Um estudo preliminar do Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) pode resultar na adoção de novos protocolos pelo Estado, no que tange ao tratamento de pacientes infectados pelo novo coronavírus. Divulgado na tarde desta sexta-feira (10), o levantamento sugere que o tratamento precoce reduz drasticamente o número de óbitos da pandemia.
Presidente do órgão, o médico Celso Murad apresentou a situação observada no Pará, onde a quantidade de mortes registradas durante um período de cinco dias caiu de 393 no início de maio, para apenas oito no início deste mês. A princípio, a causa dessa melhora seria a medicação usada nas pessoas, assim que estas apresentaram os primeiros sintomas.
Em outras palavras, o estudo preliminar sugere que o uso de remédios com ação antiviral, mesmo antes da confirmação da Covid-19 por meio de testes, pode ser benéfico. Entre os medicamentos que poderiam ser usados nesse tratamento precoce estão alguns já conhecidos, como a cloroquina e a ivermectina.
No entanto, por enquanto, nada muda. "Cada caso precisa ser analisado individualmente e os médicos seguem com autonomia para prescreverem aquilo que julgarem mais adequado, desde que alertem os pacientes de todos os potenciais riscos e benefícios do medicamento. Sempre funcionou desta forma, desde o início da pandemia", explicou Murad.
Além da possibilidade de diminuir os casos graves da Covid-19 e o número de óbitos, o tratamento precoce teria um custo baixo diante das demais alternativas existentes atualmente, de acordo com o médico. "Um esquema terapêutico desse custa cerca de R$ 50 para o Estado. Já promessas de remédios e vacinas poderiam custar muito mais caro", disse.
No entanto, mesmo antes de adotar o protocolo que prevê a prescrição de remédios no início da doença, o presidente do CRM-ES alertou que o Espírito Santo sofre com o desabastecimento. "O Estado permite a adoção de todos os previstos, mas os médicos reclamam sobre a dificuldade no acesso, seja na rede pública ou privada", revelou.
Por o protocolo incluir medicamentos que já foram alvo de polêmicas no país, Celso Murad defendeu que não é momento de politização. "A sociedade moderna tem um poder de consensualização muito pequeno. Se polarizaram as posições e ser a favor de um remédio virou quase uma questão política. Não é assim que funciona. Se nos dividirmos agora, não resolveremos nada", afirmou.
Na próxima quinta-feira (16), o Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo tem uma reunião marcada com o secretário Nésio Fernandes, que está à frente da Secretaria Estadual de Saúde (Sesa). A expectativa do presidente do órgão é que, até a data, análises mais aprofundadas tenham sido feitas e a discussão da possível adoção de novos protocolos já possa ser iniciada.
"Nós vamos apresentar esse protocolo dentro de uma discussão mais ampla, acrescentar estudos de outros lugares e dados estatísticos. Cada cidade está fazendo o seguindo o próprio protocolo, o nosso objetivo é tentar unificá-los com uma medida mais ampla, mais segura e de custo mais baixo", adiantou Celso Murad.
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