A cada saída do hospital de pacientes que haviam sido infectados pelo coronavírus, a sensação da equipe é de uma batalha vencida. A vitória é celebrada com balões, manifestações de incentivo, aplausos. Do outro lado, os curados cultivam o sentimento de gratidão por terem superado os momentos difíceis provocados pela Covid-19 e, além do desejo de retomar o convívio com a família e amigos, querem espalhar mensagens de agradecimento aos profissionais de Saúde que lhes dedicaram cuidado.
A aposentada Ana de Souza Nonato, de 63 anos, passou 19 dias internada no Hospital Dr. Jayme Santos Neves, na Serra, parte deles na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) devido à gravidade do seu caso. A nora Osana Alvarenga de Oliveira, 28, conta que, em diversos momentos, a família pensou que ela não fosse resistir à doença.
"Mas, com o trabalho dos médicos e enfermeiros, minha sogra foi melhorando aos pouquinhos e, agora, já está em casa e estamos todos felizes", ressalta a jovem, que até preparou um bolo e levou para a equipe do hospital para agradecer.
Ainda em recuperação, Ana Nonato gravou um áudio de sua casa, ressaltando que foi muito bem cuidada durante a sua internação. Na gravação, a aposentada diz que a equipe é maravilhosa. "Eu estou muito bem, graças a Deus! E que Deus continue abençoando o trabalho deles, que zelaram tanto por mim. Estou muito feliz e agradecida de ter saído viva do hospital."
Após 46 dias de internação, o técnico de instrumentação Marcos José Cardoso, 52 anos, sem comorbidades e com hábitos saudáveis, também está em processo de recuperação em casa e diz que foi surpreendido com a gravidade do seu quadro.
"A situação da Covid foi totalmente fora da curva, nunca tinha vivido nada parecido com isso. Tive trombose nas duas pernas, endocardite, a máquina teve que trabalhar 100% pelos meus pulmões. Os médicos disseram que minha situação era para lá de crítica. Mas a equipe que me atendeu foi muito boa e consegui me recuperar", ressalta.
Marcos Cardoso agradece a cada oração que recebeu, em especial das casas espíritas da sua comunidade, porém não tem dúvidas de que o trabalho dos profissionais de saúde foi fundamental para que pudesse superar um dos momentos mais difíceis da sua vida.
"Tenho muito a agradecer porque fizeram uma grande diferença durante o tempo em que fiquei internado. Enfermeiros, médicos, todos que estão lá têm uma atenção diferenciada, transmitem calor humano. Que eles sempre sejam iluminados e continuem com esse trabalho", declara o instrumentador, que apenas não redigiu uma mensagem porque, ainda em decorrência da Covid-19, tem dificuldades para segurar uma caneta e escrever.
Depois de tudo o que passou, Marcos Cardoso ainda faz um alerta: "Pelo amor de Deus, se protejam, usem máscara. Não queiram nunca se contaminar com essa doença porque ela é grave e pode matar."
Gratidão é também o que move a pediatra intensivista Denise Maria Nicola, 56 anos. Acostumada à rotina da terapia intensiva como médica, se viu em uma condição de vulnerabilidade inesperada. Passou 30 dias na UTI, ficou intubada, teve parada respiratória. "Se não fosse o cuidado que tiveram comigo, tenho certeza que não teria sobrevivido", ressalta.
Denise conta que estava em um plantão quando começou a apresentar os primeiros sintomas de desconforto respiratório. Fez uma tomografia e o exame indicava 5% de comprometimento do pulmão. Começou o tratamento com remédios, mas, em apenas quatro dias, seu quadro evoluiu com bastante gravidade, e os pulmões já estavam praticamente tomados. Da consulta foi direto para a UTI.
"O tratamento que recebi vai além da relação médico-paciente. Ficamos isolados e isso dá uma tristeza grande, mas a humanização com que estão tratando os pacientes da Covid, o carinho, nos dão um conforto. Até a moça da higienização, que me viu chorando, disse que iria fazer uma oração para mim. E isso não era só comigo, que sou médica da rede (Meridional), era com todo mundo", valoriza Denise.
Após o período de internação, do qual saiu há poucos dias, Denise afirma que, se Deus lhe deu uma nova oportunidade, vai cuidar bem de si mesma, da sua saúde, para que possa também continuar se dedicando à saúde das outras pessoas.
Os primeiros dias da internação da professora aposentada Valéria Côrtes Trancoso, 51 anos, foram muito complicados, com episódios de falta de ar e dores fortes no peito. "Achava que eu iria morrer", lembra. Na madrugada de 24 para 25 de maio, segundo ela, foi o momento mais difícil e acreditava que o fim estava próximo.
Valéria estava tão debilitada que mal conseguia se mexer na cama. Foi, então, que sentiu o toque da enfermeira em seu braço, perguntando se queria comer. "Eu não conseguia me alimentar e ela deu comida na minha boca. Não vou esquecer nunca dessa atitude. A gente só fica pensando em coisa negativa, e esse apoio é muito importante," reconhece.
Para a professora, que é do grupo de risco por estar em tratamento contra um câncer, a sua recuperação é um milagre de Deus operado pelas mãos dos profissionais de saúde.
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