90 dias para executar a demolição. Nesse período, é preciso contratar engenheiro e realizar a demolição da maneira correta. Como ele foi notificado nessa quinta, esse prazo termina na próxima terça", explicou o secretário. 

Luciano Forrechi garante que a prefeitura realiza fiscalizações nos prédios do Centro de Vitória. Nos últimos 26 meses, mais de 600 notificações dessa natureza e entre outras irregularidades, foram emitidas pela prefeitura. 

Além da fiscalização, o secretário garante que a população pode contribuir com esse processo por meio do 156.  "Marquises ou reboco de prédio soltando, seja curto ou a longo prazo, a obrigação é do proprietário tomar as providências", garantiu o secretário.

Outros casos

A marquise denunciada fica próximo a um prédio onde em setembro de 2022 ocorreu um acidente durante a demolição de outra marquise. Um trabalhador ficou levemente ferido no ocorrido.

Em entrevista à reportagem de A Gazeta na época do caso, a secretária de Desenvolvimento da Cidade e Habitação de Vitória, Anna Claudia Peyneau, afirmou que o proprietário foi orientado e tinha autorização para demolir apenas a marquise. No entanto, a Prefeitura iria apurar se a estrutura que sofreu o desabamento foi derrubada por acidente ou de forma intencional — o que seria irregular, uma vez que não havia autorização.

Prédio desaba e muda o trânsito no Centro de Vitória(Fernando Madeira )

De acordo com a Defesa Civil Municipal, o prédio é datado de 1930, mas a marquise foi construída posteriormente à edificação, sem confirmação de quando ocorreu.

Segundo testemunhas, a parte da estrutura que foi ao chão caiu sobre o homem. Ele teve um corte na cabeça, sangrou muito, mas foi socorrido e levado lúcido ao hospital. O camelô foi identificado como Willian Barbosa, de 44 anos. Ele é de Governador Valadares, mas se mudou para o Espírito Santo quando era criança. Ele trabalha há mais de 20 anos como ambulante no Centro.

Na época do caso, o Tenente Pennafort, do Corpo de Bombeiros, disse que aparentemente houve falta de manutenção preventiva no imóvel.

"A estrutura é envelhecida. Eles colocaram as placas da loja tapando a marquise, então não conseguimos ter uma visualização exata da estrutura, mas parece se tratar mesmo de falta de manutenção. O risco foi retirado, que é do restante da marquise vir a cair. A Defesa Civil municipal vai fazer uma avaliação estrutural em toda a edificação, buscando saber se o resto da estrutura está comprometida ou não. Mas, em uma análise preliminar, o risco foi excluído", apontou.

Marquise de loja desaba na Praça Oito, no Centro de Vitória(Vitor Jubini)

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