O Hotel Infantil Colinho de Maria, onde um menino de um ano e nove meses foi encontrado desacordado dentro de uma piscina na tarde de quarta-feira (18), no bairro Abelardo Machado, em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, já estava sob investigação da Polícia Civil e do Ministério Público do Espírito Santo (MPES) desde o dia 8 de agosto. Na ocasião, foi aberto um inquérito civil para apurar denúncias de maus-tratos no estabelecimento. A criança permanece internada em estado crítico em um hospital da cidade.
A TV Gazeta Sul apurou com o proprietário do hotel infantil, que não teve o nome divulgado, que o espaço de recreação para as crianças funciona na parte cima do imóvel, onde havia brinquedos e trabalhos feitos pelas crianças.
No andar térreo é onde ocorreu o fato. O dono do hotel infantil não quis gravar entrevista, mas contou que alguém esqueceu de trancar o cadeado do portão da área que dá acesso à piscina. O local, segundo ele, costuma ser utilizado pelas crianças e famílias aos fins de semana.
Ainda segundo a versão do proprietário, com o cadeado destrancado, o menino acessou o local e caiu na água. A criança foi encontrada boiando só um tempo depois, quando alguém viu a cena. O dono do hotel informou que fez os primeiros socorros, a criança chegou a tossir, mas os lábios ainda estavam roxos. Ele encaminhou a criança para o Hospital Infantil Francisco de Assis (Hifa), no município.
Procurada, a Polícia Militar informou que foi acionada, na tarde de quarta-feira (18), para ir ao hospital no bairro Aquidaban, em Cachoeiro de Itapemirim, verificar a informação de que uma criança teria dado entrada na unidade, vítima de afogamento. Na unidade, o pai do menino, um policial militar, disse que recebeu um telefonema informando que o filho, de um ano e meio, havia sido encontrado desacordado na piscina de um hotel infantil, e que a criança já tinha sido levada ao hospital pelo dono do estabelecimento, em estado grave.
Na manhã desta quinta-feira (19), a Prefeitura de Cachoeiro anunciou a interdição do hotel infantil localizado na cidade, por meio da Vigilância Sanitária. Em nota, a prefeitura esclareceu: “Verificou-se, junto à Vigilância Sanitária, que há uma condicionante expressa que proíbe o acesso e a utilização da área da piscina, conforme declaração da proprietária”.
Segundo a prefeitura, durante uma vistoria realizada na manhã de quarta-feira (18), com o objetivo de renovar o Alvará Provisório do estabelecimento, os agentes da Vigilância Sanitária alertaram a administração do hotel sobre o que chamaram de “situação crítica da piscina, que permanecia com restrições para a realização de atividades”.
Quanto ao estado de saúde do menino, a Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim informou que ele foi internado na tarde de quarta-feira (18) "em razão do afogamento, apresentando estado grave e tendo sofrido uma parada cardiorrespiratória, necessitando de sedação. O menino chegou em estado hipotérmico, bradicárdico, com cianose nas extremidades, pouco reativo, hipocorado e em grave estado geral. Evoluiu com uma parada cardiorrespiratória de 12 minutos, necessitando de medicação vasoativa, sedação e bloqueadores”, detalhou a prefeitura, por nota.
Procurada por A Gazeta, a Polícia Civil informou que recebeu uma denúncia anônima, encaminhada pelo Ministério Público à Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente e ao Idoso (DPCAI) de Cachoeiro de Itapemirim, de possíveis maus-tratos praticados pelo Hotelzinho. A polícia informou que o caso foi enviada ao setor de investigação para apuração e está em andamento. “Ambas as situações, possíveis maus-tratos e o afogamento, estão sendo investigadas”, comunicou a polícia.
O Ministério Público informou que lamenta os fatos ocorridos e que já havia instaurado inquérito civil para apurar situação de risco, relacionada a maus-tratos, vivenciada por crianças no local. O MP detalhou que pediu à Prefeitura de Cachoeiro e ao Conselho Tutelar “a adoção de providências urgentes, como fiscalizações no local”.
O Ministério Público detalhou que ouviu pais de alunos e uma ex-funcionária do estabelecimento e ouvirá, ainda, o representante legal do estabelecimento. O MP também comunicou ter notificado a Delegacia de Proteção à Criança, Adolescente e Idoso de Cachoeiro de Itapemirim (DPCAI-CI) “para realizar a apuração dos fatos”. Esclareceu ainda que “por envolver crianças, a investigação tramita em sigilo”, e que “diante do caso ocorrido na quarta-feira (18), o MPES aguarda informações requisitadas ao hospital onde a vítima se encontra, para a adoção das demais providências cabíveis”.
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