Na manhã desta segunda-feira (8), uma equipe do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado do Espírito Santo (CREA-ES) esteve no Terminal de Itaparica, em Vila Velha, para verificar problemas após as chuvas deste domingo (7) e encontrou furos na lona que deveria proteger os usuários do terminal da chuva e do sol forte.
As poças de água que se formaram no Terminal de Itaparica são resultado de um problema nos coletores de água da chuva. De acordo com o Departamento de Edificações e de Rodovias do Espírito Santo (DER-ES), responsável pela construção do terminal, em cima de cada pilar do local há um cone que funciona como coletor de água. Esses cones não foram vedados corretamente, o que acabou por provocar os vazamentos. No entanto, esse não foi o único problema encontrado pela equipe do Crea no local.
De acordo com o engenheiro civil e gerente do Crea-ES, Giuliano Battisti, além do alagamento no piso e das frestas existentes nos cones que deveriam armazenar a água da chuva, há goteiras na parte central da lona que cobre o terminal.
"O papel da membrana (lona) é ser impermeável para conduzir essa água de chuva, e também proteção ao sol, para os usuários do terminal. Pelo que eu verifiquei no projeto, ela tem que ter proteção ultravioleta para não se desintegrar com o tempo. Previsão de 25 anos de uso. A função dela é captar essa água de chuva e direcionar para esses cones invertidos e depois para o sistema de drenagem municipal. Contudo, ela está com várias frestas, vários espaços, e essa água está gotejando, passando por ali e afetando tanto o piso quanto os pilares", explicou Battisti.
Ainda segundo Battisti, dentro dos cones responsáveis pela captação de água da chuva há refletores de energia, o que exige cuidado. Além disso, ainda não é possível saber se há algum excesso de água dentro dos cones, o que poderia aumentar o peso da estrutura.
"Existe a questão elétrica envolvida. Nesses cones invertidos existe a instalação dos refletores, essa água em contato com a eletricidade pode conduzir à corrente elétrica. Temos também o fato de que esses cones são fixados aí e a gente não consegue ver como está a fixação por trás, não dá para saber se tem água empoçada em algum deles, e isso poderia aumentar a carga, o peso dele, e ceder. Tem que verificar com calma", avaliou o gerente do Crea-ES.
Em nota, o Crea-ES informou que irregularidades e falhas na execução do projeto foram encontradas em análise preliminar, sendo que os fatores associados, além de expor as estruturas físicas à corrosão e à deterioração, também colocam em risco os usuários do Terminal de Itaparica, por estarem sujeitos a escorregões em pisos molhados e choques elétricos.
Além disso, o Conselho entendeu pela necessidade imediata de reparos no local para evitar danos maiores à população, já tendo, inclusive, requisitado às empresas responsáveis pela elaboração e execução da obra, os projetos com as devidas Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs), os comprovantes de registro e visto no Conselho, além de justificativas relacionadas às falhas encontradas. O Crea também afirmou que já está em contato com o DER solicitando providências para a resolução do problema.
O DER-ES enviou uma nota à TV Gazeta em que informa que não há vazamento na membrana da cobertura do Terminal, entretanto, foi constatado um problema na captação da água dos cones que captam a água da chuva, o que causou o vazamento. "O DER informa que já acionou a empresa que realizou a obra para executar os reparos necessários", finaliza a nota.
O Terminal de Itaparica, entregue em 2009, custou R$ 12 milhões aos cofres públicos. Em julho de 2018, o terminal foi interditado após uma vistoria encontrar irregularidades na estrutura que ameaçavam a segurança dos passageiros. Na época, cerca de 45 mil pessoas passavam pelo local diariamente, nas 33 linhas de ônibus que paravam ali.
Com a interdição, as linhas tiveram de ser transferidas para outros terminais, o que causou transtorno para os usuários. O prazo prometido de entrega da estrutura reformada era em 2019, mas o prazo foi adiado por duas vezes. O antigo teto foi demolido ainda em novembro de 2019, a pedido do Instituto de Obras Públicas do Espírito Santo, após consulta com um perito.
O projeto era colocar lonas tensionadas para maior conforto térmico e proteção em épocas de chuva. Mais de um ano depois, em dezembro de 2020, essa cobertura que estava sendo instalada cedeu com o acúmulo de água da chuva. Após dois anos de obras, no dia 22 de janeiro de 2021, o governo inaugurou a nova estrutura.
O Crea-ES enviou novas informações sobre a vistoria. O texto foi atualizado.
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