Para proporcionar um ritmo de estudos e motivar os candidatos ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) neste período em que as aulas presenciais estão suspensas por causa do novo coronavírus, os cursos preparatórios para o exame estão organizando plataformas digitais de ensino, aulas on-line e a distribuição de conteúdo e atividades por e-mail. A aplicação das provas impressas e digitais, previstas para novembro, foi adiadas pelo Governo Federal nesta quarta-feira (20).
A AfirmAção Rede de Cursinhos Populares é um movimento social que oferece aulas gratuitas em sete bairros da Grande Vitória. O coordenador do projeto é o professor Lula Rocha. Ao longo de quatro anos ele vem contando com o apoio de professores voluntários e a utilização de espaços públicos para reunir os alunos. Neste ano, por conta da pandemia, 250 pessoas foram matriculadas e estão recebendo conteúdo pela internet.
Os núcleos do projeto estão instalados nos bairros Itararé e São Pedro (Vitória), Jardim Carapina e Serra Sede (Serra), Rio Marinho e Santana (Cariacica) e Santa Rita (Vila Velha). A maioria do público é formada por adolescentes e jovens de bairros periféricos que têm dificuldade de acesso à internet, não têm computador e, em alguns casos, não têm sequer alimentação em casa.
Eles têm acesso à plataforma de Ensino a Distância e vamos começar as aulas on-line a partir deste sábado. Fizemos um esforço para colocar os cursinhos na ativa este ano por conta de tudo isso e sentimos muita dificuldade. Alguns alunos não tinham o que comer dentro de casa. Fizemos uma campanha de cestas básicas e de produtos de higiene para doação, explicou Lula.
Para o coordenador, o adiamento do Enem proposto pelo Governo Federal não atende às expectativas dos estudantes. Na avaliação dele, a nova data deve ser definida após a readequação dos calendários das redes públicas estaduais. Com média de 600 alunos matriculados por ano, o AfirmAção já aprovou cerca de 40 candidatos em universidades públicas ou em instituições particulares com o auxílio de bolsa de estudo.
É incabível pensar a manutenção do Enem nessas condições. O estudante terá três prejuízos. O primeiro é a dificuldade material, do ponto de vista de conseguir a subsistência. Como se preparar para o Enem não tendo o que comer em casa? O segundo é aula presencial. A internet não atinge a todos. E também a questão psicológica. A saúde mental dos estudantes está abalada. Há muita angústia e incerteza, ponderou Lula.
A equipe da Pré-Enem Atitude também está elaborando uma plataforma de assistência on-line aos estudantes que farão o Enem. O coordenador das atividades, Luciano Dantas Leite, diz que 300 alunos estão matriculados neste ano. Segundo ele, a maioria não tem estrutura para estudar em casa. Atualmente, eles enviam aulas gravadas e disponibilizam conteúdos de ensino através da internet.
O adiamento do Enem é necessário, porque ,se fosse mantido, poderia prejudicar muitos alunos, pois nem todos estão em pé de igualdade para competir. A gente não sabe se apenas um mês faria diferença. Há uma discussão se é melhor fazer dois no ano que vem, de repente, um em julho e outro em novembro, até regularizar os calendários escolares, sugeriu.
O secretário de Estado da Educação (Sedu), Vitor de Angelo, informou que a Sedu tem disponibilizado, no site da secretaria e no Programa Escolar, uma série de links que levam os alunos a conteúdos voltados especificamente para a preparação do exame. "Além disso, nós temos também disponibilizado através de campanhas de comunicação uma série de indicações de como os alunos podem se organizar com vistas aos estudos e preparação do Enem, destacou.
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