O vazamento de emulsão de óleo em um poço de petróleo no Campo Inhambu, em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, registrado na última quarta-feira (16), contaminou a flora e o curso hídrico que ficam ao redor da área atingida. Foi o que concluiu o relatório preliminar da fiscalização técnica e fiscal multidisciplinar do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES), divulgado neste sábado (26).
De acordo com o presidente do Crea-ES, o engenheiro Jorge Silva, a área impactada pelo vazamento, que, incialmente, era de 1.500 metros quadrados, já ultrapassa 58 mil metros quadrados. "A quantidade de vazamento de emulsão de água e óleo divulgada também é muito superior aos 9 mil litros, chegando até o momento a 28 mil litros derramados”, afirmou.
Na última segunda-feira (21), durante uma vistoria no local, profissionais do Crea-ES constataram que houve falhas mecânicas e técnicas no local. Ainda conforme a entidade, a empresa responsável pela perfuração – cujo nome não foi informado – não possui registro no Conselho, o que deve resultar em autuação e multa – os valores não foram informados.
“Já há evidências de que houve falhas mecânicas e técnicas. Também identificamos que a empresa que foi responsável pela perfuração do poço não está registrada no Crea-ES, o que acarretará autuação e multa. Solicitamos oficialmente à empresa responsável pela operação no local, todos os documentos fiscais e técnicos, inclusive o plano de emergência e o plano de recuperação diária relacionados ao evento”, disse o presidente do Crea-ES.
Engenheiros ambientais, geólogos, agrônomos, químicos, técnicos de segurança do trabalho, mecânicos, civis, eletricistas, técnicos em meio ambiente e tecnólogos em saneamento ambiental realizaram levantamentos por drones, análises da vegetação, dos resíduos encontrados nos cursos hídricos e coletaram amostras de material que foram encaminhadas para o laboratório de análises da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).
Os especialistas do Crea-ES também constataram que, vizinho à área de exploração do poço, encontra-se o Córrego Santa Rita, afluente do Córrego do Macaco, que possui função fundamental para o desenvolvimento das atividades agrícolas e pecuária presentes na região.
O Crea-ES enviou um ofício nesta sexta-feira (25) à empresa Seacrest - responsável pela operação no local -, solicitando a apresentação de documentos técnicos e esclarecimentos sobre o incidente. “Estamos solicitando a empresa que nos encaminhe no prazo de quinze dias estudos complementares e planos de investigação de contaminação, além da realização de análises ambientais nas áreas impactadas pelo derramamento de óleo”, concluiu Jorge Silva.
O mesmo documento foi direcionado ao Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Espírito Santo (Idaf).
A Seacrest Petróleo, empresa responsável pela operação no local, foi procurada no sábado (26) para comentar o assunto e ainda não se pronunciou sobre o caso.
O Iema e o Idaf foram demandados pela reportagem de A Gazeta. Assim que houver retorno, o texto será atualizado. A Gazeta também deixa em aberto este espaço para um posicionamento da empresa responsável pela perfuração – cujo nome não foi divulgado -, e que deve ser multada pelo Conselho.
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