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Curados de Covid-19 podem doar sangue, explica especialista

Curados de Covid-19 podem doar sangue, explica especialista

Queda de doadores foi de 40% desde o início da pandemia, deixando o banco de sangue quase vazio. Quem teve infecção por coronavírus também pode doar

Publicado em 23 de junho de 2020 às 16:12

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Hemoes faz apelo por doações de sangue no ES durante a pandemia
Hemoes faz apelo por doações de sangue no ES durante a pandemia. (Divulgação | Sesa)

A pandemia do novo coronavírus trouxe um drama para quem depende ou precisa receber doação sangue com urgência. O estoque do banco de sangue no Espírito Santo foi prejudicado com a redução em 40% do número de doadores, por isso o apelo por doações é estendido até para quem já teve a Covid-19. 

A diretora-geral do Hemocentro do Estado do Espírito Santo (Hemoes), Marcela Murad, explica que quem já foi infectado com coronavírus pode doar sangue, basta que a coleta ocorra 30 dias depois da cura da doença."Após esse prazo, a pessoa que já foi diagnosticada positivamente já pode doar. Estudos mostram que, após esse período,  não há mais transmissibilidade do vírus", detalha Marcela, acrescentando que o órgão não realiza testes de Covid-19 nos candidatos à doação. 

A diretora-técnica do Hemoes e reumatologista, Rachel Lacourt, explicou que nenhum estudo aponta que o vírus seja transmissível pelo sangue. A recomendação de aguardar por 30 dias, após ser positivado em teste do novo coronavírus, é uma medida que não foi feita pelo Ministério da Saúde.

“Não tem nenhuma comprovação que seja transmissível pelo sangue e não faz parte do rol de testes sorológicos que são realizados, como a Zica. São testados hepatites B e C, citomegalovírus (vírus que pode infectar diversos órgãos), sífiles, HIV, HPTV e Doenças de Chagas”, explicou.

Rachel Lacourt deu detalhes sobre o porquê dessa não transmissão. “Doenças que precisam de um ciclo de transmissão e infecção não repassam na transfusão de sangue. O vírus depois de coletado o sangue não resiste ao processamento, pois precisa estar em um organismo vivo. A doação de sangue é um processo rigoroso e criterioso, pois o sangue tem que ser seguro tanto para o doador quanto para o receptor”, afirma.

Marcela afirma que o estoque atual está no nível mínimo no Hemoes. Se antes da pandemia, por mês, eram 140 bolsas do tipo O + de sangue, por exemplo,  agora são apenas 30 bolsas do mesmo tipo sanguíneo. Cada bolsa de sangue pode vir a salvar até quatro vidas, porém alguns tipos de sangue estão com estoques zerados. 

A diretora-geral do Hemoes disse que os doadores frequentes deixaram de ir às unidades de coleta, após as orientações de isolamento e distanciamento social, com receio de contaminação pelo novo coronavírus.  

"A epidemia existe e muitas pessoas estão internadas. Porém, outras doenças continuam a existir, cirurgias a serem realizadas, acidentes acontecendo e doenças crônicas, como leucemia e outros cânceres, que também precisam de sangue. Nossa maior preocupação é que faltem os hemonutrientes que veem das bolsas doadas. As pessoas que precisam desses hemocomponentes não deixaram de existir, por isso a doação é extremamente necessária", observa Marcela.

Mas ela explica que os locais de coleta mudaram também o protocolo de higienização e fornecimento de equipamento de proteção individual, tanto para funcionários como para os voluntários. Inclusive, as coletas estão sendo realizadas em horários marcados para evitar aglomerações. 

"É uma ação solidária, é compartilhar o que temos de tão valioso e que não existe substituto. Vamos prezar pelo altruísmo e apoiar os que mais necessitam", completou Marcela. 

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