Quem passa pela Praia de Camburi, em Vitória, na altura do Clube dos Oficiais, se depara com 543 cruzes fixadas na areia. Trata-se de uma intervenção urbana realizada pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran|ES), para lembrar a quantidade de mortes no trânsito no Espírito Santo, de janeiro a agosto deste ano. A ação, que faz parte das atividades da Semana Nacional de Trânsito, acontece desde domingo (24) e segue até quinta-feira (28).
Segundo o Detran|ES, o objetivo da ação é sensibilizar a sociedade, levando à reflexão sobre as escolhas feitas no trânsito e, dessa forma, reduzir as mortes no trânsito. Além das cruzes, foi colocado também uma espécie de “tambor” com itens que, pelo seu uso ou falta do uso, podem ter sido as causas dos acidentes que ocasionaram a perda dessas vidas, como cadeirinha, bebidas alcoólicas, celular, excesso de velocidade, entre outros.
Conforme o relatório do Observatório de Segurança Pública do Espírito Santo, 543 pessoas morreram no Estado em decorrência de acidentes no trânsito nos sete primeiros meses de 2023. Desse total, 263 eram motociclistas. Além disso, os dados mostram que Serra, Vila Velha, Linhares, São Mateus e Colatina são os municípios que lideram o ranking e que a maioria dos acidentes fatais ocorreu nos fins de semana.
O diretor-geral do Detran|ES, Givaldo Vieira, salientou que, alinhada ao tema da campanha da Semana Nacional de Trânsito, esta intervenção tem objetivo de mostrar para a sociedade capixaba que passar pelo local, e também por meio da repercussão nos veículos de imprensa, o quão importante são as nossas escolhas no trânsito.
“A escolha errada é a responsável pela maioria dessas mortes. Sejam escolhas feitas por quem estava conduzindo um veículo, que não obedeceu aos limites de velocidade, ou a escolha do pedestre, que optou por não usar a faixa. Não adianta mudar regras de trânsito, melhorar tecnologia de segurança dos automóveis, investimentos em sinalização, fiscalização e educação no trânsito. São as escolhas, a conduta humana, os determinantes no trânsito”, afirmou Givaldo Vieira.
Morador de Jardim da Penha, Miguel Carvalho se emocionou com a intervenção e disse que perdeu um amigo em um grave acidente de trânsito. Ele andou entre as cruzes, parou e fez uma oração em memória das pessoas que morreram em acidentes de trânsito.
Para Lino Viana, outro morador de Jardim da Penha, ações como auxílio preventivo aos acidentes de trânsito são importantes de serem realizadas. “Assim como existem as campanhas de vacinação e de prevenção às doenças, vejo essas ações como medidas importantes e que tem o objetivo de salvar vidas no trânsito. É uma maneira de chamar o cidadão para a realidade, para repensar sobre sua responsabilidade e suas atitudes”, disse.
Já o morador da Mata da Praia, Ari Pereira Mota, habilitado há mais de 50 anos, destacou a importância de ações educativas. “A gente (população) precisa sempre ser lembrado de que não está sozinho no trânsito, que devemos pensar no coletivo. Ver esse volume de cruzes, saber que cada uma representa uma pessoa é desconfortável e chocante”, disse.
Perto das cruzes e dos itens relacionados ao trânsito, está afixado um totem explicativo que a pessoa pode acessar, por meio de um leitor de QR Code, com o vídeo da campanha publicitária do Detran|ES sobre a Semana Nacional de Trânsito, que tem como tema “No trânsito, escolha a vida”.
A Semana Nacional de Trânsito acontece todo ano entre 18 e 25 de setembro. O objetivo da é conscientizar a sociedade, com vistas à internalização de valores que contribuam para a criação de um ambiente favorável ao entendimento de seu compromisso com a “valorização da vida”, focando no desenvolvimento de valores, posturas e atitudes, no sentido de garantir o direito de ir e vir dos cidadãos.
Ao longo da semana, além desta intervenção urbana, o Detran|ES realizou ações educativas com foco na diminuição dos acidentes de trânsito, como blitz educativas e Curso de Formação em Educação de Trânsito para os servidores do órgão.
CARLA NIGRO é aluna do 26º Curso de Residência em Jornalismo. Este conteúdo teve orientação e edição da editora Wanessa Camargo.
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